Noite dessas, ao passar por uma rua mal iluminada ao lado do cemitério, fui atacado por três cachorros – inclusive levei uma dentada na perna de um deles - que, tudo indica, não tem donos. Outro dia, seis e meia da manhã, cruzei com um “bando” de cachorros, uns dez, fazendo a maior algazarra na rua do bairro.
Não sei ao certo, mas acredito que esta invasão de cachorros é um problema que importuna a cidade inteira. “Tem cachorro de Lafaiete, tem cachorro de Lagoa Dourada, tem cachorro de tudo quanto é lugar”, definiu bem meu primo Zé da tia Alice. Uma afirmação, que pode conter uma informação valiosa do que anda ocorrendo nas ruas de Resende Costa.
Estes acontecimentos me fizeram retroceder no tempo, quando alguns anos atrás eu passava o Natal em Bariloche (Argentina). Chamou minha atenção a quantidade de cachorros idosos que perambulavam pelas ruas, em busca de alguma comida. No restaurante onde jantávamos (um grupo de brasileiros), os simpáticos e bonitos cachorros circulavam entre os turistas na esperança de que pudessem participar da ceia de Natal, ainda que marginalmente.
Voltando mais ainda no tempo, na época de criança, os meninos de minha rua divertiam-se com a chegada, a cada ano, de homens, portando espingardas, para matar “cachorros zangados” no antigo campo do Varginha. Sabíamos que nos dias seguintes iríamos assistir ao espetáculo de urubus invadindo o pasto onde jaziam estendidos os animais, até que sobrassem expostos apenas os esqueletos.
Não quero aqui ser radical ao ponto de defender “pena de morte” para os - ou “vacinação fatal” (à base do tiro) dos - cachorros abandonados pelas ruas da cidade. Mas bem que o poder público e alguma organização não-governamental (protetora dos animais) poderiam tomar alguma providência para nos livrar deste incômodo.