A cidade de Belo Vale (MG) vai receber, nos dias 27 e 28 de julho, o 24º Encontro Nacional da Família Reszende – o Reszendão 2024. A programação prevê, no sábado, a noite de caldos acompanhada de viola e, no domingo, a celebração de missa às 9:30, depois do café de boas vindas a partir de 8 h, e visitação ao Museu do Escravo, o único do Brasil e o mais completo da América Latina. As atividades vão contemplar a foto oficial na escadaria da Igreja Matriz de São Gonçalo e o almoço de confraternização com comida feita no fogão a lenha.
A organização do encontro está por conta de Marcos Virgílio Ferreira de Rezende, Luiz Alberto Rezende , Marcelo Rezende, Cassinha (Zé Bitu) Rezende, Alexandre Rezende e Rita Rezende. A ideia de realizar o evento em Belo Vale surgiu em 2007 quando “fui no encontro da Família Reszende em Lagoa dourada”, diz Marcos Rezende. “É um prazer muito grande receber as primas e os primos para o 24º Encontro Nacional da Família Reszende”, diz Marcos Rezende. “Aqui em Belo Vale, assim como em outras cidades da região, estão consolidados vários ramos da família Reszende.”
Em Belo Vale, a família começou na Fazenda da Boa Esperança nos anos de 1876, quando o Capitão Joaquim Pinto de Goes e Lara comprou a fazenda, de acordo com Marcos Rezende. Natural de Resende Costa, Joaquim casou-se com a prima em primeiro grau Maria José de Resende, também resende-costense. Maria José de Rezende Lara é bisneta do Capitão José de Resende Costa (pai), portanto trineta (tataraneta) do casal de açorianos João de Resende Costa e Helena Maria de Jesus, segundo o historiador João Carlos Resende. “Hoje, a família está consolidada na cidade, cultivando e aplicando o lema dos Reszende: Trabalha e confia”, acrescenta Marcos Rezende.
A expectativa da comissão organizadora é receber 150 pessoas no encontro, segundo Marcos Rezende. “Esperamos todas e todos aqui com amor e alegria para celebrarmos o 24º Reszendão. Sejam bem-vindos!”
Fazenda da Boa Esperança
O 24º Reszendão acaba por ser uma homenagem ao município que é sede da “histórica, suntuosa e bela Fazenda da Boa Esperança” (na definição de Antônio Egg Resende), construída em fins do século XVIII (1760 a 1780) e localizada em propriedade de cerca de 300 hectares. Construída por escravos, a fazenda integra um interessante conjunto arquitetônico e paisagístico. Um verdadeiro “palácio rural”, o casarão possui 23 cômodos, salões de visita e outros aposentos, bem como a capela. Ali se hospedaram personalidades ilustres, como o Imperador D. Pedro II.
Segundo a Prefeitura Municipal, a fazenda pertenceu à família Monteiro de Barros. Foi residência do coronel José Romualdo Monteiro de Barros, 1º Barão de Paraopeba, proprietário das terras e de ricas lavras, que chegou a ter mil cativos trabalhando na mineração de ouro na Serra do Mascate. Figura de projeção, o barão exerceu importantes cargos políticos no Império, inclusive como presidente da Província de Minas Gerais na década de 1830. Após a morte do barão, a fazenda foi adquirida de herdeiros pelo casal Maria José de Resende Lara e Joaquim Pinto de Goes e Lara.
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1959, a Fazenda da Boa Esperança foi adquirida, em 1970, pelo Governo do Estado de Minas Gerais (Lei nº 6.485, de 25/11/1974). Em seguida, passou por obras de restauração empreendidas pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG).
De acordo com descrição do IPHAN, é uma construção de taipa e madeira, sobre alicerces de pedra. A fachada apresenta uma extensa varanda em arcos abertos, apoiados sobre oito colunas de madeira e capela anexa à direita. O acesso à varanda é feito por escada de cantaria. Na fachada lateral galeria com vedação de treliça de apurada plasticidade, demonstrativa da criatividade das soluções de nossa arquitetura doméstica. A capela, na varanda, possui um belo altar com trabalhos de talha e rico retábulo com nicho central, enquadrado por pilastras em forma de consolos esculpidos, arrematadas por capitéis coríntios. Sobre o altar destaca-se o sacrário. A ornamentação, complementada por quadros correspondentes ao final do rococó mineiro, é atribuída à Manuel da Costa Ataíde.
Breve histórico
O município mineiro de Belo Vale, a 87 km de Belo Horizonte, tem população de 8.627 habitantes, de acordo com o último censo do IBGE. Foi um dos primeiros arraiais de Minas Gerais, fundado por bandeirantes em 1681 e povoado graças à descoberta de ouro em 1700 nas Roças de Matias Cardoso (atual Roças Novas). Em 1735, o arraial passou a ser chamado de Santana do Paraopeba, em homenagem a Sant´Ana cuja igreja foi erguida graças à descoberta de ouro na Serra do Mascate.
Premidos pela necessidade de terras cultiváveis, em torno de 1760, os fazendeiros procuraram lugares melhores para lavoura e pastagem. Adentraram pelo Rio Paraopeba e deram início, num vale, ao povoado chamado de São Gonçalo, onde ergueram, em 1764, uma igreja. Em 1839, o então povoado de São Gonçalo da Ponte foi elevado a distrito. Em 1914, começaram as obras do ramal Paraopeba da Estrada de Ferro Central do Brasil. No mesmo ano, o nome do distrito foi alterado para Belo Vale.
Inaugurada em 1917, a estação ferroviária gerou grande onda de desenvolvimento ao arraial. Em 1926, foi construída a ponte Melo Viana, obra majestosa para época toda feita de cimento importado da Europa. Em 1938, Belo Vale foi emancipado de Bonfim pelo então interventor de Minas Gerais Benedito Valadares.
Atrativos
Para além da Fazenda Boa Esperança, belas cachoeiras e muita história também são atrativos para os turistas. Situada a 92 km da capital mineira, Belo Vale é conhecida por sua exuberância natural e cultural. Os restaurantes da cidade, que servem a típica culinária mineira no fogão a lenha, estão prontos para receber os visitantes.
Outro patrimônio da cidade é o Museu do Escravo, o único do Brasil exclusivo do período da escravidão. O museu guarda peças e utensílios da época. Criado por lei em 1977, é administrado pela Prefeitura Municipal de Belo Vale. Na comemoração dos cem anos da abolição da escravatura em 13 de maio de 1988, o museu foi transferido da Fazenda Boa Esperança para um prédio construído especialmente para abrigar o seu acervo.
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Fontes: Antônio Egg de Resende, iPatrimônio, Wikipédia e Instituto Estrada Real