Lembro-me de ter escrito na edição 74 deste jornal, em junho de 2009, um texto sob o título “Resende Costa: terra de sacerdotes”. Partindo do padre Sílvio Chaves (ordenado na década de 30) até hoje, consegui contar 34 sacerdotes, ou seja, uma média de 4,5 sacerdotes por década. Uma média alta para aqueles tempos, em uma cidade ainda pequena. Curiosamente, nas décadas de 50 e 60, o seminário salesiano de São João del-Rei acolhia dezenas de seminaristas resende-costenses, talvez o maior grupo da redondeza. A maioria deles eram, na verdade, “empurrados” pelos pais, interessados nos estudos de seus filhos, gratuitos para a maioria. Se não me engano, dessa época apenas um chegou a se ordenar sacerdote: o padre Lauro Geraldo de Resende Pinto (padre Laurinho, já falecido).
Provavelmente a década de 50 tenha sido a mais fértil em ordenações sacerdotais. Ordenaram-se nesse período os padres Antenor Resende, Francisco David Resende, Diniz José da Silva, Ézio de Melo Daher, Josué Francisco da Natividade, José Hugo de Resende Maia, Antônio das Mercês Gomes, Francisco Ribeiro da Silva (tio da Meirinha do doutor Luís), Wander Francisco de Paula Silva (irmão do padre Josué), Hamilton José da Silva e José Antônio Resende de Mendonça. Entre todos esses, em sua maioria salesianos, talvez o mais antigo seja o padre Josué.
O padre Josué Francisco da Natividade nasceu em Resende Costa, no dia 31 de outubro de 1931. Filho de José Francisco de Paula e dona Francisca Augusta de Paula. Teve como irmãos o Jair, o Wander (que também foi padre), a Eni, a Francisca e a Margarida (esposa do Tarcísio Resende Pinto).
Aos 14 anos ele já se preparava para ingressar na carreira sacerdotal. Foi para o seminário salesiano de Lavrinhas (SP), em 1936. Em 1940 entrou oficialmente na Congregação Salesiana, professando seus votos religiosos ao final do “noviciado”, em São Paulo (bairro do Ipiranga). De 1941 a 1943, fez o curso de filosofia em Lorena (SP). Conforme as normas dos salesianos, os candidatos ao sacerdócio, antes dos quatro anos de teologia, passavam por um período de três anos de provação, chamado “tirocínio” ou “assistência”, ao final do qual faziam os votos perpétuos. Nesse período trabalhavam como educadores e professores nos colégios da congregação. O ainda “clérigo” Josué cumpriu essa etapa de 1944 a 1946, em um dos mais antigos e importantes colégios salesianos do Brasil, o famoso Liceu Coração de Jesus, situado no coração de São Paulo, quase ao lado do antigo palácio do governo paulista, o Palácio dos Campos Elíseos.
Encerrou sua formação sacerdotal realizando o curso de teologia, também em São Paulo, no Instituto Teológico Pio XI, situado no alto do bairro da Lapa, onde até hoje funciona como teologado dos salesianos.
Finalmente, chegou o momento de sua ordenação sacerdotal, que aconteceu também em São Paulo, na igreja salesiana de Nossa Senhora Auxiliadora (bairro do Bom Retiro), no dia oito de dezembro de 1950. Ainda neste mês ele veio celebrar, com seus conterrâneos e com muita festa, sua primeira Missa (Missa nova), em sua terra natal.
Como sacerdote, o padre Josué passou por diversos colégios e obras dos salesianos, cumprindo suas funções de educador e de professor: Pará de Minas, Colégio Santa Rosa de Niterói, colégio salesiano do Riachuelo (Rio de Janeiro), colégio de Araxá e, finalmente, retornou a Niterói em 1957, onde está até hoje. São 54 anos no Santa Rosa, a tal ponto que ele tornou-se uma figura emblemática daquele colégio e de sua comunidade salesiana. E passou a ser chamado e conhecido como “padre Joso”.
Em sua vida de educador e professor, padre Joso dedicou-se ao ensino de português, francês e religião. Tornou-se um grande conhecedor e mestre da língua portuguesa e, paralelamente, um exímio e eloquente orador e pregador. Como sacerdote, desenvolveu inúmeras atividades de assistência religiosa em bairros de Niterói.
Em 1984 participou da criação do “Memorial Histórico do Colégio Santa Rosa”, para o qual contribuiu com um vasto acervo de documentos e registros por ele colecionados ao longo dos anos anteriores. Em 2000, organizou o “Museu do Monumento”, no ano da comemoração de seu centenário. Trata-se de um grandioso monumento à Nossa Senhora Auxiliadora, situado nas escarpas da serra atrás do Santa Rosa. Subindo pela sua escadaria interna até o seu topo, aos pés da imagem, tem-se uma vista espetacular da Baia da Guanabara e, ao fundo, do Rio de Janeiro.
Coroando toda essa história de trabalho e de dedicação à Congregação Salesiana e aos seus assistidos, rodeado de seus muitos amigos, o padre Joso comemorou festivamente a bela idade de 90 anos no dia 31 de outubro do ano passado.
O Jornal das Lajes congratula-se com essa data e tem também o prazer de prestar esta homenagem ao seu ilustre conterrâneo, o qual se tornou, de há tempos, um seu leitor assíduo, além de um incentivador e divulgador do jornal em Niterói.
Padre Josué, resende-costense, festeja seus 90 anos
10 de Janeiro de 2012, por Rosalvo Pinto
Marcelo Câmara - 11/07/2013
Rosalvo, quem lhe escreve é o seu amigo e colega de Senado Federal Marcelo Câmara. Fui aluno e grande amigo do Padre Josué no Colégio Salesiano Santa Rosa, em Niterói. Escreva-me: [email protected] website: www.ilhaverde.net
Abraço do Marcelo.