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Oscar 2010 - Um reflexo da política no mundo do cinema

12 de Abril de 2010, por Carina Bortolini

Esta é uma edição especial! O Jornal das Lajes aniversaria e, assim, nos leva à reflexão da importância da imprensa. Muito já fora dito, muito já fora escrito. Mas ainda assim nunca é demais lembrarmos o quão essencial é tal instituição num Estado Democrático de Direito. Há a imprensa boa e há também a ruim, mas até a ruim pode ser ótima, se é que me entendem. Muitas vezes, diante da cobertura de um crime ou de uma mera celebridade, já me surpreendi querendo “esganar” um determinado repórter insistente ou simplesmente chato. Alvíssaras sejam dadas também a esses! Sou “quase” radical (o que será isso?) no que diz respeito à liberdade de imprensa: abaixo a censura! Penso que, uma vez permitida a censura, sempre se encontrarão brechas para proibir filmes, textos e reportagens que não agradem ao governo situacional ou a determinados grupos detentores de poder. O Jornal das Lajes deu uma grande guinada nos últimos anos, e vejo que caminha para um futuro ainda mais independente, brilhante e próspero. Assim seja!

Mês passado, enquanto se desenrolava a cerimônia do Oscar, fui sendo tomada por certa estranheza. Os prêmios técnicos foram sendo entregues e, para minha surpresa, Avatar recebera apenas dois deles, Melhor Fotografia e Melhores Efeitos Visuais. Já Guerra ao Terror levara Melhor Montagem, Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som. Os prêmios foram ficando mais importantes, e enquanto Avatar levava Melhor Direção de Arte, Guerra ao Terror ficava com Melhor Roteiro Original. No último e principal bloco, todos ansiosos para saber quem ficaria com os principais prêmios. Pensei: devem dar Melhor Diretor para Kathryn Bigelow, por sua competência e também (e principalmente) porque será a primeira mulher a receber tal prêmio; e Melhor Filme para Avatar. A primeira aposta se confirmou, mas a segunda... não é que Guerra ao Terror levou tudo? De forma nenhuma desabono o filme de Bigelow, é um filme excelente e ousado que prometo comentar numa outra edição. A questão é por que. Não é a primeira nem será a última vez que a Academia distribui os prêmios por razões políticas, e não meritórias. Em 2001, Sean Penn emocionou todos com sua interpretação em Uma Lição de Amor (I Am Sam) , mas perdeu o Oscar para a atuação mediana de Denzel Washington em Dia de Treinamento (Training Day) . Isso por que Washington foi tido como injustiçado em 2000, quando não levou a estatueta por seu esplêndido Hurricane – O Furacão (The Hurricane) . Depois, no ano passado, olhem Hollywood premiando Sean Penn por Milk em detrimento do fabuloso Frank Langella como Nixon em Frost/Nixon. E assim, tentando compensar uma injustiça com outra, a Academia faz de sua cerimônia um palco do politicamente correto.

A impressão que tive sobre o Oscar 2010 foi que Hollywood deu um tiro no próprio pé. Ao premiar um filme quase independente e não reconhecer o valor do trabalho de 11 anos de James Cameron em Avatar, é como se a Academia dissesse: “Não invistam em tecnologia, não invistam em publicidade, não adianta você ter a maior bilheteria da história: nós vamos premiar aquele filme pequenininho, bacana, despretensioso”. Nada contra. Mas há que se admitir que o cinema precisa de grandiosidade, de novidade, de espetáculo. Também disso vive a sétima arte! Que motivação terá um diretor em fazer uma maravilha artística e tecnológica como Avatar, consumindo milhões, tempo e criatividade para não ser reconhecido? Se há 11 anos atrás supervalorizaram uma superprodução como Titanic, do mesmo James Cameron, este ano o que houve foi desprezo e desdém. Que bom que resolveram dar valor ao cinema independente e a roteiros profundos, mas não é preciso que se chegue a este extremo. Ai que pena deu de James Cameron, humilhado mundialmente pela ex-mulher (Bigelow). Mas isso até que foi engraçado.

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