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Rota Lisboa (2/2021): Pandemia, máscaras, armas e vacinas

15 de Fevereiro de 2021, por José Venâncio de Resende

Carnaval ou coronavírus? (Foto: revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios)

Este ano, as máscaras carnavalescas foram substituídas por máscaras anti-coronavírus. Mas, se não há blocos nem escolas de samba, as aglomerações continuam principalmente em praias, bares clandestinos e sítios. E o Brasil continua em posição desconfortável (9,8 milhões de casos) no ranking mundial da pandemia, que soma o recorde de quase 300 mil novos casos a cada dia.

Por aqui, chega a notícia de que o Brasil alcançou a maior média de mortes (1.105) por semana, desde o início da pandemia. Enquanto isso, o presidente Bolsonaro comemora os decretos que facilitam a compra de armas por cidadãos nacionais. A arma da vacinação continua chegando a estados e municípios em ritmo lento, por falta de vacinas. E pelo visto, só depois do carnaval que não houve, será aprovado o novo auxílio emergencial, que deverá ficar em 250 reais por mês em três parcelas – a partir de junho, só Deus sabe.

Europa

Na Europa, os países continuam em confinamento e com restrições nas fronteiras para conter a terceira onda da pandemia, e a vacinação continua a conta-gotas devido à oferta insuficiente dos imunizantes. A região aspira tornar-se o primeiro continente em produção de vacinas em 18 meses, mas por enquanto tem de se contentar com as três vacinas aprovadas (mais duas nas próximas semanas) e com o reforço das fábricas na Europa e na Suíça, segundo o comissário europeu Thierry Breton.

Portugal vive a pior fase da pandemia, mas começa a mostrar sinais de alívio -  depois do pico de 12.778 casos na média em final de janeiro, caiu para a média de 3.636 casos em 12 de fevereiro; o número de mortes que estava entre 200 e 300 no seu pior momento caiu para menos de 200 embora continue elevado; e os cuidados intensivos nos hospitais permanecem sobrecarregados, sendo os últimos indicadores a baixarem.

Embora em curva descendente, Portugal ainda continua no topo pelos piores motivos: 1.190 casos por 100 mil habitantes em 14 dias, seguido da República Checa (915) e de Espanha (843), para a média europeia de 359 casos. Para o futuro, enquanto a vacina não atende o esperado, a ordem é aumentar a capacidade de testagem, rastrear ao máximo os contatos e isolar os infectados. Só assim será possível pensar em retomar segurança a economia.

Enquanto isso, a Comissão Europeia começa a estudar medidas para reduzir as restrições a viagens e estimular o turismo no próximo verão, como certificado de imunidade ao coronavírus e teste rápido. Em outras palavras, garantir que os viajantes não sejam portadores do vírus.

Bem à frente da União Europeia, o Reino Unido comemora a vacinação de 15 milhões (ou 22%) dos britânicos, as pessoas mais vulneráveis, com a primeira dose. Com a vacinação e a queda drástica nas taxas de infecções, hospitalizações e mortes, o governo britânico já fala em aliviar as medidas de confinamento, em vigor desde o início de janeiro.

Exportador de nova variante do vírus até 70% mais mortal, a Inglaterra inicia hoje uma quarentena para passageiros de 33 países, entre eles Brasil, Portugal e África do Sul, na tentativa de barrar a entrada de novas variantes mais infecciosas como as de Manaus e da África do Sul. Só entram no país os cidadãos britânicos e residentes; antes de voltar para suas casas passarão 10 dias fechados num hotel perto do aeroporto e pagarão por isso quase 2000 euros mais os custos de dois testes covid e refeições em regime de takeaway.

Estados Unidos

Apesar da idade, Joe Biden é o presidente americano mais rápido em tomar decisões nos primeiros dias de governo, comparado aos anteriores, de acordo com levantamento do analista global Paulo Portas, da TVI portruguesa. Ações que vão desde a gestão da pandemia (aceleração da vacinação e anúncio de plano fiscal de US$ 1,9 trilhão para recuperar a economia) até ações que revertem decisões do antecessor sobre alterações climáticas, imigração e política internacional, como retorno ao acordo do clima e à OMS, fim da construção do muro na fronteira com o México, mudança nas regras de entrada de imigrantes e renovação por cinco anos do tratado de desarmamento nuclear com a Rússia.

A parte ruim, embora não tenha havido surpresa, foi que o Senado rejeitou, pela segunda vez, o impeachment de Donald Trump. O ex-presidente era acusado de incitamento à invasão do Capitólio, em 6 de janeiro, por parte de seus apoiadores, que ameaçaram membros do Congresso, inclusive republicanos, reunidos para formalizar a vitória de Biden nas eleições de novembro. Com 57 votos a favor e 43 contra a absolvição, os demecratas não conseguiram a maioria de dois terços necessária, o que deixa o caminho livre para Trump continuar na vida política e inclusive se candidatar de novo. Ele já se manifestou: O nosso movimento histórico, patriótico e belo ainda só começou.

O curioso é que, mesmo republicanos que votaram contra o impeachment, reconheceram a culpa de Trump na invasão do Capitólio. O líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, votou pela absolvição, embora tenha considerado o ex-presidente culpado pela “incitação à insurreição. Resta saber qual será o futuro do Partido Republicano, dividido entre os trumpistas e os que rejeitam o populismo do ex-presidente.  

 

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