A partir desta edição, quero me empenhar na tarefa de comentar sobre nomes de ruas da nossa cidade. Historiadores apontam que os homens começaram a dar nomes aos locais por onde passavam por volta de 4000 anos antes de Cristo. As pessoas, há milhares de anos, sentiram necessidade de dar nome aos lugares por onde passavam a fim de se orientarem. Ao longo do tempo, tornou-se comum dar nome de ruas, praças e avenidas da forma como conhecemos na atualidade. Vilas têm seus nomes, cidades e bairros também recebem nomes diversos, diferentes um pouco, quando se trata de ruas, por exemplo.
São avenidas, praças, ruas, ou mesmo becos, cada logradouro identificado por nome dado principalmente pela Câmara Municipal. Vereadores apresentam projetos justificando o porquê da indicação do nome a ser dado a uma via pública. São nomes de pessoas, datas comemorativas relacionadas a fatos históricos, além de santos e santas cujas memórias são comemoradas e celebradas popularmente. 7 de Setembro, Av. Tiradentes, Av. Juscelino Kubitschek, Av. Ministro Gabriel Passos, Av. 8 de Dezembro, são exemplos fáceis de nomes de logradouros a serem encontrados na região em que estamos. Nomes de cidades vizinhas também são muito usados para dar nomes a ruas. É o caso, por exemplo, da Rua São João del-Rei, uma das mais antigas de Resende Costa e que se situa na entrada da cidade, para quem ainda usa a estrada de terra que nos liga a Coronel Xavier Chaves.
Há, também, nomes que surgem naturalmente, sem que tenham sido propostos por quem quer que seja. Um exemplo claro que se encontra bem do centro da cidade é o Beco do Barbosinha. Trata-se de uma rua pequena e estreita que nasce na Rua Gonçalves Pinto, em frente à Agência do Banco do Brasil, e finda na confluência da Rua Assis Resende com a Praça Mendes Resende. Nela, ou melhor, no “Beco”, há seis imóveis, sendo que um deles funciona, também, como escritório destinado aos serviços de despachante junto ao Detran. No entanto, poucos sabem que o Beco do Barbosinha, na verdade, chama-se Rua Matilde Rios. Por vezes, já foi identificada como travessa Matilde Rios, devido ao seu tamanho e por ser ligação entre outras vias importantes da cidade. É certo dizer que poucos, quase ninguém, se referem a esse pequeno logradouro pelo nome oficial que possui, mas pelo beco onde morou o saudoso farmacêutico resende-costense Antônio da Silva Barbosa, mais conhecido por senhor Barbosinha.
Nem sempre prevalece o nome oficial dado ao logradouro e, sim, predomina aquele criado espontaneamente pelo povo. Foi o que aconteceu com a Rua Matilde Rios. Os moradores aproveitaram para indicar a farmácia e seu proprietário ao se referir à rua, visto que, além do ponto comercial, era nela que o sr. Barbosinha residia com sua família. Um edifício de dois andares (sobrado) tinha no térreo a farmácia e no andar superior a residência do farmacêutico. E esse tipo de edificação era muito comum na cidade: na parte de baixo uma atividade comercial; na superior, a residência do seu proprietário.
Antônio da Silva Barbosa aparece como vereador e Auxiliar da Câmara, função que existiu desde a primeira legislatura (1912) e perdurou até 1959, tendo sido extinta a partir de 1960. Entre 1960-1962 e 1963-1966, foi eleito vereador e presidiu a Câmara Municipal nas respectivas legislaturas. O destaque maior para o senhor Barbosinha se deu a partir da sua atividade como farmacêutico. Em décadas passadas, e com a dificuldade de ter médicos atuando na cidade, era ele quem cuidava de todos os que pela sua farmácia passavam à procura de atendimento para cura de suas enfermidades. Era ele, também, que ia até as casas de enfermos para levar remédios, aplicar injeções. Foi ele, portanto, muito importante, já que era o proprietário da única farmácia do município. Devido à atenção que dava às pessoas, recebeu delas a justa consideração.
Por fim, o nome do senhor Antônio da Silva Barbosa aparece como nome da avenida principal do bairro Várzea, que se estende da imediação da rodoviária municipal até o Cruzeiro do Tijuco. No entanto, a Rua Matilde Rios bem que merece uma placa secundária, identificando-a, também, como “Beco do Barbosinha”.