Demissão de funcionária da Paróquia, a um ano da aposentadoria, repercute em Resende Costa

Além de Rosângela da Penha Pinto Silva, foram demitidos os sacristães Orestes Gustavo José de Resende (matriz) e Alex Andrade Ribeiro (Rosário).


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José Venâncio de Resende0

Igreja Matriz de Resende Costa.

Caiu como uma bomba nas redes sociais a notícia da demissão de Rosângela da Penha Pinto Silva, no dia 30 de junho, da secretaria da Paróquia de Nossa Senhora da Penha de França de Resende Costa, faltando apenas um ano para sua aposentadoria. Os comentários vão desde a surpresa até a indignação. A família de Rosângela reagiu com “muita tristeza”, segundo sua irmã Elisângela Pinto.

Rosângela, há quase 30 anos a serviço da paróquia, foi contratada em janeiro de 1991 pelo então pároco padre João Rodrigues de Paula, tendo trabalhado com oito párocos. Dedicou sua vida ao trabalho, enfatiza sua irmã Elisângela Pinto, que acrescenta: “É uma pessoa muito querida pelos seus familiares e tenho certeza que por muitos paroquianos que nesses anos todos conviveram com ela. Também não tenho dúvida nenhuma da sua competência e honestidade.”

“Difícil entender como uma pessoa trabalha 30 anos em um mesmo local e na reta final de sua aposentadoria é demitida”, questiona Elisângela. “Logo pensei que alguma coisa muito séria poderia ter acontecido, mas me parece que o único argumento foi de mudanças e redução de custos.”

“Difícil entender mudanças tão necessárias neste momento que não levaria em consideração a trajetória de uma funcionária com tantos anos de dedicação”, prossegue Elisângela. “Mais difícil ainda entender essa decisão no momento de crise e calamidade pública que estamos passando pela pandemia.”

“Neste momento em que a solidariedade e a compreensão precisam tanto ser ressaltadas!”, Elisângela questiona ainda por que não se buscou soluções como redução de jornada de trabalho, suspensão temporária, negociações, tudo para tentar manter o emprego, como fizeram outros empregadores. “Essas poderiam ser soluções, se o momento financeiro da paróquia estivesse complicado.”

Em seu “desabafo”, Elisângela ressalta que esta é “uma atitude a princípio sem grandes argumentos de uma entidade que deveria ser a primeira a pensar no próximo”. E conclui: “Mas, sinceramente, gostaríamos muito de entender o porquê desta decisão!”

Outras demissões

Além de Rosângela, foram despedidos, no dia 3 de junho, os sacristães Orestes Gustavo José de Resende, da igreja Matriz, e Alex Andrade Ribeiro, da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Segundo eles, o motivo alegado pelo administrador paroquial, padre Plínio Ataíde da Silva Almeida, que tomou posse no último dia 16 de março, foi a situação financeira da paróquia, em decorrência da pandemia.

Além de sacristão, Orestes trabalhava em serviços gerais no escritório paroquial, desde março de 2014, contratado pelo padre Eder Sebastião Santos. Padre Plínio teria dito ao sacristão que, durante a pandemia, ele próprio e as Irmãs Filhas de São Camilo ficariam responsáveis pela organização das celebrações. “Um fato desnecessário foi a troca das fechaduras da sacristia tanto da igreja Matriz quanto da igreja do Rosário antes mesmo de nos comunicar da demissão, algo sem necessidade, tendo em vista o trabalho realizado durante todos esses anos”, lamenta Orestes.

Também Alex Ribeiro, além de sacristão da igreja de Nossa Senhora do Rosário, realizava serviços gerais na igreja Matriz sempre que necessário, desde fevereiro de 2017, contratado pelo ex-pároco padre Fábio Rômulo Reis. Além do motivo financeiro, o administrador paroquial “disse que não pretende utilizar a igreja de Nossa Senhora do Rosário para as Santas Missas da comunidade como ocorria na sexta-feira às 19 horas e aos domingos às 10 horas. A igreja de Nossa Senhora do Rosário seria voltada para as Missas de Exéquias (Missa de Corpo presente) e não necessitaria de um sacristão fixo, pois a Pastoral da Esperança ficaria responsável por essas celebrações”, informa Alex Ribeiro.

“Ambas as demissões ocorreram de forma desrespeitosa, sem diálogo e sem justa causa”, diz Orestes. “No dia seguinte, após a demissão, procurei o Sr. Padre Plínio Ataíde da Silva Almeida para tentar fazer um acordo, como, por exemplo, o corte de 50% no meu salário até o fim da pandemia. Porém, esta ideia não foi acatada, sendo que já tinha uma outra pessoa trabalhando como sacristão na igreja Matriz, mesmo ele dizendo que não iria ter nenhum sacristão”, completa.

Algumas repercussões

O texto de Elisângela, publicado na página de Toninho Pinto, cunhado de Rosângela, no Facebook, continua repercutindo. Até o fechamento dessa reportagem, havia mais de 70 comentários e cerca de 275 curtidas.

Seguem alguns dos comentários:

Elzi Reis Andrade diz que ficou abalada com a notícia. “A Rosângela sempre honrou o seu trabalho. Digna, correta e dedicada. Sempre muito solícita comigo e com todos. Acredito que merecemos uma explicação para tal demissão.”

A questão das demissões passa não somente pelo bom senso, humanidade, solidariedade, legislação trabalhista e outras questões jurídicas e administrativas, mas também por administrar uma entidade religiosa e comunitária, que é “patrimônio de nossa querida Resende Costa”, com “toda nossa história e cultura”, diz Ângela Maria Resende. “A comunidade precisa ser ouvida através de seus representantes”, completa.

Valquiria Sousa manifesta “indignação” por ser “Rosângela uma pessoa honesta, sempre disposta a servir e tratar a todos com igualdade ! Uma vida a serviço da paróquia!!!”

“São 30 anos, não são três anos”, concordam Regina Resende e Lilia Monica, referindo-se a Rosângela. “Revoltante!”, conclui Regina.

Foi com “indignação” que Adair Fernandes Moreira também reagiu, em sua página no Facebook, contra as demissões na paróquia. Diz não entender a justificativa de “corte de gastos”, quando se realizam obras na casa paroquial e novos funcionários já foram colocados no lugar dos demitidos. Ela ainda questiona se o pagamento de indenização de rescisão de contrato de trabalho não representaria aumento de gastos.

E encadeia outra pergunta: “Como assim corte de gastos, se fora anunciado nas últimas missas do pároco anterior que a paróquia teria um saldo de aproximadamente 500 mil reais?” Por isso, Adair considera: “Essa história está muito mal contada. Tenho certeza que todos os paroquianos vêm dando seu dízimo segundo o costume e que a movimentação do dinheiro continua normal”. Diante disso, ela também exige uma explicação.

Procurado pela reportagem do JL, o administrador paroquial da Paróquia de Nossa Senhora da Penha de França, padre Plínio Ataíde da Silva Almeida, não retornou até o fechamento deste texto.

Clique aqui para ver todos os comentários no facebook:

Facebook de Toninho Pinto: https://www.facebook.com/toninho.pinto.5/posts/3394656633878078

Facebook de Adair Fernandes Moreira: https://www.facebook.com/adairfernandes/posts/3882217355138269

 

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