Final de ano é época de desejar feliz ano novo. No apagar das luzes de 2015, vamos ter de fazer um esforço hercúleo para cumprir a tradição.
Se formos levar ao pé da letra o que dizem os especialistas em economia, não temos razões para comemorar com champanhe e fogos a entrada de um novo e promissor ano… Mas simplesmente despedir com um “já vai tarde” do velho e desastroso ano.
As previsões indicam que 2016 não será melhor do que ano que vai embora. Desemprego elevado, inflação nas alturas, cidadãos e famílias endividados, serviços públicos como o de saúde caindo pelas tabelas, contas do governo arrombadas etc. etc.
É aí que mora o perigo!
A substituição de Joaquim Levy – guardião da austeridade – pelo petista de carteirinha Nelson Barbosa – o homem das pedaladas – foi a senha dada pelo governo de que o populismo fiscal pode voltar à tona. A proposta de ajuste fiscal pelo corte de despesas nem entrou em vigor e já se pensa em, mais uma vez, usar o Estado para estimular a gastança. Pelo menos é isso que o ex-presidente Lula e seus aliados querem a todo custo.
Esquecem que a história só se repete como farsa!
O governo petista de Lula/Dilma é um saco sem fundo – quanto mais receita de impostos recebe, mais gasta. Em geral, são despesas com o aparelhamento do Estado – empreguismo de companheiros e de aliados, dinheiro barato para os amigos (empresários, artistas, movimentos sociais atrelados ao PT etc.), financiamento ao consumismo, obras públicas superfaturadas e desvio de dinheiro público para políticos e partidos etc.
Não resta opção ao Banco Central a manter os juros altos. Não será surpresa se a taxa básica de juros voltar a subir em 2016, para além dos atuais 14,25%.
Ao dar posse ao novo ministro da Fazenda, a presidente Dilma Rousseff fez um discurso no mínimo contraditório. Disse que o governo pretende ao mesmo tempo manter a austeridade e estimular a volta do crescimento econômico. Equação difícil de fechar, considerando uma economia em recessão com inflação na casa dos dois dígitos.
As contas estão desequilibradas e o governo não consegue tapar o buraco pelo lado do enxugamento das despesas dados os compromissos assumidos. Mas não podemos engolir este discurso de que não há espaço para cortar despesas. O que existe é uma questão de prioridades equivocadas.
Vejam o caso da saúde pública. Estou de pleno acordo com o vereador paulistano Gilberto Natalini (PV), ao comentar no facebook o caos em que se encontra o SUS e os hospitais/unidades públicos Brasil afora. Para ele, jogaram a saúde no lixo para justificar a aprovação pelo Congresso Nacional da volta da famigerada CPMF (imposto sobre transações financeiras que pesa no bolso das pessoas e aumenta em cascata o custo das cadeias de produção).
Podem ter certeza de uma coisa. Se ressuscitarem a CPMF, a receita do imposto será desviada para outros setores (inclusive para cobrir o rombo das contas do governo), em geral ligados a interesses político partidários, e os problemas da saúde pública vão continuar como dantes no quartel de Abrantes.
É uma total falta de bom senso aumentar impostos quando a economia está em recessão e a inflação na casa dos dois dígitos. Vejam o caso de Minas Gerais que já tem uma das maiores alíquotas de ICMS e que, a partir de Janeiro de 2016, vai cobrar mais imposto de vários setores, inclusive o da energia elétrica. Um aumento aqui, outro ali, e a carga tributária brasileira – um desestímulo à produção – vai ficando insuportável.
O governo, de um lado, inibe os investimentos na produção com mais impostos e, de outro, não gera excedentes para investimentos públicos em infraestrutura na medida em que gasta toda a receita de impostos com a voracidade da máquina pública.
A maior dificuldade é que o Brasil vive duas crises – a política e a econômica – que estão imbricadas e se alimentam mutuamente. E mais: uma crise de duas faces, a estrutural (de longo prazo) e a conjuntural.
Em reportagem - de balanço de fim de ano e perspectivas do novo ano – que estou elaborando para o Jornal das Lajes (https://www.facebook.com/jornaldaslajes/?fref=ts), ouvi de vários empresários que, enquanto não se resolver o impasse político de governabilidade, não haverá solução para a crise política. Infelizmente, o buraco é mais embaixo.
O País virou uma nau desgovernada onde cada um dos seus responsáveis está cuidando de salvar a própria pele, não importa o que esteja acontecendo com os passageiros sob seu comando. Se o presente é um mar de dificuldades, imaginem o que se está plantado para colher no futuro!
Um feliz 2016! Dentro do possível…