Desde abril de 2003, muitas páginas foram escritas contando a história de Resende Costa, revisitando o nosso passado, descobrindo e (re)descobrindo pessoas, fatos e acontecimentos da nossa terra e da nossa gente. Essa tem sido, desde então, a missão precípua do Jornal das Lajes, que neste ano completou 19 anos de existência. Algumas pessoas podem nos questionar: afinal, como um jornal impresso, de distribuição gratuita e que conta com poucos recursos financeiros vem conseguindo se manter ativo e com circulação mensal ininterrupta por tanto tempo? A resposta é comprometimento e trabalho incansável de uma equipe que acredita numa causa, num propósito. Qual seja: fazer jornalismo sério.
O JL é fruto do desejo de jovens idealistas de criar um “jornalzinho” em Resende Costa a fim de noticiar acontecimentos, dialogar com o poder público e com a sociedade, além de resgatar capítulos da nossa história que estavam perdidos nas páginas do tempo e no esquecimento da nossa memória coletiva. Daria certo? Sim, deu certo! O desejo desses jovens idealistas conquistou pessoas e as motivou a trabalhar e a se juntar à “família JL”. E uma dessas pessoas foi o nosso querido e saudoso amigo Rosalvo Pinto, que faleceu no último dia 8, aos 80 anos, após longo período de enfermidade.
Não é exagero dizer que a história do Jornal das Lajes é dividida em antes e depois da chegada do Rosalvo ao nosso grupo de colaboradores e amigos. Lembro-me de quando o convidei para escrever para o jornal. Ele prontamente aceitou. Parece que já esperava pelo convite. Mas ponderou:
– Aceito ser um colaborador, porém não tenho condições de, no momento, assumir mais coisas.
Ter o Rosalvo como colunista do JL já seria uma enorme conquista para nós. Intelectual respeitado, escritor de proa e cronista sedutor. Era do que precisávamos. Acontece que tão logo ele se apaixonou pela nossa causa e se tornou o maior entusiasta, defensor, colaborador e benfeitor do Jornal das Lajes. Ele não mais se contentou em ser o autor da deliciosa e famosa coluna “Causos e Cousas”, aguardada por todos os leitores que esperavam, a cada edição, pelos causos do Rosalvo e pelas personagens da história de Resende Costa, as quais ele redescobria e homenageava, sempre com humor, veracidade e muito respeito. Rosalvo tornara-se um membro da equipe editorial, chefe de redação, revisor, integrante do Conselho Editorial e sócio da empresa Jornal das Lajes Ltda.
O JL cresceu se espelhando nas virtudes de Rosalvo Pinto. Não somente pela sua intelectualidade e cultura, mas também por seu exemplo de ética, dedicação, engajamento e amizade sincera. Rosalvo nos cativava e nos tranquilizava por seu espírito conciliador e por seu incomparável entusiasmo.
A atividade jornalística, não raro, nos apresenta situações tensas e desafiadoras que nos fazem muitas vezes querer desistir. Foram muitas ao longo desses 19 anos! E em todas e para todas elas, lá estava o Rosalvo apresentando soluções inteligentes e sensatas, aparando arestas e conciliando opiniões contrárias, às vezes injustas. Era um conciliador, um homem simples e de uma bondade gigantesca.
Apaixonado por Resende Costa, a sua “terrinha”, como ele gostava de falar, Rosalvo se inspirou em nossa cidade para escrever tantas coisas bonitas e desenvolver importantes projetos culturais. E o Jornal das Lajes teve o privilégio de ser um dos canais, uma das pontes que tornaram possíveis a efetivação e a concretização das ideias, projetos e sonhos do Rosalvo para a nossa “terrinha”.
Nesta edição, o Jornal das Lajes se despede não apenas do sócio, colaborador, escritor e colunista. Despedimo-nos de um AMIGO, de um PAI. Estamos tristes e enlutados pela partida do Rosalvo. No entanto, somos eternamente gratos por termos feito parte da sua vida e de sua história. O professor, amigo e benfeitor Rosalvo Pinto permanecerá para sempre imortalizado nas páginas, na história e no futuro do Jornal das Lajes.
André Eustáquio – editor-chefe do Jornal das Lajes e amigo do Rosalvo Pinto.