Voltar a todos os posts

ROTA LISBOA (4) Jovens voltam à luta por um mundo melhor

28 de Setembro de 2020, por José Venâncio de Resende

A cantora luso-inglesa Mia Rose, inspirada por Greta, em protesto no Ártico (foto: Greenpeace)

Muita gente, inclusive jovens, pensa que as alterações climáticas são muito mais graves do que a pandemia. Parece óbvio, mas não para todo mundo, uma vez que há muitos céticos em relação à crise ambiental espalhados pelo planeta.

A conceituada revista Nature, em sua edição semanal de 24/09, tem como destaque de capa o título “Point of no return”, o que coloca mais combustível nesta fogueira. O estudo assinado pelos cientistas Ricarda Winkelmann e seus colegas mostra quão vulnerável é a camada de gelo do Antártico frente às mudanças climáticas.

De acordo com a pesquisa, como o clima da Terra torna-se mais quente, a camada de gelo torna-se progressivamente mais sensível a dada quantidade de aquecimento. Os cientistas que assinam o artigo alertam que, quanto mais conhecemos a Antártica, mais sombrias se tornam as previsões.

Os autores avisam que, mesmo que sejam cumpridos os objetivos do Acordo de Paris, o nível da água do mar irá subir 2,5 metros até o final do século devido ao desgelo do Antártico. Se os limites estabelecidos no Acordo de Paris não forem atingidos, a contribuição da Antártica no longo prazo para os níveis do mar vai aumentar dramaticamente e vai ficar próximo do impossível de reverter.

Não é mera coincidência que as “greves” climáticas estudantis das sextas-feiras tenham voltado às ruas de milhares de cidades do mundo todo no último dia 25. O movimento, liderado pela ativista sueca Greta Thunberg, passa a chamar-se “Mobilização Climática” e pretende alcançar todos os setores da sociedade civil.

Os jovens querem utilizar estas jornadas de sexta-feira pela emergência climática para exigir medidas concretas (mais e modernas ferrovias, mais energias limpas, mais medidas contra a degradação ambiental, mais produção sustentável) e ao mesmo tempo estimular a mudança a partir de casa (menos consumo de proteína animal, menos uso de lixo descartável como plásticos etc.), por acreditarem que a pandemia não desacelerou os impactos sobre a sustentabilidade do planeta.

Pelo contrário, até piorou a situação na medida em que surgiu um novo tipo de lixo, as máscaras descartáveis, cada vez mais presente nas ruas e praças das cidades.

Referendos na Itália e na Suíça

Tem sido muito comemorado o referendo recente (20 e 21 de setembro), que, por maioria de 70% dos italianos, reduziu o número de parlamentares por mais de um terço. Assim, a Câmara dos Deputados passa a ter 400 membros (abaixo dos 630 anteriores), enquanto o Senado terá 200 membros (abaixo dos 315 anteriores). A reforma ainda limitou em cinco o número dessa figura estranha chamada “senador vitalício”, nomeado pelo presidente da República.

A nova lei, a partir do referendo proposto pelo Movimento 5 Estrelas, deverá ter efeito depois da próxima eleição geral, prevista para ocorrer até 2023. Mas a proposta tem dois problemas: não reduz os altos salários e vantagens dos parlamentares italianos nem resolve a duplicidade de funções da Câmara dos Deputados e do Senado.

Na Suíça, a intolerância contra a migração acaba de ser derrotada pela maioria dos cidadãos. Nas urnas, disseram “não” às intenções do Partido Suíço das Pessoas (SPV) de impor a limitação de imigrantes europeus, que atualmente representam cerca de 25% da força de trabalho do país. Como se sabe, a Suíça não faz parte da União Europeia e o SVP, partido de direita, tem a maior representação no parlamento.

Dessa forma, será mantido o acordo bilateral entre a Suíça e a União Europeia que permite a livre circulação de pessoas. Prevê-se que a migração contribua para aumentar a população da Suíça, dos atuais 8,6 milhões, para cerca de 10 milhões de habitantes, ao longo dos próximos 30 anos.

 

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário