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Universidades federais em crise

17 de Agosto de 2022, por Edésio Lara

Próximo das eleições para presidência da República, governadores, senadores e deputados, tanto federais quanto estaduais, um tema bastante corriqueiro reaparecerá nos debates entre os candidatos de todos os partidos políticos brasileiros: educação. Todos se enchem de entusiasmo para, em seus discursos, colocar a educação como prioridade. Em grau de importância, a saúde pública é outro tema bastante discutido entre os que pedem votos nesta época. Muitos eleitores acreditam nesses discursos, outros nem tanto. É que estamos bastante acostumados a ver que o que é prometido nem sempre é cumprido.

Quem acompanha o noticiário ou dialoga com professores, técnicos ou estudantes universitários deve saber muito bem das dificuldades que as universidades federais têm enfrentado para se manterem funcionando bem. Há anos, o que mais se ouve é a notícia de que o governo federal fez cortes nas verbas destinadas às 69 universidades federais do país, que atendem um milhão e trezentos mil estudantes. Aos reitores, que insistentemente lutam para que os cursos oferecidos não sejam prejudicados, não cabe alternativa: são obrigados, a contragosto, reduzir custos com serviços fundamentais para o bom funcionamento das instituições que dirigem.

Os serviços de manutenção têm sido terceirizados, a oferta de bolsas destinadas a alunos envolvidos com extensão universitária e pesquisa vem sendo suspensa. Laboratórios, bibliotecas e até restaurantes universitários são prejudicados com verbas sendo diminuídas. O impacto também implica na redução lenta, porém gradual, do quadro de servidores e professores. Não tem sido fácil contratar novos profissionais para substituir os que se aposentam. Falta dinheiro para cumprir compromissos, como o de pagar contas de energia elétrica, de telefone e de fornecimento de água, por exemplo. Do jeito que está, ninguém se surpreenderá com cursos sendo extintos. Onde iremos parar?

Durante a pandemia do coronavírus, entre os anos de 2020 e 2021, essa crise passou um tanto despercebida. De portas fechadas e com todos trabalhando em casa, foi possível economizar um pouco. Mas, o problema ressurgiu com a retomada das aulas presenciais e com o anúncio feito no fim do último mês de maio pelo governo federal de que haveria mais um corte de R$ 3,2 bilhões da verba prevista para o MEC em 2022. Com o objetivo, segundo o governo federal, de atender ao teto de gastos, o bloqueio atinge em cheio institutos e universidades federais.

Essas ações respingam em todos nós que estamos próximos de institutos federais e da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Quantos não são os alunos universitários de Resende Costa e de outras cidades vizinhas impactados com decisões desastrosas desse tipo?

O curioso, nisso tudo, é que não faltam recursos para o fundo eleitoral e para o misterioso orçamento secreto. Do fundo eleitoral sabemos, por meio do próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que há polpuda verba de R$ 4,9 bilhões do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), destinada aos partidos políticos para as Eleições Gerais de 2022.

E o malfadado orçamento secreto? Quanto de dinheiro público há nele para ser gasto pelos parlamentares? Ninguém sabe. E o fato de ser “secreto” nos leva a considerar que boa coisa não é. No entanto, podemos imaginar que deve ser robusto o bastante para encher os bolsos de políticos – muitos deles corruptos – que farão uso do nosso dinheiro para investir em obras, senão, bancar suas campanhas eleitorais.

Veremos, até o próximo dia 2 de outubro, e de forma descarada, a ação de parlamentares dizendo da importância da educação para o desenvolvimento do país. Não serão capazes de dizer que ações do governo federal visam exclusivamente ao enfraquecimento dessas escolas públicas, ao seu interesse em desprestigiar o ensino público e gratuito brasileiro. No entanto, essa política é vista com bons olhos pelos que defendem o ensino privado... e eles estão lá dentro mesmo do Congresso Nacional.

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