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Avatar / Bastardos Inglórios / Distrito 9 / Amor sem escalas / UP – Altas Aventuras

14 de Marco de 2010, por Carina Bortolini

Avatar

Inicia-se a corrida para o Oscar! Meu carnaval foi animadíssimo, em frente à tela do cinema ou da TV mesmo, do jeito que eu gosto. Todos os anos eu me esforço para assistir aos cinco indicados a melhor filme, mas em 2010 a Academia inovou: são dez os indicados! Consegui assistir à metade, e posso garantir que o nível está altíssimo. A boa notícia é que três deles já estão disponíveis em DVD. Agora é só aguardar a premiação!

AVATAR (Avatar, EUA)
Gênero: Aventura
Direção: James Cameron
Tempo de duração: 166 min.
Ano: 2009

Desde o sucesso Titanic, há onze anos, James Cameron vem preparando Avatar. Para se ter uma idéia da revolução que esse filme significou na história do cinema, o diretor realizou uma parceria com a Sony para a criação da tecnologia necessária para execução dos efeitos 3-D do mesmo. O resultado é inebriante. Os habitantes do reino animal e vegetal do planeta Pandora flutuam à nossa frente, num maravilhoso espetáculo de cor e movimento. O enredo é singelo: Jake Sully (Sam Worthington), um ex-fuzileiro naval paraplégico, é escolhido para “ocupar” um avatar e se infiltrar na sociedade Navi, povo nativo de Pandora. Eles são enormes, azuis e têm uma ligação intensa com a natureza. Com a missão de favorecer a exploração do valiosíssimo minério unobtainium, Jake se encanta com o povo extraterrestre e também com o corpo que ocupa, livre dos limites de sua deficiência. E dá-lhe aventura, romance e efeitos especiais. Não se pode negar certa inovação no que diz respeito ao papel dos EUA na história: aqui, os estrangeiros é que são heróis. Mas não exijamos de Cameron um roteiro intrincado e profundo: ele já fez demais pelo cinema. Classificação: 12 anos.

BASTARDOS INGLÓRIOS (Inglorious Bastards, EUA/Alemanha)
Gênero: Drama
Direção: Quentin Tarantino
Tempo de duração: 152 min.
Ano: 2009

Sempre apreciei a crueza e a violência típicas de Tarantino. Mas ele se superou nesta produção: conseguiu imprimir classe e sutileza à sua obra, sem se contradizer. O palco da história é a ocupação da França pelos nazistas, mas está longe de ser mais um filme sobre a Segunda Guerra. Uma unidade especial de soldados judeus é formada com o único fim de exterminar nazistas com todo o sadismo e frieza que a sede de vingança permite: são os tais bastardos inglórios. Brad Pitt, mais uma vez se despindo do estereótipo de galã, é o tenente Aldo Raine, líder do grupo. Uma jovem judia disfarçada se vê em apuros ao ser cortejada por um renomado soldado nazista que deseja levar a estréia do filme que o homenageia ao cinema que ela dirige. Bridget von Hammersmark (Diane Kruger, de O Segredo de Beethoven) é uma atriz paparicada pelos nazistas que, nos bastidores, oferece informações quentíssimas aos aliados. Todos esses personagens, em algum momento, serão confrontados pelo tenente-coronel alemão Hans Landa, interpretado pelo fabuloso ator Christoph Waltz, que atrai para si todos os holofotes. Ele usa elegância e polidez para aterrorizar e fazer sucumbir seu interlocutor, e não há quem escape à sua perspicácia e poder de desvelamento. E quando ele resolve se encher de fúria e sordidez... ai de quem. A cena inicial e a que se passa numa taverna são o apogeu dessa obra-prima: diálogos travados e entrecortados, recheados de insinuações e ameaças veladas, nos dão a sensação inquietante do perigo iminente. Imperdível. Classificação: 16 anos.

DISTRITO 9 (District 9, África do Sul/EUA/Nova Zelândia)
Gênero: Ficção Científica / Drama
Direção: Neill Blomkamp
Tempo de duração: 112 min.
Ano: 2009

Peter Jackson surpreende mais uma vez. Após a fantástica trilogia O Senhor dos Anéis, ele nos presenteia com a produção deste drama camuflado de ficção científica. O cenário é Johanesburgo, na África do Sul, onde há vinte anos uma nave alienígena estacionou. Os seres que nela vieram foram segregados em um território chamado Distrito 9, que acabou por se tornar uma autêntica favela – com a miséria, superpopulação e violência características. Apelidados de camarões, devido a sua aparência, tais alienígenas são alvo de repulsa e horror da população. Na intenção de removê-los para um local isolado da cidade, o governo convoca o ingênuo e abobado burocrata Wikus Van De Merwe (o desconhecido e magnífico ator sul-africano Sharlto Copley) para iniciar tal processo, invadindo o gueto com seguranças armados e câmeras de TV (atenção para o aspecto documentarista da filmagem, uma estratégia brilhante do diretor para conferir veracidade aos fatos). Na busca de armamentos em um barraco (já que a principal intenção do governo é por as mãos no poderoso artefato bélico dos “camarões”), Wikus entra em contato com uma estranha substância que o transformará, em pouco tempo, no objeto do ódio que professa. É facilmente percebida a alusão do filme ao apartheid, que manchou a história sul-africana e ainda assombra o país. Mas a mensagem é universal: por que somos predispostos ao preconceito e à intolerância? Durante a exibição, por várias vezes nos sentimos revoltados diante da injustiça e da crueldade. Pior ainda é constatarmos que não há nada de inverossímil nas atitudes, o que nos enche de vergonha de nossa condição humana. Classificação: 14 anos.

AMOR SEM ESCALAS (Up in the air, EUA)
Gênero: Comédia / Drama
Direção: Jason Reitman
Tempo de duração: 109 min.
Ano: 2009

Jason Reitman é um diretor jovem com uma carreira recente, porém prolífica: são dele os ótimos Obrigado Por Fumar e Juno. Neste novo trabalho, ele prova que veio para se estabelecer entre os grandes. O multitalentoso George Clooney é Ryan Bingham, executivo especializado em demitir. Isso mesmo: as empresas o contratam para a difícil missão de anunciar a exoneração de seus empregados, e Bingham o faz com arte. Usa de suavidade, empatia, impessoalidade e firmeza. Para tal ofício, precisa viajar onze meses ao ano, fazendo da rotina dos aeroportos e hotéis sua vida e seu orgulho. Ensina em palestras motivacionais que cada laço afetivo é um peso inútil a mais que se carrega. Mas essa zona de conforto que criou em torno de si fica seriamente ameaçada quando duas mulheres entram em sua vida: Natalie (Anna Kendrick), uma estagiária que deseja modernizar e simplificar o modo como Bingham trabalha, e Alex (a excelente Vera Farmiga), uma mulher tão parecida com ele mesmo que o tirará de seu eixo. Levando-se em conta o título em português, parece se tratar de uma comédia romântica, mas não se engane: é, antes, uma confirmação de que toda alegria carrega em si a tristeza arrebatadora do prenúncio de seu fim. Classificação: 12 anos.

UP-ALTAS AVENTURAS (Up, EUA)
Gênero: Animação
Direção: Pete Docter
Tempo de duração: 96 min.
Ano: 2009

Pela segunda vez na história do Oscar uma animação concorre ao prêmio de melhor filme (a primeira foi A Bela e a Fera, em 1993), e não é por acaso. Pete Docter, do também encantador Monstros S.A. , realiza aqui um trabalho magistral. É um desenho feito para crianças, mas nem por isso elas são subestimadas em sua inteligência e capacidade de apreender sentimentos nobres e as grandes questões existenciais. O protagonista é o idoso Carl Fredricksen, cuja história é contada nos primeiros quatro minutos do longa: quando criança, ele se apaixona por Ellie, uma amante de aventuras como ele. Eles se casam, constroem uma linda casa, planejam ter filhos, frustram-se ao saber que não poderão tê-los, e passam a vida juntando dinheiro para, na velhice, conseguirem realizar o acalentado sonho de conhecerem o Paraíso das Cachoeiras, refúgio tropical sul-americano. Quando estavam prestes a fazer tal viagem, Ellie adoece e morre. O extraordinário é que Docter não utiliza uma fala sequer nessa sequência, abusando, sim, de refinadas metáforas visuais para exprimir perfeitamente cada emoção. O então ranzinza Carl (dublado por Chico Anysio nas cópias em português), ao não encontrar mais saída tanto para a impendente demolição de sua querida casa quanto para sua internação num asilo, arrisca-se numa fuga fantástica: tendo trabalhado a vida toda com a venda de balões de hélio, prende milhares deles à sua casa, a ponto de a mesma alçar voo pelos ares. Mas Carl não contava com um inusitado tripulante: o pequeno e gorduchinho escoteiro Russel, ávido por mais uma insígnia em seu uniforme. O menino se agarra à casa e parte com Carl para a América do Sul, onde farão novos amigos, enfrentarão perigos e viverão muitas aventuras. Adulto também pode. E deve. Classificação: Livre.

Comentários

  • Author

    Prezada Carine
    Gosto muito dos seus comentários, parabéns.


  • Author

    Obrigada, Rubens. Muito bom saber que a coluna está agradando! Abraços!


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