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A carne é fraca

10 de Janeiro de 2011, por Rafael Chaves

Depois do frango, que virou ícone, representativo da proteína levada à mesa de todos os brasileiros, vem o churrasco, onde, também, cabe o frango.

E agora Resende Costa tem uma churrascaria! Que sucesso! Que beleza!

Esses dias eu tenho tomado umas cervejas por lá. Sento em uma das mesas da varanda e fico observando as crianças brincando no parquinho e correndo pelo pátio, os grupos de amigos e de amigas entrando e saindo, os casais namorando, as famílias se fartando, os turistas... Todo mundo querendo comer churrasco.

É interessante ver as meninas e senhoras de sapatos ou sandálias de salto alto, com seus melhores vestidos ou jeans, indo à churrascaria. E os meninos e homens com suas bermudas, camisetas e tênis. É meio contraditório. Não que isso seja uma regra, mas parece acontecer mesmo desse jeito: mulheres arrumadas, homens esculhambados. Talvez porque os homens tenham incorporado melhor a cultura do churrasco, que é a da descontração. Ou alguém já ouviu uma turma de mulheres combinando fazer um churrasco num final de semana qualquer?

Churrasco, do jeito que conhecemos, parece ser um prato típico brasileiro. Pelo menos temos um jeito próprio de fazê-lo. Os americanos fazem churrasco de hambúrguer (credo!). Os argentinos se gabam é do bife de chorizo - que é o contrafilé, assado na brasa, ou lenha, só isso. Os alemães adoram é salsicha. Os franceses provavelmente fariam churrasco de carne moída: uma pelotinha para cada um.  Com a variedade de carnes e outras coisas mais, acredito que só aqui, no Brasil. Aqui churrasco é com carne de boi, de porco, de frango, de búfalo, de capivara, de javaporco, de tudo que é bicho. Fora as linguiças e a variedade de cortes da carne, como a picanha, que é também um corte tradicional nosso.

Dizem que foram os gaúchos que inventaram o churrasco. Contam que os gaúchos, campeando o gado nos pampas, resolveram espetar numa vara de pau uns pedaços de carne e puseram para assar sobre uma fogueira. Como a carne estava sem tempero, meteram a mão no cocho de sal grosso do gado e untaram a carne com essa mistura. Assim nasceu a receita do churrasco gaúcho, que tanto sucesso faz nas beiras de estradas do país inteiro. 

Se churrasco é sinônimo de descontração e até de improviso, tem também ciência. Não é fácil fazer um bom churrasco (o Vinícius do Tinô que o diga), mas de médico e churrasqueiro todo mundo tem um pouco. Manuais, receitas e dicas de como fazer churrasco se espalham, sem dó nem piedade. Sacrilégio ou não, existem receitas de churrasco até para vegetarianos. Não adianta espernear, se sai do espeto cai na brasa.

Está estabelecida a confusão! Afinal o churrasco é feito com lenha ou na brasa? No “bafo” ou a céu aberto? Na grelha ou no espeto? Com sal grosso ou fino? Ou pode-se usar outro tipo de tempero? Qual a maneira correta de se cortar a carne? Serve-se a carne sangrando ou bem passada?... Bom mesmo é que, numa churrascaria, sempre haverá algum tipo de carne de que você goste mais, e no ponto que você queira.

Churrasco é prato democrático, assim com o é o frango. Bem mais caro, talvez, mas nada que não se possa contornar. Se não tiver dinheiro para uma picanha, dá para fazer um bom contrafilé; se não tiver peito, serve a asinha do frango (que, nesse caso, é mais gostoso!); se não puder comprar o lombo, a costelinha ou o pernil não deixam nada a desejar.

E agora, graças a Churrascaria do Marquinho, não estaremos mais condenados exclusivamente ao frango do domingo. Bom apetite!

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