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Rota Lisboa (4/2021): De armas e livros

30 de Junho de 2021, por José Venâncio de Resende

Alguns livros doados à Biblioteca Municipal de Resende Costa.

Acabo de ter um grande dissabor com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Algumas semanas depois do envio de um pacote de livros (Lucrécia Bórgia: A Princesa do Vaticano, de C. W. Gortner, e O Egipto, de Eça de Queirós) de Portugal para o Brasil, a Biblioteca Municipal de Resende recebeu, em 16 de junho, um aviso da estatal: “Sua encomenda, referenciada acima (UA0058445573PT), encontra-se no Centro Internacional dos Correios e, para liberá-la, é necessário que você realize o pagamento do Serviço de Despacho Postal”.

Mas, como? Não se trata de “encomenda” nem de mercadoria importada. Ao despachar o envelope em 05/05/2021, na forma de doação, paguei o valor de 15,79 euros, o que equivale a R$ 93,55 (conversão em 30 de junho).

Inconformado, reclamei ao “Fale Conosco” da estatal (protocolo 142095352) e, pelo visto, fizeram ouvidos de mercador, a julgar pela resposta: “Caro Cliente! Como o prazo para o pagamento do despacho postal expirou, a encomenda em questão, encontra-se em processo de devolução ao país de origem. Nessas circunstâncias, não há possibilidade de resgate do objeto”.

Não satisfeito, acionei a Ouvidoria da estatal, tendo minha demanda sido acatada no dia 29 de junho. Mas não alimento muita esperança quanto ao destino desta correspondência, especificamente, pois temo que, a esta altura, ela já esteja em trânsito de volta ao remetente em Lisboa. 

Há algum tempo encaminho livros, a título de doação, para a Biblioteca Municipal de Resende Costa, minha cidade natal. E nunca tive problema com as remessas anteriores. Em meio a este “incidente de percurso”, nova remessa de livros já estava a caminho do Brasil. Em alguns dias, saberemos se o ocorrido foi uma “barbeiragem” ou se a prática de cobrar doações de livros no destino veio para ficar. 

Em caso de se confirmar a segunda opção, aí então saberemos que terá sido implantado de vez no Brasil a política de valorizar mais as armas do que os livros, mais o militarismo do que a cultura. 

Texto de 30/06/2021

        
    

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