Mês passado tratei aqui, nesta coluna, da questão envolvendo os cães vira-latas que percorrem nossas ruas, sempre dependendo de quem lhes dê o que comer e beber. Alguns se mostram fortes, limpos, sem que saibamos quem os acolhem, dando-lhes atenção como se morassem em suas casas. Outros nem tanta sorte têm, perambulam com seus corpos machucados, feridas expostas, magros e famintos. Esses, sim, viram latas atrás do que comer em latões de lixo ou sacolas plásticas colocadas nas ruas em dias e horários não recomendados pelos que cuidam da coleta e descarte em local apropriado. O foco nem era tanto os cães, mas os que teimam em não colaborar ao deixar o lixo na rua – seja ele reciclável ou orgânico –mesmo cientes que não é dia de coleta feita por equipe da prefeitura municipal.
Agora, o objetivo é outro. Trato daquilo que é descartável e que até sua coleta pelos lixeiros torna-se difícil. São eletrodomésticos, colchões, móveis e sucatas de forma geral. Incluem-se aí caixas de remédio e óleos, em geral, que demandam coleta especial por serem prejudiciais ao meio ambiente e à nossa saúde. Calçados e roupas geralmente não são incluídos na lista, visto que esses vão parar nos brechós, que os vendem a preço baixo ou entidades que auxiliam os mais pobres, doando-lhes o que outros já não calçam nem vestem mais. Por fim, podemos acrescentar os retalhos. Logo eles, tão valorosos e necessários para o trabalho de centenas de artesãos resende-costenses, quando não podem ser aproveitados, vão parar no lixo.
O retalho – descartado pela indústria têxtil – é o principal produto para nosso artesanato. Dependemos da sua oferta para gerar trabalho e produção de lindas colchas, belos tapetes, caminhosdemesa tecidos pelos nossos talentosos artesãos. Há aqueles que buscam esses retalhos nas fábricas e os vendem a quem tece. Depois, entram aquelas pessoas para, com suas mãos ágeis, produzir os rolinhos que vão parar nos teares de muitas residências do nosso município até se tornarem peça a ser vendida em residências, lojas ou encaminhadas para muitos lugares pelos Correios. Como se vê, muito do que já não serve para um, tem serventia para outro.
Em caminhadas que fazemos dentro do nosso município, notamos, de forma geral, o zelo que sitiantes e fazendeiros têm com estradas, córregos, riachos que cortam suas propriedades. De parte do grupo de caminhadas que temos – e posso dizer o mesmo dos ciclistas– há o cuidado de não jogarmos garrafas plásticas e papéis no chão. Temos grupos de apoio que recolhem aquilo que deve ser deixado na lixeira e não na natureza. E ficamos contrariados quando nos deparamos com situações que retratam o desrespeito à sinalização e à recomendação de que é “proibido jogar lixo”.
Fomos a pé, recentemente, ao povoado de Ramos. Ele fica próximo a Resende Costa, mas pertence a Ritápolis. Ainda em terra resende-costense, nós nos deparamos com uma cena triste. Em dois pontos da estrada, avistam-se duas placas de “proibido jogar lixo neste local”. No entanto, bem debaixo das placas, muita sujeira: colchões velhos, sofás e, notadamente, tecido recortado. Pareciam restos de retalhos, entre outros panos, que deveriam ter sido encaminhados para aterro sanitário. Além do mais, da forma como foram deixados em vala que segue junto à estrada, todo o monte de sujeira torna-se combustível para causar enorme incêndio. Incêndio que, ao passar para as árvores e toda a vegetação tão seca nesta época do ano, pode gerar grande estrago e prejuízo gigantesco a quem mora nas redondezas.
Vivemos momentos difíceis, com temperaturas altas, escassez de água e irregularidades nas épocas de chuva. Resultado de tudo isso: incêndios, grandes enchentes, coisas a que estamos nos acostumando a ver constantemente, tal como acontece neste momento no sul do país. Poluir ambientes, desmatar florestas é o que devemos combater. Cuidar do lixo é uma das medidas de sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Precisamos mudar nosso jeito de ser, fazer a nossa parte a fim de zelar pela nossa cidade e pela vida do planeta.