Já estamos em clima de Ano-Novo e as reflexões sobre o 2022 que está terminando são essenciais. Afinal, o homem é um ser que questiona, já nos ensina essa sabedoria filosófica, que nos distingue enquanto seres pensantes e conscientes da própria existência. Trata-se de um privilégio? Sim, pode ser, mas a capacidade de questionar, inclusive a existência e o que nos circunda, nos torna, além de seres pensantes, pessoas angustiadas, inquietas, às vezes (in)felizes.
Refletir sobre o que fizemos da nossa vida ao longo desses longos 365 dias nos angustia ou causa em nós uma sensação vitoriosa de dever cumprido? Certamente, cada um de nós tem uma resposta para uma pergunta tão individual, subjetiva e particular. A ação humana de pensar sobre o que realizamos ou deixamos de realizar no ocaso do ano é também estímulo para recebermos o ano que está nascendo. Portanto, aí vai a pergunta: o que foi 2022 para você?
Há dois anos, vimos refletindo sobre o drama da pandemia de Covid-19, que trouxe seus efeitos mais devastadores ao Brasil no início de 2021. Quantas vidas foram precocemente perdidas nesses dois anos de pandemia?! Muitas delas vítimas da irresponsabilidade política de líderes que optaram pelo negacionismo. No entanto, superamos os momentos mais críticos e 2022 pode ser considerado o ano da volta. Retorno das atividades comerciais e culturais, como os grandes eventos, viagens, shows e até Copa do Mundo.
Para o brasileiro, 2022 foi ainda mais desafiador. Em ano de eleições presidenciais, sabíamos que o futuro do nosso país estava condicionado às nossas decisões no momento solitário do voto. E não poderíamos fugir dessa responsabilidade cidadã. Mas, o que decidir? Como decidir?
O brasileiro presenciou uma das campanhas eleitorais mais aguerridas, disputadas e tensas da história republicana recente. Ódio destilando de todos os lados, notícias falsas (fake news) contaminando os meios de comunicação, pipocando sem limites e pudores. Como decidir? O que decidir?
Decidimos. O Brasil elegeu seus novos parlamentares, governadores e presidente da República numa eleição limpa, justa e democrática. Aos olhos do mundo demos mais uma vez um show de democracia.
Se existe, portanto, uma palavra que possa sintetizar e traduzir o sentimento e a vontade do brasileiro nas eleições 2022, essa palavra é ESPERANÇA. Após a divisão, o ódio, a mentira e as constantes agressões à democracia e suas instituições, como a imprensa livre, o Judiciário e o Congresso Nacional, o brasileiro gritou um brado forte de ESPERANÇA.
Não esperança de dias melhores ou de um ano melhor. Esperança de construirmos, alicerçados em bases verdadeiramente sólidas, uma nação onde haja respeito às diferenças, onde se busca incansavelmente a justiça social, a paz e a harmonia entre todos. Conseguiremos esse feito? Essa é a reflexão que devemos fazer neste final de 2022 para iniciarmos otimistas 2023.
Quais foram, então, as decisões que tomamos e, ao refletirmos sobre elas, concluímos que se tornaram importantes para a minha realização enquanto indivíduo e cidadão? Se essa reflexão lhe causa angústia, caro leitor, é sinal de que 2022 valeu a pena e que dele e com ele aprendemos muitas coisas boas.
Ouvir, pensar, refletir e agir. É assim que mudamos a nossa vida e a sociedade em que vivemos. Que 2023 seja um ano leve e feliz. Que nossas angústias, pensamentos, medos e incertezas sejam sinais da sabedoria que nos mostra como pensar e onde agir para a construção de um mundo melhor.
Que em 2023 sejamos lúcidos construtores da paz em um mundo onde a loucura e a insensatez insistem em nos angustiar.
Feliz Natal e próspero Ano-Novo!