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Abreviações, abreviaturas e siglas

13 de Agosto de 2012, por Regina Coelho

As motos estão espalhadas hoje por toda parte. Consideradas antes um meio de transporte urbano, elas invadiram também a zona rural, substituindo muitas vezes carros e cavalos. Isso é público e notório, mas o termo “motocicleta” praticamente caiu em desuso. Por opção do falante, a forma reduzida “moto” vem ganhando espaço também entre os não tão jovens. O mesmo ocorre em abreviações como foto (fotografia), extra (extraordinário), pólio (poliomielite), quilo (quilograma), otorrino (otorrinolaringologista), endócrino (endocrinologista) e outras mais. Questão de praticidade ou de informalidade, como queiram. Em se tratando de nomes próprios, é sinal de intimidade também: Manu (Manuela), Rose (Roselene, Roseane...), Edu (Eduardo), Fred (Frederico), Lu (Luciana, Luciene, Luísa...), Belô (Belo Horizonte), Pelô (Pelourinho), Sampa (São Paulo), Floripa (Florianópolis) são uma pequena amostra disso. E até na linguagem do futebol as abreviações estão presentes no anúncio de clássicos como Fla - Flu (Flamengo x Fluminense), Gre - Nal (Grêmio x Internacional), Atletiba (Atlético Paranaense x Coritiba) e Bavi (Bahia x Vitória) formando uma composição interessante.

Também garantindo a economia de letras, é possível contar com as abreviaturas, ou seja, a redução na escrita de certas palavras, limitando-as à letra inicial ou às letras iniciais e/ou finais dos vocábulos representados graficamente. Assim, “h” é hora(s), “séc.” é século e “cel.” é coronel. Perigoso nisso é o sujeito desconhecer o código da abreviatura e ler, por exemplo, como já me garantiram ter acontecido numa cerimônia de formatura, “Ilmo” (em vez de Ilustríssimo) Fulano de Tal, dirigindo-se ao paraninfo.

Essas observações me vieram a propósito das siglas, ou melhor, da profusão delas nos dias atuais. Formadas a partir da reunião de letras ou sílabas iniciais dos vocábulos fundamentais de uma denominação ou título, elas se multiplicam por aí. Partindo daquelas que já são tradicionais e representam nomes de estados da federação (MG, RS, PA...), órgãos públicos ou não (IBGE, SESI...), tributos (IPVA, IPTU...) e afins, pelo presente momento eleitoral, ganham visibilidade obrigatória as siglas dos 30 partidos políticos brasileiros registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Dispostas às vezes em improváveis e surpreendentes coligações ou em posição de confronto, elas são ingredientes de uma encorpada sopa de letrinhas. Vejam: PMDB, PTB, PDT, PT, DEM, PC do B, PSB, PSDB, PTC, PSC, PMN, PRP, PPS, PV, PT do B, PRTB, PP, PSTU, PCB, PHS, PSDC, PCO, PTN, PSL, PRB, PSOL, PR, PSD, PPL e PEN.

Uma breve análise sobre o uso das siglas deixa claro que muitas delas estão em alta. DNA (em inglês: DeoxyriboNucleic Acid – ADN, em português: Ácido DesoxirriboNucleico), por exemplo é faladíssima. Tudo por causa do exame que leva esse nome, que é usadíssimo. BO (Boletim de Ocorrência) também. Parece que o termo já virou até sinônimo de barraco, confusão. E tem também SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), UPA (Unidade de Pronto Atendimento). MMA (Mixed Martial Arts – em português, artes marciais mistas) e GPS (Global Positioning System – em português, geoposicionamento por satélite), entre outras.

Especificamente entre os adolescentes, BV (Boca Virgem), BVL (Boca Virgem de Língua), BFF (Best Friend Forever = melhor amigo para sempre) e MP (Mente Poluída) estão bombando. Novidade pra mim foi saber que S.O.S. (Só o Olho Salva) é o comentário feito pelas meninas quando o cara é feio. Deve continuar valendo também como pedido de socorro (Save Our Souls = salve nossas almas).

Nesse universo de siglas que compõem um vocabulário à parte, destacam-se aquelas há muito consagradas pelo uso geral. Entre elas CD (Compact Disc – em português, disco compacto), DVD (Digital Versatile Disc – em português, disco digital versátil), CTI (Centro de Terapia Intensiva), UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e SUS (Sistema Único de Saúde). Outras vão surgindo sem que as pessoas delas se deem conta. Aí estão as embalagens PET (de Polietileno Tereftalato) e o TNT (Tecido Não Tecido), material usado na confecção de sacolas, toalhas de mesa, cortinas e demais peças em substituição às matérias têxteis tradicionais.

Pois é, por todos os lados estamos cercados de siglas. De nomes de famosos como JK (Juscelino Kubitschek), FHC (Fernando Henrique Cardoso), ACM (Antônio Carlos Magalhães), BB (Brigite Bardot), J. Lo (Jennifer Lopez) e PC Farias (de triste memória) a programas de tevê como o CQC (Custe o Que Custar) e o BBB (Big Brother Brasil). E de termos ligados à área médica como AVC (Acidente Vascular Cerebral), HA (Hipertensão Arterial), DST (Doença Sexualmente Transmissível), e TB (Tuberculose).

Ufa! Deu canseira fazer esse levantamento. E nem coube tudo aqui, inclusive a linguagem abreviada que se vê na internet e no celular, assunto para uma possível futura matéria.

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