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Novas referências para uma visão renovada do Brasil, de nossa cidade e nossa região

30 de Dezembro de 2014, por José Venâncio de Resende

Belmonte, terra de Cabral, poderá ser o elo entre Minas Gerais (Brasil) e Galiza e Olivença (Espanha).

Viver fora do Brasil, ainda que parte do ano, nos proporciona um distanciamento confortável para acompanhar o cotidiano do País.

Ao mesmo tempo, acentua a sensação de insegurança, especialmente nas grandes cidades brasileiras. Muitos dizem que não temos guerras, terremotos, tsunamis, tornados… Mas se esquecem de que as milhares de mortes provocadas por uma violência sem limites são equivalentes a uma espécie de guerra civil permanente.

Acentua a nossa intolerância contra a inflação alta. A maior perversidade da inflação, tolerada pelo governo em patamares elevados, é que come, de maneira perceptível, parte considerável dos valores mensais dos menores salários e rendimentos.

Acentua a certeza de que é preciso exercer um combate sem tréguas contra a corrupção. A corrupção é um câncer que corrói as entranhas do Estado, ao desviar recursos públicos de suas funções essenciais e aumentar os custos (e afetar a qualidade) dos serviços públicos. Atingiu tal proporção em termos globais que recentemente, num congresso de juízes em Portugal, um magistrado chegou a afirmar que o século 21 será a vez do poder judiciário.

Acentua a nossa crença de que o Brasil precisa urgentemente de uma reforma política com “p” maiúsculo. Implantação do sistema distrital e do voto livre, fim do horário político “gratuito” na TV e moralização do sistema de financiamento de campanhas políticas podem contribuir para baixar o custo das campanhas eleitorais.

Acentua a convicção de que não existe outro caminho que não o de investir forte na educação e eliminar as amarras (burocrática e tributária) ao empreendedorismo. Afinal, é sempre bom lembrar que o Estado nada produz; quem produz riqueza são os empreendedores e seus empregados qualificados; o Estado beneficia-se deste resultado na forma de tributos, que deve aplicar de maneira justa, austera e sensata em benefício dos cidadãos, e não da máquina pública esfomeada.

Acentua o nosso sonho de uma guinada na diplomacia comercial brasileira. O País precisa assinar acordos comerciais bilaterais (com Estados Unidos, União Europeia, países do Pacífico etc.) para se integrar nas grande cadeias produtivas mundiais e aumentar o fluxo de mercadorias industrializadas que geram mais emprego e renda.

Acentua a nossa crença de que é preciso preservar o que ainda resta da floresta amazônica para o bem não apenas dos brasileiros mas também da própria humanidade. Os reservatórios vazios e risco de maior escassez de água e energia estão aí para se contrapor ao discurso de alguns de que o mundo desenvolvido destruiu tudo e agora quer nos impor a manutenção intacta das florestas.

Além de observar o Brasil de posição privilegiada, desenvolvi o meu trabalho de colaborador do Jornal das Lajes em Lisboa. Muita gente, certamente, deve perguntar: que interesse tem Portugal para um jornal de uma cidade pequena como Resende Costa? Eu responderia tranquilamente que tem tudo a ver. Afinal, Resende Costa já é conhecida nacionalmente, mundialmente, e o Jornal das Lajes faz parte deste processo; hoje, reforçado pela internet e, em particular, pelas redes sociais.

Nunca é demais lembrar que a globalização acabou por valorizar o local e o regional. A presença permanente na internet e, em particular, nas redes sociais propaga as “marcas” do jornal, da cidade e da região no vasto mundo da língua portuguesa. Este é um fenômeno que os próprios empresários (artesãos, industriais e comerciantes) deveriam levar em conta.

Destaco, neste período em Lisboa, a descoberta de movimentos sociais pelo fortalecimento da língua portuguesa no Estado da Galiza (berço do nosso idioma) e em Olivença (“cidade portuguesa” no Estado da Extremadura), ambas na Espanha, cujas reportagens estão publicadas no site do Jornal das Lajes. A este movimento está associado o crescente interesse de aproximação dessas regiões com os países que falam o português, em especial o Brasil, o que pode abrir uma enorme perspectiva em termos cultural e comercial.

Outra descoberta fantástica foi a cidade de Belmonte, terra de Pedro Álvares Cabral e uma das mais antigas comunidades judaicas de Portugal (ver reportagem no site do Jornal das Lajes). O jornalista e coordenador do Gabinete e Museu Judaico, José Levy Domingos, e outras lideranças locais estão buscando viabilizar um acordo de cooperação entre Portugal e Brasil, que estimule o fluxo cultural, econômico-social e turístico tendo Belmonte como centro de atração.

Quem sabe em futuro próximo possam ocorrer não apenas atividades literárias, intercâmbio cultural, visitas aos monumentos históricos e apreciação da gastronomia dos dois países como também exposição de artesanato das várias regiões brasileiras, inclusive de Resende Costa, no Museu dos Descobrimentos de Belmonte?

Isto é apenas uma pequena amostra de que o potencial de aproximação entre cidades, regiões e países é uma árvore que pode gerar muitos frutos. O estreitamento de vínculos entre países e povos deve estar permanentemente no nosso radar.

Aproveito para desejar um ano de 2015 repleto de novas oportunidades e realizações para todos.   

Comentários

  • Author

    reduzir a representação nas câmaras e assembleias a partidos com um mínimo de representatividade eleitoral.
    é pro aí. parabéns.


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