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A morte desferiu um duro golpe à política brasileira

14 de Agosto de 2014, por André Eustáquio

O Brasil ainda está perplexo com a morte precoce de Eduardo Campos, candidato do PSB a presidente da República. Na manhã do dia 13 de agosto, um acidente aéreo pôs fim a uma carreira política promissora. Campos seguia os passos políticos de seu avô Miguel Arraes, ex-governador e expoente da política pernambucana, falecido, coincidentemente, num mesmo 13 de agosto (2005). A política brasileira, sedenta de lideranças competentes, ficou órfã.

A morte de Eduardo Campos trouxe publicamente à tona a angústia existencial que intimamente nos acompanha, enquanto seres humanos, durante todo o decorrer da existência: a imprevisibilidade da vida. Pode-se acrescentar também fragilidade. Na noite do dia 12, Campos concedeu entrevista ao vivo ao Jornal Nacional, durante a qual expôs seus projetos para o país, seus sonhos e ideais, que foram abruptamente interrompidos pela morte.  Ela, que não distingue ricos de pobres, brancos de negros, impôs à política brasileira um duro golpe, sem direito a um mísero pedido de misericórdia.

Aos 49 anos, Eduardo Campos surgia como um líder político capaz de propor novos rumos à decrépita política brasileira. Como ficará o cenário eleitoral a partir de agora, sem Eduardo Campos? Quem o PSB indicará para substituí-lo? Marina Silva, sua vice, será a preferida? Mais ainda: se Marina for a indicada, conseguirá dar coesão ao PSB, partido que, inclusive, não é o dela? São muitas as perguntas que estão na mesa para serem respondidas nos próximos 10 dias, prazo que o PSB terá para indicar o novo candidato.

Dentro dos já conhecidos projetos de governo (saúde, educação, infraestrutura etc. e tal), que os candidatos apenas atualizam a cada quatro anos, Eduardo Campos propôs através da sua candidatura algo novo: o fim da polaridade PT/PSDB no comando do país. Muitos chamam de terceira via esta alternativa de poder. A proposta de Campos é ousada. Para surpresa de muitos, ele conseguiu atrair para a sua chapa Marina Silva, que tem seu currículo político recheado de lutas em defesa do meio ambiente e de outras bandeiras que não se sintonizam com as ideias de Eduardo Campos, ou pelo menos, não se sintonizavam até eles resolverem promover um enlace político. Assim como a vida, a política também tem suas imprevisibilidades.

Enquanto se tenta entender como ficará o cenário eleitoral 2014, a indagação que pode ser feita é se junto com Eduardo Campos morrerá o sonho de renovação da política brasileira.

O rabino Henry Sobel diz que os grandes momentos da história impulsionam o surgimento de grandes homens. Eduardo Campos talvez tenha sido exceção. Se observarmos o momento atual da política brasileira é improvável que encontremos uma seara fértil capaz de fazer brotar um grande líder.

Eduardo Campos deixou o campo de batalha logo no início do combate. A vida, em sua imprevisibilidade, não o permitiu disseminar seus projetos e ideais em cada recanto deste imenso Brasil. O momento é de comoção e perplexidade. Quando passar este momento e a batalha reiniciar, o eleitor brasileiro deverá voltar os olhos para o legado deixado por Eduardo Campos e cobrar daqueles que continuam no campo de batalha que deixem o “mais do mesmo”, as agressões levianas e construam efetivamente um novo Brasil. Que a memória do jovem Eduardo Campos seja reverenciada em um País onde a política represente de fato cada cidadão.

 

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