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Guerra ao Terror / Alice no País das Maravilhas

12 de Maio de 2010, por Carina Bortolini

Guerra ao Terror

Conforme prometido, venho comentar sobre o arrebatador de prêmios no Oscar 2010: Guerra ao Terror. Aproveito, ainda, para comentar o filme campeão de bilheteria neste ano no Brasil e com a melhor abertura de todos os tempos na temporada de inverno americana: Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton. Confiram!

GUERRA AO TERROR (The Hurt Locker, EUA)
Gênero: Guerra / Drama
Direção: Kathryn Bigelow
Tempo de duração: 131 min.
Ano: 2009


Mulheres dirigindo filmes não é algo comum. Mulheres dirigindo filmes de ação ou guerra então... Kathryn Bigelow ganhou notoriedade com Caçadores de Emoção (Point Break, 1991), thriller de ação que revelou Keanu Reeves e contava ainda com Patrick Swayze. Mas sua ousadia foi ainda maior em Guerra ao Terror. O filme mostra a rotina (?) nada estável do esquadrão anti-bombas do exército americano no Iraque. Após a morte do líder da equipe numa tentativa frustada de desativar uma bomba, o sargento William James (Jeremy Renner, indicado ao Oscar de Melhor Ator) assume seu posto. A personalidade egoística, temerária e camicase de Renner assusta e irrita seus companheiros. O perigo é iminente e constante, e a morte está à espreita. Como lidar com tamanho risco e ameaça diariamente? Uns surtam, outros assumem a atitude suicida de Renner. E quando este é diretamente indagado acerca de suas motivações, a resposta fica no ar. Bigelow foi brilhante pela técnica irrepreensível e justamente por conseguir manter o controle e não exagerar, não revelar demais. Resultado: foi para casa como a primeira mulher a ganhar um Oscar de Melhor Direção e ainda deixou o ex-marido (James Cameron) com as mãos abanando. Filme tenso, intenso, que testa os nervos e o coração do espectador. Classificação: 14 anos.



ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS (Alice In Wonderland, EUA)
Gênero: Aventura
Direção: Tim Burton
Tempo de duração: 111 min.
Ano: 2010


Só agora me dei conta de que este é o primeiro filme de Tim Burton que indico nesta coluna. Uma enorme injustiça. Do melancólico Edward Mãos de Tesoura (Edward Scissorhands, 1990) ao anárquico e hilariante Marte Ataca! (Mars Attacs!, 1996), do bizarro A Fantástica Fábrica de Chocolate (Charlie and The Chocolate Factory, 2005) à lírica animação A Noiva Cadáver (Corpse Bride, 2005), Tim Burton garantiu seu lugar entre os mais respeitados diretores contemporâneos. Seu estilo é inconfundível e inimitável. A trilha sonora de cantos sombrios e os personagens góticos e lânguidos estão sempre presentes. Há também, invariavelmente, um humor nefasto e a presença de sua esposa Helena Bonham Carter e do astro cool Johnny Depp são quase imprescindíveis. O diretor declarou seu fascínio pela obra de Lewis Carroll (autor de Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho) e penso que não haveria ninguém mais apropriado para tal adaptação. O mote psicodélico dos livros foi amplamente explorado por Burton (o que mais se poderia esperar dele, afinal?). Cores alucinantes e seres estranhos se misturam à beleza pálida de Alice (a estreante Mia Wasikovska), que no filme conta com 19 anos (e não com 10, como na literatura). Nesta versão do diretor, a jovem Alice, literalmente fugindo de um noivado arranjado, cai num buraco e vai parar no Underworld (mundo subterrâneo).  A crítica não poupou Burton, alegando que a aventura perdera sua aura de mistério e que a protagonista fora completamente descaracterizada. É verdade que ver a doce Alice enfiada numa armadura de guerreira e o originalmente caótico Chapeleiro Maluco (Depp) derretido de amores não é lá muito palatável. Mas o filme tem seu mérito, e atinge o ápice nas cenas da excêntrica Rainha Vermelha (Rainha de Copas, no original), interpretada por Helena Bonham Carter. Sua tirania burlesca a torna bem mais interessante que sua irmã boazinha, a Rainha Branca (Anne Hathaway) – aliás, como toda boa vilã o faz. Desta vez, não foi Depp quem roubou a cena. Classificação: 10 anos.

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