Embora relativamente poucas pessoas ou famílias se mudem de Resende Costa, é possível dizer que há resende-costenses espalhados por este brasilzão afora. Ultimamente é mais comum termos mais imigrantes do que emigrantes.
Na região do Planalto Central de Goiás e do Distrito Federal temos antigos conterrâneos. Refiro-me àqueles que se mudaram com familiares e por lá ficaram. Talvez os mais antigos, todos oriundos do Ribeirão, tenham sido o Geraldo Nascimento, casado com dona Dalila, o Geraldo dos Santos (Dico), casado com dona Maria Madalena (falecida) e seu irmão José Antônio Nazareth da Silva. Saindo do Ribeirão e passando por Presidente Epitácio, SP, esses pioneiros foram para Brasília em fins dos anos 50 e início dos 60, e aí se fixaram. Outro resende-costense que há anos se fixou na capital foi o José Antônio, filho do Chiquito do Fumal e de dona Norvinda Chaves. Também viraram goianos a Alessandra e o Guto, filhos da Maria Melo, bem como o Arnaldo Mendes Correa, assinante do JL e sobrinho da dona Dulce Mendes.
Mas é em Silvânia, a 80 km de Goiânia, que temos uma verdadeira colônia de “lagartixas” e de “gabirobas” (como são conhecidos na região os resende-costenses e os ritapolitanos, antigos santa-ritenses, quando Ritápolis se chamava Santa Rita do Rio Abaixo).
Nessa região há marcas da colonização portuguesa desde inícios do sec. 18. Tal como em Minas, lá também ocorreu, em menor escala, um ciclo do ouro. E como Ouro Preto, lá também nasceu uma vila importante, a Vila Boa, fundada pelo famoso Anhanguera, hoje Cidade de Goiás, conhecida como “Goiás Velho”. Vale a pena visitá-la, um encanto, a cidade da doce Cora Coralina. Foi sede do governo colonial na província de Goiás e a capital do estado até a inauguração, em 1937, da nova capital, Goiânia. Findo o ciclo do ouro, a região passou décadas de dificuldades e marasmo, reerguendo-se muito mais tarde através do agronegócio. O clima, a terra e o relevo fazem de Goiás um estado progressista, um dos celeiros do Brasil. E os goianos são gratos ao presidente Juscelino Kubitschek: ao levar a capital do Brasil para o planalto goiano, deixou um legado de desenvolvimento para toda a região.
Silvânia é uma cidade interessante. Inicialmente chamada Bonfim, mas em decorrência de lutas políticas, o clã “Silva” chegou ao poder e impôs, em 1943, o novo nome de “Silvânia”. Com seus 20 mil habitantes, faz parte de um polo de desenvolvimento agropecuário. Por essa razão, atraiu pessoas de outras regiões do Brasil e até do exterior. Isso explica a ida de famílias da Restinga e de Resende Costa, em meados do século passado, atraídas pelas terras boas e pelo ciclo desenvolvimentista.
Mas vamos aos pioneiros de nossa região que se mudaram para Silvânia.
O João Antônio Neves, casado com Maria Ivone Neves Pinto (a Ivone, filha do meu tio Saneco, irmã do Dinho e do Mazinho) foi um dos primeiros a se mudar da Restinga para Silvânia, em 1962, juntamente com seus irmãos José Tiago Neves (Zezé Mineiro ou Zé Duque, casado com dona Albertina do Coração de Jesus) e Antônio Rosário Neves (casado com Estelita Neves).
Nascidas na Restinga foram também para Silvânia Maria Augusta Neves, Vicentina Neves, Rosa Neves e Paulo Neves. Nascida em Bambuí, Maria Lúcia Rodrigues, conhecida como Maria da Bilinha, filha de José Pedro Rodrigues (da Restinga) e sobrinha de dona Albertina de Jesus, também foi para Silvânia.
Essas famílias se multiplicaram no planalto goiano. Tomo como exemplo a Ivone do Tio Saneco, minha prima, que teve quatro de seus cinco filhos nascidos em Silvânia: Solange Maria Neves (dois filhos: Reginaldo e Raiane), Luís Carlos Neves (falecido, um filho: João Antônio das Neves Neto), Sirlei Antônia Neves (duas filhas, Isadora e Roberta) e Maria do Perpétuo Socorro Neves (um filho, Luís Gabriel). A Salete Aparecida Neves Lobo, para homenagear a terra de sua mãe, fez questão de nascer em Resende Costa! Tem duas filhas, Cinthya e Elyza.
Bem, depois de tantos nomes e números, uma surpresa. Chegando em Silvânia, com a Beth, minha mulher, e um casal de amigos, nem imaginávamos o que nos esperava. Acompanhados pelo nosso amigo padre Dídimo do Amaral, do Colégio Anchieta de Silvânia, dos salesianos, fomos recebidos por esse povo todo, esbanjando simpatia, como se fôssemos velhos amigos. E mais, uma descontraída e gostosa festa, na chácara do Cláudio Antônio Leandro (casado com dona Eva Neves, filha do pioneiro José Tiago Neves e acompanhados de seus filhos Ana Cláudia e José Tiago). Noite agradável, regada a churrasco, cerveja, cachaça goiana da boa, comida “goianeira” (da artista Laura Neves, filha de dona Albertina, com seu delicioso “risoto do cerrado”), música de seresta ao vivo, num clima que acabou envolvendo lembranças de Resende Costa. Inesquecível.
(Agradeço à simpática Elyza - filha da Salete e neta da Ivone -, a gentileza que me fez de escrever a genealogia dos mineiros que, deixando nossa cidade e região, souberam escolher uma terra tão bonita e tão acolhedora).
Resende-costenses no planalto central
13 de Dezembro de 2011, por Rosalvo Pinto