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Irmã Maria Geralda

13 de Setembro de 2011, por Regina Coelho

Irmã Maria Geralda celebrou 50 anos de vida religiosa

Pessoas como a irmã Maria Geralda Resende, religiosa do Bom Pastor, são a perfeita tradução do que escreveu um dia o poeta alemão Bertolt Brecht sobre aqueles que lutam a vida toda – esses são os imprescindíveis.

Assim é a prima Maria Geralda. Sempre tive conhecimento de seu trabalho firme e corajoso junto aos marginalizados, o que é motivo de orgulho para a família e inspiração para esta coluna, quando se comemora o Jubileu de Ouro religioso dessa admirável resende-costense. Por solicitação minha recebi dela o seguinte testemunho:
 

Meu Jubileu de Ouro
 
“Sou a Ir. Maria Geralda Resende, nasci em Resende Costa, MG, a mais velha de oito irmãos. Meus pais, Vera e Alcindo, ela, professora e ele, escrivão da Coletoria Federal, católicos praticantes, me ensinaram desde cedo a amar Jesus e a Eucaristia. Fiz parte da Cruzada Eucarística e no dia em que completei seis anos, entre meus pais, fiz minha Primeira Comunhão. Disseram-me que tudo que eu pedisse a Jesus nesse dia, Ele me concederia. Na minha cabeça de criança pedi a Ele que queria ser religiosa, ser toda d’Ele, mas, se quando crescesse, eu gostasse de outra coisa, que Ele estava dispensado de atender meu pedido. Fiz meu curso primário no Grupo Escolar Assis Resende e depois fui estudar com as Filhas da Caridade em São João del-Rei e Barbacena, onde em 1958 terminei o Curso Normal. Naquele ano, em abril, uma amiga pediu que eu a acompanhasse ao Instituto Bom Pastor, onde ela ia se encontrar com um salesiano, padre Bartolomeu Poli. Ao entrar na capela, foi como se um raio me atingisse e eu escutei bem forte: É aqui que eu te quero. Comecei a chorar e penso que naquela hora Deus me mudou, tomou posse de mim, cumpriu o que eu lhe tinha pedido aos seis anos. Entrei na capela chorando muito, e o padre, assustado, perguntou o que eu tinha. Disse-lhe que eu ia ser religiosa daquela congregação que nem conhecia ainda. Ele pediu que eu lhe procurasse depois de 15 dias, mas quis conhecer as Irmãs, e naquele dia escrevi uma carta à Madre Provincial pedindo-lhe para ingressar na congregação. A resposta só veio em agosto. Nesse período, fui catequista, filha de Maria e minha vida mudou totalmente. Perdi o interesse por filmes e bailes. Fiz minha profissão religiosa em 15 de agosto de 1961, e desde então sirvo ao Senhor trabalhando pelos mais pobres e marginalizados. Residi em várias cidades, fiz o ISPAC (Instituto Superior da Pastoral Catequética), com estágios na Penitenciária do Carandiru, em São Paulo, no tempo da ditadura e me especializei em catequese para adultos. Morei em várias cidades, sempre sabendo que estava no lugar certo, fazendo o que Jesus me pedia. Agora faço 50 anos de Vida Religiosa Consagrada. Como presente, Jesus me levou para conhecer Sua terra. Estou chegando da Terra Santa, encharcada de bênçãos e graças, vendo tudo colorido. Agradeço a todos que me ajudaram a chegar até aqui, e ofereço a cada um meu Jubileu de Ouro. À minha família, congregação, amigos, às pessoas que por mim passaram, aos pobres, às mulheres prostituídas, aos jovens, aos presos, a todos que fizeram parte da minha vida, deixo aqui o meu agradecimento”.
 

Rumo a São Sebastião
 
Lilia Lara
 
Integrei-me à comitiva familiar em Barbacena. No dia 13 de agosto último, seguimos para São Sebastião (SP) com o objetivo de participar da festa dos 50 anos de vida religiosa de minha sobrinha. Ficamos hospedados numa pousada das Irmãzinhas do Coração Imaculado de Maria, um lugar tranquilo e com uma praia “particular”, pois o quintal da pousada dá para a praia. Não podíamos desperdiçar aquela dádiva de Deus – o mar todo por nossa conta. Aliás, a mineirada, quando avistou aquele mundão de água, a criançada principalmente, começou a gritar: ao mar! ao mar! “ao mário!” Foi divertido.

Dia 15, participamos de um almoço oferecido aos familiares da Irmã Maria Geralda, padres e religiosas. À noite, o momento mais importante: a celebração da missa festiva presidida pelo padre Zezinho, amigo e companheiro de jornada da Irmã Maria Geralda. Guardo comigo em especial uma cena emocionante: a homenageada caminhando pelo centro da igreja, de braço dado com sua mãe, minha irmã Vera, sempre altiva e serena, do alto de seus lúcidos 95 anos, orgulhosa da filha.

Durante a homilia, Padre Zezinho destacou a atuação incansável de nossa querida religiosa nas ruas e nos presídios para falar com os sofridos, encorajando-os e ajudando-os a uma vida melhor. Em seguida, o ponto máximo da solenidade: Irmã Maria Geralda renovou seus votos e cantou uma bela consagração. Ao final da missa, recebemos uma bênção especial ao som da consagrada música que exalta o valor da família, com a interpretação de seu próprio autor.

A programação culminou com um coquetel, e apresentação de um vídeo sobre a vida de Irmã Maria Geralda contendo imagens inclusive de Resende Costa, cidade que a viu nascer para, a exemplo de sua inspiradora, Santa Eufrásia, seguir as pegadas do Bom Pastor.

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