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Alexandria

15 de Fevereiro de 2013, por Rafael Chaves

Esse mundo de meu Deus é grande. Mundo mundo, vasto mundo! Tão grande que a gente se perde, e encontra surpresas inesperadas. Jamais quereria ser eu um vegetal, condenado a sentir o mundo de um só ponto de vista. Nem animal! Mesmo as aves migratórias condenam-se à mesma rota, todos os anos. O mundo é tão grande que eu gostaria de conhecê-lo todo. Todos os seus cantos. Até tu, Alexandria, eu quero conhecer um dia.

Eu não sei se todo mundo é assim, mas eu acordo praticamente todos os dias pensando em viajar. “Aonde eu irei durante as minhas férias este ano?”, penso. E canto “deu prá ti, baixo astral, vou prá Nova York, tchau...”. A vontade e o impulso são tantos que Porto Alegre é trocada por Nova York. Mas está explicado: tudo depende do astral.
A questão talvez não seja o tamanho da terra, afinal ela é limitada, nos seus 40.075 km de circunferência. Se pudéssemos viajar a 100 km/h, initerruptamente, sem dormir, em linha reta, em pouco mais de 16 dias teríamos cumprido toda a viagem em sua circunferência. Entretanto, o máximo que teríamos seriam imagens do que se pode ver a 100 km/h, em uma rota só, num só sentido. Ou seja, praticamente nada do que nela realmente tem para se ver!

O mundo que eu vejo agora da janela de minha sala se resume a uma casa amarelo clara, com telhas de barro e janelas de madeira e atrás dela folhas de uma árvore frondosa cuja copa se ergue acima do telhado da casa e acima disso um céu com nuvens ameaçando chuva. Essa é a imagem que tenho durante praticamente 8 horas por dia, de segunda a sexta-feira. Mude o céu, conforme o clima e mude as folhas das árvores, conforme a estação, mas é isso que vejo. Dedicamos muito de nossa vida vendo as coisas de uma só maneira, de um só ângulo. E seguimos sem ver o que há por detrás dessa casa ou dessa árvore! Pior, nem sequer tentamos imaginar o que haveria lá do outro lado...

Alexandria apareceu na minha vida como uma dessas surpresas que a vida, ou melhor, a terra nos reserva. Entre mim e a janela existe outro jeito de ver o mundo, na tela de um computador. Quando Alexandria surgiu na minha frente eu quase que imediatamente busquei nos recônditos de minha memória quando eu teria ouvido falar de Alexandria. Voltei aos bancos da Escola, a uma aula de história do ensino fundamental e redescobri a famosa biblioteca de Alexandria, aquela que sonhou reunir todos os manuscritos existentes na terra.

Mas a Alexandria que insistia em saltar aos meus olhos estava localizada no agreste nordestino, no extremo sudoeste do Rio Grande do Norte, encravada aos pés da Serra da Barriguda. E eu que cheguei a ter lampejos de orgulho por essa terra ao mesmo tempo inóspita e cultural, fui descobrindo que Alexandria se gabava não de sua biblioteca, mas da Barriguda, eleita a primeira maravilha do Rio Grande do Norte! (Ah Genipabu, Ponta Negra, Redinha, Maracajaú, Pipa e tantas outras. Ah Fortaleza dos Reis Magos...) E que Alexandria não fazia nenhuma homenagem ao conhecimento, senão, fazia reverência à mulher de um dos seus governadores, a Sra. Alexandrina Barreto Ferreira Chaves.

O mundo é grande e inesperadas são as suas razões. É por isso que eu desejo viajar; é por isso que me bate essa vontade de conhecer Alexandria. A Alexandria no Egito e a Alexandria no Rio Grande do Norte.

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