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Goiabas e carnaval

10 de Abril de 2011, por Rafael Chaves

Esse carnaval, feriadão, meus planos foram, literalmente, por água abaixo. Vá chover assim lá na... na monção indiana, lá no Havaí (para não dizer outro nome, um nome muito feio!).

Sexta-feira ainda deu prá sair nas domésticas. Mas de doméstica ninguém liga prá nada! Estávamos lá, na casa do Chimbica, ele próprio, eu, o André do Pimpa, o João do Góes, o Duda, o Bieca e o Dr. Luiz, todos femininos como manda a tradição, e o Zezé Espinho, este sem honrar a tradição, no aquecimento: whisky (enquanto durou), cerveja, pinga e tira-gosto. Daí que não precisa explicar o que estava por acontecer. Que água de chuva seria capaz de nos acordar de nosso sonho feminino, de ser mulher um dia no ano? Que água de chuva seria capaz de diluir essas bebidas todas, até virar água fraca? Nenhuma! Pois que chovesse, pois que chova toda sexta-feira de carnaval! Amém!

E falando em Zezé Espinho tenho de fazer um parêntesis. O Zezé, aquele mesmo, que há alguns anos nos surpreendia a cada carnaval, a cada domésticas, travestido e incorporado das mais lindas, maravilhosas e características mulheres, não sai mais. Deu-se o título de hors concours, aposentou-se, para nossa decepção. Tem gente que faz falta, O Zezé faz falta! Mas felizmente ele já confidenciou que em 2012 sai do armário. (do arMário embutido!). Aguardemos, aguardemos ansiosamente.

Depois das domésticas vem a dor de cabeça, a ressaca. E a ressaca moral, de se ver ali, em frente ao vaso sanitário tentando descobrir a braguilha do vestido, e em frente ao espelho esfregando a cara ainda de batom, sombra e blush - cadê a peruca? Quem sou eu? Que estou fazendo aqui? A mim, o que restava era resgatar os meus planos e minha masculinidade: roça! Lá na roça eu poderia me restabelecer!

Chovia, chovia, chovia. Esperei pelo sábado, domingo, segunda-feira, terça-feira, cada manhã, cada tarde, na esperança de a chuva dar uma trégua, de o céu mostrar-se azul, como foi criado, mas nada. A chuva implacável, intermitente, insistiu em cair. Porque ao contrário das domésticas, chuva não combina nem um pouco com roça. Que fazer na roça, se nem o rio Santo Antônio os cavalos conseguiriam atravessar para eu ir lá no Zé Mário da Restinga comer um frango caipira? O jeito foi ficar na cidade, esperando o que não veio, o tempo bom, ainda que sujeito a chuvas e trovoadas no decorrer do período, mas só no decorrer do período e não o dia todo, como de fato aconteceu.

Acabei arrumando um programa de que jamais havia participado. Eu, um são-joanense nato, jamais havia visto desfile de escolas de samba na avenida, em São João del-Rei. Então lá fui eu, no derradeiro dia de carnaval, na terça-feira - que as escolas de samba tiveram, por causa das chuvas, de adiar seus desfiles do domingo - sentado na arquibancada, chuva caindo, vendo as escolas passarem. Valeu a pena! Valeu a pena ver aquela passista cheia de penas e pernas, rebolando na avenida, jogando beijos a esmo. Mas um me acertou:

Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela, é ela mais que menina
De sexy gingado
Sambando na praça...
Ah se ela soubesse...

Em 2014 o carnaval será novamente em março, junto com a enchente das goiabas, junto com as águas de março fechando o verão. Se viver até lá vou sair nas domésticas na sexta-feira, como sempre. Mas tenho um plano “B” para os outros dias. Vou comprar sombrinhas e guarda-chuvas no Paraguai e vender na avenida. Vai chover dinheiro em mim!!! De sorte, quem sabe, ainda tenho a chance e o prazer de ver aquela mesma passista desfilando?!

Viva o carnaval e as goiabas!
 

E o monumento aos ex-combatentes da II Guerra Mundial?

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