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Escritores resende-costenses e suas memórias

18 de Novembro de 2020, por Edésio Lara

Você sabia que a cada terceiro domingo do mês de julho Resende Costa comemora o “Dia do Resende-Costense Ausente e Amigo de Resende Costa”? Sim, esse dia existe. Quase trinta anos atrás, exatamente em 21 de julho de 1991, depois de aprovada por unanimidade pela Câmara de Vereadores, o projeto de criação desse dia foi transformado em lei. Naquela data e em seção solene na sede da Câmara Municipal, houve o lançamento do livro Visões Perdidas, de Gentil Ursino Vale, advogado e escritor natural de Resende Costa, que, por motivos de trabalho, foi morar em Divinópolis/MG no ano de 1958. 

Gentil fez o curso primário no Grupo Escolar Assis Resende. Depois foi estudar Humanidades na prestigiadíssima Escola Apostólica do Caraça, situada nos municípios mineiros de Catas Altas e Santa Bárbara. Concluiu o curso de Direito somente em 1977, quando já havia publicado livros e ganhado prêmios pelos trabalhos literários, aos quais se dedicou desde o ano de 1957.  

Abel Lara foi outro escritor resende-costense que obteve reconhecimento pelos seus trabalhos. Dele são a letra e a música do Hino de Resende Costa. Em 1953, publicou seu primeiro livro, Alma Atormentada. Atualmente, Evaldo Balbino, outro poeta da cidade, em projeto de pesquisa desenvolvido na UFMG, resgata a produção literária de Abel Lara no sentido de nos oferecer uma edição de seus trabalhos publicados em jornais, suplementos, coletâneas ou periódicos.  

Outro escritor, memorialista dos melhores, Antônio de Lara Resende, publicou em dois volumes as suas memórias. O primeiro é o Memórias: do Belo Vale ao Caraça. O segundo é o Da Serra do Caraça à Serra do Véu de Noiva. O autor é filho do resende-costense Antônio Sebastião de Resende Lara e da ouro-pretana Macrina Augusta de Albergaria Lara, professora no Povoado de Nossa Senhora da Boa Morte, da atual cidade de Belo Vale/MG. Lara Resende nasceu lá em 24 de setembro 1894, mas, em janeiro de 1895, isto é, quatro meses depois, veio com a família para a Vila de Resende Costa. A maior parte dos seus vinte anos ele viveu entre Resende Costa e no Caraça, onde também estudou Humanidades. 

Antes, porém, é preciso mencionar outros três homens importantes e que se dedicaram às letras: o inconfidente José de Resende Costa, o filho, em 1836, escreveu o livro Memória Histórica sobre os diamantes. José Augusto de Rezende, primeiro diretor do Grupo Escolar Assis Resende, em 1920, publicou o seu Livro de Pálidas Reminiscências da Antiga Lage – Villa de Rezende Costa. Por fim, destaco o Memórias do Antigo Arraial de Nossa Senhora da Penha de França da Lage, atual cidade de Resende Costa, de José Maria da Conceição Chaves, (o Juca Chaves). Os três livros foram reeditados pela Associação de Amigos da Cultura de Resende Costa (amiRCo) e estão à disposição dos leitores na Biblioteca Municipal Antônio Gonçalves Pinto, em Resende Costa. Outras obras de Gentil Vale também podem ser encontradas na Biblioteca Municipal.

Atualmente, temos escritores que se dedicam em seus textos a tratar de temas relacionados a Resende Costa: Alair Coêlho de Resende, Evaldo Balbino da Silva, José Venâncio Resende, Rosalvo Gonçalves Pinto e José Antônio Oliveira de Resende fazem parte desse time. 

A boa notícia é que, finalmente, um grupo de mulheres começou a atuar em área até então dominada pelos homens. Stella Vale Lara e Maria Luzia de Resende, com suas poesias e contos; as historiadoras Larissa Ibúmi Moreira, autora do livro Vozes Transcendentes: os novos gêneros da música brasileira, e Paula Chaves Teixeira Pinto, com sua obra De Minas para a Corte, da Corte para Minas, que tem como personagem principal o resende-costense Gervásio Pereira Alvim – inclusive tem seu nome cravado em uma rua da cidade – nos encantam com suas publicações. Mas, para não ficar somente com essas escritoras, tivemos a grata surpresa de ver a jovem Danielle Tonioli publicar seu Ginásio de Metamorfoses: contos e poesias, disponível, por enquanto, pelo Kindle, no site www.amazon.com.br Outra notícia boa é que Regina Maria Coelho Resende, professora aposentada e colunista do JL, está terminando a escrita de um livro de memórias e que estará pronto até março de 2021. 

Tenho me dedicado a comentar como tem sido a nominação de ruas e edifícios públicos em Resende Costa. Estranho, senão triste, é saber que nenhum dos escritores falecidos e mencionados acima ainda não recebeu uma homenagem dessa. Será por quê?

Comentários

  • Author

    Parabéns,, Edézio pelo texto. Muito temos que nos orgulhar de nossos escritores. Fazemos, pois, um apelo, à atual Câmara de Vereadores que repense a justa nomeação de ruas e ou praças que levem os nomes de nossos importantes Escritores.


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