Capital Nacional do Artesanato Têxtil


Editorial

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De Capital Mineira do Artesanato Têxtil, Resende Costa passou a ser, desde o último dia 22, a “Capital Nacional do Artesanato Têxtil”. A honraria se deu através da Lei nº 14.929 (de 22 de julho de 2024), decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva. O projeto de lei nº 3.183/2023, que propõe o título e foi aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, é de autoria da deputada federal Ana Pimentel (PT-MG).

O título conferido a Resende Costa é o reconhecimento da importância da tecelagem têxtil para o turismo, a cultura e a economia no município. O setor do artesanato é um dos que mais geram emprego e renda, além de impulsionar outros setores da cadeia econômica local. Em editorial publicado na edição 231, de julho de 2022, o Jornal das Lajes defendeu a necessidade de se planejar o desenvolvimento futuro de Resende Costa, tendo como inspiração naquele ano o reconhecimento do município como Capital Mineira do Artesanato Têxtil. O reconhecimento nacional torna essa necessidade ainda mais premente.

Não há dúvidas de que os dois reconhecimentos (estadual e federal) conferem significativa credibilidade ao principal produto da economia do município e também corrobora o artesanato como destaque principal entre os atrativos turísticos da cidade. No entanto, mais do que isso, a honraria lança desafios ao Poder Público, bem como a empresários e artesãos responsáveis pela preservação do artesanato e da tecelagem têxtil de Resende Costa.

Dentre tantos desafios, talvez o maior deles seja preservar o tradicional e genuíno artesanato produzido nos teares manuais, que estão presentes na maioria das residências na cidade e na zona rural. Inúmeras famílias resende-costenses obtêm seu sustento, direta ou indiretamente, da produção de tapetes, colchas ou outros itens tecidos manualmente no tear de madeira. A atividade da tecelagem, enquanto fonte de renda e opção de trabalho, vem perpassando, há décadas, diversas gerações no município.

A tecelagem artesanal é registrada como Bem Cultural Imaterial pelo município, desde 2016, dada sua importância histórica e cultural para Resende Costa. Tanto a tecelagem quanto a comercialização do artesanato são elementos essenciais para a compreensão do desenvolvimento histórico, social, humano e econômico do município. Por isso é importante compreender, em números, o setor e a cadeia produtiva do artesanato.

Entre 2022 e 2023, ações importantes para a preservação do artesanato foram implementadas em Resende Costa, sendo as principais a criação do Selo de Procedência do Artesanato e o desenvolvimento da IG (Indicação Geográfica) pelo Sebrae. De acordo com o Levantamento da Cadeia Produtiva do Artesanato em Tear Manual, realizado em 2023 pelo Sebrae, 90,2% dos artesãos resende-costenses que responderam à enquete residem na zona urbana; 78,4% são mulheres, 82,4% estão na faixa etária de 25 a 59 anos; 54,9% são casados (35,3%, solteiros); e 74,6% completaram o Ensino Fundamental e o Médio (19,6% têm curso superior). O dado preocupante é o de que 72,5% não participam de qualquer entidade (associações de artesãos e de empresas e associações de bairros). Em relação aos dados econômicos, 86,3% têm o artesanato como atividade principal (78,4% não exercem outra atividade).

O título de Capital Nacional do Artesanato Têxtil é um justo e merecido reconhecimento do quanto a atividade artesanal vem contribuindo para o desenvolvimento econômico e social de Resende Costa e, mais recentemente, de forma direta, para o fomento do turismo. Um exemplo claro disso é a quantidade cada vez mais expressiva de turistas que visitam a cidade, sobretudo no finais de semana e feriados, e se encantam com a beleza e a diversidade das mais de 100 lojas de artesanato localizadas na Avenida Alfredo Penido, que não por acaso recebeu, por meio de lei municipal, o codinome de “Avenida dos Artesanatos”.

A importante honraria nacional que o município passa a ostentar fortalecerá o marketing turístico, mas também desafiará os detentores desse precioso bem cultural imaterial a preservá-lo, a criar políticas públicas e ações que valorizem, sobretudo, o artesão, que se levanta ainda de madrugada para se sentar no tear e nele tecer verdadeiras obras de arte que elevam Resende Costa ao topo de Capital Nacional do Artesanato Têxtil.

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