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Música na igrejinha

24 de Julho de 2018, por André Eustáquio

Igrejinha de Nossa Senhora do Rosário de Coronel Xavier Chaves (Foto André Eustáquio)

Há mais de quarenta anos a cidade de Prados recebe em julho alunos e professores da ECA – Departamento de Música da USP - que promovem, em parceria com a Lira Ceciliana, o “Festival de Música de Prados”. Neste ano, o festival chegou à sua 41ª edição, oferecendo aos músicos e à comunidade cursos e concertos gratuitos. O instrumento em destaque do festival deste ano é o Clarinete.

Ao longo de duas semanas, os alunos e a Orquestra do Festival realizam recitais e concertos em Prados e em algumas localidades da região. Na noite do dia 23, segunda-feira, a Orquestra do Festival realizou um concerto na igrejinha do Rosário, em Coronel Xavier Chaves, apresentando repertório para violino solo, violão, flauta e orquestra de cordas.

A pequena e bucólica capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário, construída por volta de 1717 em alvenaria de pedra, abrigou por quase uma hora um ritual diferente do que costumeiramente acontece em seu interior há mais de 300 anos. Ao invés de orações, missas e novenas, a música inundou o espaço sagrado.

Interessante perceber a sintonia do templo com a música. Tal como ocorre nas celebrações litúrgicas da Igreja, o concerto também tem seu ritual típico - silêncio, abstração e concentração elevam o espírito ao transcendente, e fazem da música uma oração plena e edificante.

No retábulo de madeira, imagens de Nossa Senhora do Rosário e de alguns santos de devoção popular. Abaixo, no pequeno presbitério, partituras de J. S. Bach, H. Villa Lobos, Camargo Guarnieri, Janacek, entre outros compositores que sacralizaram a história da música. O sagrado e a arte resguardados por uma fortaleza de pedra transposta pelos sons de violinos, violas, violão, flauta....

Numa noite fria de julho, o concerto na igrejinha do Rosário de Coronel Xavier Chaves mais uma vez canonizou a música, elevando-a ao etéreo patamar de magna arte, capaz de transportar o espírito humano ao transcendente, ao sagrado.

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