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Estrada asfaltada e o desenvolvimento da cidade

18 de Fevereiro de 2021, por Edésio Lara

Entrada da cidade com a avenida Alfredo Penido, a conhecida Avenida do Artesanato, asfaltada, no início da década de 1980 (Foto: arquivo Toninho Melo)

Em 1981, Resende Costa estava em festa, não sem razão. Enfim, uma nova estrada asfaltada havia sido construída para benefício dos que sofriam com a precária estrada de terra que nos ligava a Coronel Xavier Chaves e São João del-Rei. As más condições da estrada, até aquele ano, eram como uma barreira para o pleno desenvolvimento do nosso município. A estrada asfaltada tornou-se, portanto, uma necessidade. Para resolver o problema, sentaram-se à mesa o prefeito municipal, o pároco, o presidente da Câmara Municipal e, posteriormente, o governador do estado e os irmãos da família Penido, daqui de Resende Costa, proprietários da empresa de construção civil Serveng Civilsan. Inaugurada a estrada, o ir e vir se tornou mais seguro, rápido e confortável para os viajantes. Aquela foi uma obra que não contrariou nem foi tida como desnecessária por ninguém. Não houve protestos, só elogios.

Bem construída, com pista mais larga e com traçado bom, a estrada fez com que o número de visitantes crescesse. E foi nessa época que os olhares se voltaram para uma atividade que envolvia muitos resende-costenses: o artesanato em tear. Os trabalhos bem feitos começaram a ser mais bem apreciados pelos que aqui vinham a passeio ou a negócio. E, aos poucos, muitas pessoas começaram a se interessar por aprender a tecer colchas, jogos americanos, caminhos de mesa, tapetes e toalhinhas, principalmente. A arte de tecer foi sendo passada de pais para filhos, ou mesmo entre amigos ou de uma vizinha para outra, de forma a atender a demanda crescente pelo artesanato local. Os relatos dos atuais artesãos comprovam isso. Por isso mesmo, muitas casas, além do mobiliário básico de uma moradia, passaram a ter pelo menos um tear. É certo que em muitas delas há dois ou mais teares que servem aos seus moradores. Aquela atividade pequena, que envolvia poucas pessoas, tornou-se grande tanto em volume de produtos artesanais quanto em pessoas envolvidas na sua produção e comercialização.

Ao longo desses anos, nós nos acostumamos a ver pessoas sentadas do lado de fora de suas casas, conversando animadamente e enrolando novelos de retalhos. Enquanto isso, outros estão nos seus teares, tecendo ou dando o acabamento final aos produtos antes de serem colocados à venda. Por fim, vemos pessoas de todas as idades carregando o resultado do trabalho para entregá-lo a lojistas ou a viajantes que aqui vêm em busca desses produtos artesanais para vendê-los noutros locais. E há ainda quem se dedica em enviá-los pelos Correios a outras cidades do Brasil, e até do exterior, devido às vendas feitas pela internet.

Muita coisa mudou nesses quarenta anos. A cidade cresceu, está diferente daquela da década de 1980. A pequena Resende Costa, cujos limites não ultrapassavam o campo de futebol dos Expedicionários e dos cruzeiros do Tijuco e do Pau de Canela, no fim da Rua São João del-Rei, ficou para trás. Surgiram novos bairros com construções que trazem a assinatura de arquitetos e engenheiros civis, o que era raro. Ampliaram-se, também, em virtude desse crescimento, serviços de saúde, restaurantes, pousadas, entre tantas outras atividades comerciais. A estrada asfaltada e a melhoria do poder aquisitivo da população refletiram-se até na qualidade da educação de estudantes universitários, que saem todos os dias para estudar na UFSJ ou no Uniptan, em São João del-Rei.

É comum ouvirmos dizer que em Resende Costa só não trabalha quem não quer. E isso é bem verdade. Todos trabalham. É comum ouvirmos ruídos vindos dos teares ainda de madrugada. Uns precisam produzir muito para atender à demanda, outros é porque têm, além da atividade com o artesanato, que assumir funções em demais serviços. Não é à toa que há pessoas que possuem até três frentes de trabalho, incluindo, evidentemente, a do artesanato. Enfim, em Resende Costa, as pessoas trabalham muito.

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