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O dia em que me tornei candidato “verde” a prefeito

11 de Julho de 2024, por José Venâncio de Resende

Parque de energia solar.

Qualquer semelhança é mera ficção!

Decidi tornar-me candidato a prefeito de uma pequena cidade do interior com um programa de governo inteiramente sustentável, cuja marca seria “cidade verde” e um exemplo para outros municípios. Meu propósito é direcionar todo o esforço na busca de emendas parlamentares, e de outras ferramentas financeiras, que possibilitem viabilizar um vasto programa. Também estão no meu radar parcerias com os municípios vizinhos e com os poderes públicos estadual e federal, bem como com a sociedade civil (associações, cooperativas, igrejas etc.).

Em caso de vitória, escolhida a equipe de trabalho, minha primeira medida será elaborar um plano diretor que tenha como linha mestra a sustentabilidade, nos ambientes urbano e rural. Deve abraçar as várias áreas como gestão pública, mobilidade, infraestrutura, mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, tratamento do lixo, conservação da água, educação, cultura e saúde.

Assim, uma proposta é “zerar” o custo de energia da administração pública municipal. Para isso, pretendo instalar um parque fotovoltaico capaz de abastecer de energia solar a iluminação pública (na cidade e nos aglomerados urbanos da zona rural) e os prédios públicos municipais, bem como obter a autorização do Estado para estender a medida aos próprios estaduais como escolas, delegacia, presídio etc.. Também é meu desejo criar incentivos para inundar a paisagem (residências, prédios comerciais, fábricas e fazendas) de paineis solares.  

Para alcançar a mobilidade sustentável, minha ideia é tirar os veículos pesados, inclusive ônibus, do centro da cidade, criando um anel rodoviário por onde possam trafegar, e implantar um sistema de transporte urbano com microônibus, vans e utilitários movidos a combustíveis verdes (eletricidade, biodiesel, biogás, etanol, hidrogênio). Da mesma forma, no transporte escolar, é utilizar veículos movidos a energia verde. E ainda criar um sistema de ciclovias para estimular o uso de bicicletas.

O transporte sustentável seria estendido ao sistema de coleta do lixo, que passaria a utilizar veículos movidos a combustíveis verdes. Da mesma forma, pretendo implantar um complexo reunindo usina de triagem e compostagem (UTC) e aterro sanitário. Além disso, haverá um sistema para recolher o metano, que é um gás oriundo da decomposição da matéria orgânica. Esse biogás será utilizado nas cozinhas das escolas em substituição ao gás de cozinha, que tem sua origem no petróleo.

A propósito, um objetivo é melhorar a coleta seletiva do lixo, para maximizar a sua utilidade, promovendo a educação ambiental na própria comunidade. Aliás, a educação ambiental nas escolas será um dos carros-chefes desse programa. A disciplina passará a ser obrigatória nas escolas municipais, inclusive com aulas práticas e lição de casa junto aos pais, e, em parceria, nas escolas estaduais. Os alunos, assim como os aposentados, fariam parte de um corpo de voluntários para ajudar a administração municipal a informar e conscientizar os cidadãos da gravidade da crise climática e da importância de fazermos a nossa parte, por menor que seja.

A crescente escassez de água também será enfrentada com diferentes iniciativas. Uma delas é a criação de um programa municipal de proteção das nascentes, principalmente urbanas, envolvendo parceiros como associações e cooperativas, bem como cidadãos que queiram adotar uma mina ou fonte de água. Outra medida seria “importar” tecnologias disponíveis de reciclagem e reuso de águas residuais ou de esgoto; e ainda estimular o aproveitamento da água das chuvas.

Para enfrentar as crescentes e irreversíveis ondas de calor, a proposta é plantar árvores em praças, parques e todos os espaços disponíveis da cidade, e inclusive tetos verdes e jardins verticais, bem como criar áreas de resfriamento (inclusive em praças) e estimular o aproveitamento de espaços públicos como igrejas, bibliotecas e outros locais onde se possa esconder do sol nos afazeres do cotidiano que impliquem sair à rua. Outra ideia seria orientar o comércio e os serviços a adotarem um novo horário, com o alargamento da hora de almoço, a exemplo da tradicional sesta espanhola.

Na infraestrutura urbana, meu plano é substituir o asfalto das ruas e estradas, bem como pisos de passeios e praças, por calçamento ecológico (mais permeável), buscando as melhores opções no mercado (bloquetes, paralelepípedos,  piso drenante, asfalto-borracha, bioasfalto, calçada portuguesa etc.). Também pretendo mudar a orientação para aprovar novas construções, de maneira que sejam sustentáveis. Para isso, usaria não apenas o rigor na aprovação da planta como também o incentivo fiscal para a utilização de material ecológico (tijolo, adobe, madeira certificada etc.), energia solar e muita área verde, além de um sistema de ventilação o mais natural possível.

Também pretendo criar um programa municipal de neutralização do carbono. A ideia é buscar meios de orientar e estimular os cidadãos que utilizam veículos poluidores (gasolina e diesel), sejam carros de passeio, de transporte de mercadorias e matérias-primas e mesmo máquinas agrícolas, a medir as suas emissões de carbono de maneira a se criar um projeto municipal de compra créditos de carbono para compensar a poluição gerada.

Na área cultural, estímulo a concursos de redação, poesia e vídeos e a peças teatrais que tenham como pano de fundo a crise climática e práticas ambientais que possam mitigá-la e tornar mais saudável a vida em comunidade. Da mesma forma, criar na biblioteca municipal uma seção de livros nacionais e internacionais relativos ao tema, para adultos e crianças, e divulgar essas publicações nas escolas e na comunidade em geral para que possam acompanhar o que está acontecendo no mundo.

Uma palavra final é destinada à prevenção contra os (e ao tratamento dos) efeitos das mudanças climáticas na saúde dos cidadãos (aumento da mortalidade e das doenças relacionadas com o calor, entre outros). O sistema de saúde municipal será orientado, inclusive com cursos de capacitação, no sentido de prevenir, mas também de detectar, estes efeitos e encaminhar para o tratamento necessário.  

É um programa de fôlego que certamente precisará de continuidade por parte das administrações posteriores. Meu desejo é que o município se torne uma vitrine para todo o país e que estimule o “turismo verde”, inclusive de grupos organizados de escolas.   

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