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A música como pauta

13 de Abril de 2017, por Regina Coelho

Música, música (Sueli Costa/ Abel Silva)

Música, música/ Companheira do quarto dos rapazes/ Entre revistas e fumaça/ Confidente do quarto das meninas/ Entre calcinhas e sandálias/ Música, música/ Farol na cerração dos grandes medos/ A força que levanta os bailarinos/ Elétrica guitarra entre os dedos/ Aflitos e quentes dos meninos/ Música, música/ Irmã, ímã, irmã/ Feroz como a ira do Irã/ Ou mansa como o último carinho/ Quando já chega a manhã/ Música, música.

Interpretada pela baiana Simone, a canção acima encontra na poesia uma bonita forma de definir o que é anunciado já a partir do seu título. Ouvi-la, é óbvio, faz toda a diferença. Aliás, música, acima de tudo, é som, é melodia. E como essa manifestação artística toca a maioria das pessoas! Uma exceção famosa é o grande poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999), que declarava não ser apreciador de música e abominava concertos.

Desgosto dele. Gosto meu e de tanta gente. E vamos combinar o seguinte: a vida movida a música é bem mais interessante. No nosso dia a dia, ela chega de todas as formas. Pelas trilhas sonoras que embalam as cenas de novelas, filmes e peças de teatro ou pelos sucessos do momento que movimentam as academias de ginástica, muitos de qualidade duvidosa, é verdade. Via internet. Pelo rádio, celular ou pela tevê. Em casa, nas ruas, nos shows, bares, carros, estádios e ginásios com seus tradicionais hinos, nas escolas de dança e canto. Em tudo está a música. Nas festas profanas e religiosas, no anúncio fúnebre da igreja, na expressão solitária de alguém que canta enquanto trabalha ou apenas canta. Ou toca. E compõe. De tribos, estilos e línguas diferentes, ou somente instrumental, a linguagem da música é mesmo universal.

Durante a celebração da Semana Santa, a comunidade católica de Resende Costa revive a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, mantendo vivas as tradições desses rituais. Para tanto, a música se faz presente muitas vezes. Sacerdotes, público acompanhante, orquestra, banda e corais garantem a beleza musical de mais uma Semana Santa em nossa terra.

Passado esse período impregnado de religiosidade, novos cenários vão se formando pela cidade. Em praticamente todos eles, não podem faltar as músicas de cada ocasião, para cada emoção ou disposição. Considero oportuno destacar o trabalho corajoso de algumas de nossas meninas cantoras já mostrado por minha colega Vanuza Resende em excelente matéria neste mesmo Jornal das Lajes (set./2016). Louvável também é a iniciativa do Ângelo Márcio com o surgimento da Vibratos Escola de Música, em 2013. Segundo ele, de eventos musicais anteriores “foi detectado o potencial artístico da cidade e a ideia inicial foi a criação de um local onde o ensino da música pudesse ser desenvolvido bem como a formação, estruturação e a produção de grupos artísticos”. Ter feito na UFSJ disciplinas isoladas em Música o fez decidir pela entrada definitiva nesse curso, expandindo seus horizontes e projetos. “Atualmente, ensinamos vários instrumentos e mantemos, gratuitamente, um coral juvenil. Possuímos cursos de violão, bateria e baixo (o último, no Tijuco). Curso de violão nos Curralinhos- dos Paulas e dos Maias. Também já tivemos curso de violão no Cajuru. Temos também, além de outros alunos que se apresentam regularmente, as bandas de alunos Symples Acordes e Mariana & Banda Relikário”, diz Ângelo com justificado orgulho. E não é que Resende Costa conta hoje com uma loja de instrumentos musicais? Situada ao lado da igreja do Rosário, que tenha vindo para ficar a WM Musical.

É muito bom ver os músicos jovens renovando a nossa centenária Banda Santa Cecília, as meninas e os meninos montando seus grupos e ainda o pessoal de todas as idades exercitando o seu talento musical por toda parte.

Está na voz, no instrumento e até mesmo no assobio o que nossos ouvidos captam como música, essa onipresente expressão dos nossos sentimentos e pensamentos.

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