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Hahaahha

13 de Julho de 2017, por Rafael Chaves

Hoje vou me permitir rir. Vou comemorar.

Vou, apesar do STF (Supremo Tribunal Federal), do Congresso Nacional, do Temer. Sim, desses que, diuturnamente, tripudiam de nossa inteligência, assombram nossos sonhos, destroem nossas esperanças, inviabilizam nosso país, patrocinam a impunidade, cagam e andam para nós e por aí vai, ou vão...

Como não posso rir literalmente aqui, tipo enviando uma foto minha cheia de contentamento, haverei de rir literalmente, com letras.

- Pai, como os químicos riem?

- Hã? 

- Potássio, potássio, potássio, potássio, potássio...

É, os químicos riem deste jeito, com o símbolo do elemento potássio: KKKKK... Ri-se com a letra “k” maiúscula ou minúscula, com duas ou três letras ou com muitas, muitas “k”, dependendo do tamanho e da qualidade do riso que se quer contagiar.

- Kkkkk... – um riso potássico para vocês.

Normalmente eu rio “rs”. Um “rs”, ou vários “rs”, dependendo da minha alegria. Não sei porque rio dessa forma, que me parece uma síncope da palavra risos. Pensando aqui, sempre evito o “k” para rir. Talvez em razão de o potássio ser um metal e eu não ter aparelhos ortodônticos nos dentes para rir metalicamente.

- Rsrsrsrs...

Saber escrever qual riso se quer transmitir é muito importante, embora a gente sempre o faça de modo automático. Afinal, ninguém está nos vendo quando rimos nas mensagens.

Digamos que alguém, a esta altura, entediado com meu assunto, me mande a seguinte mensagem:

- Ôh, tem piada melhor para contar não?

Eu não poderia responder com um “kkkkk...” ou “rsrsrsrs...”. Afinal, meu interlocutor não está achando graça nenhuma no que estou dizendo.

- Ra ra ra ra... – riria para ele.

Este riso com o “ra” é o riso sarcástico, de desdém. É o “fodam-se” do Ministro do STF Marco Aurélio Mello restituindo o mandato de senador e garantindo o bronzeado do sol redondo da Zona Sul do Rio de Janeiro para Aécio Neves, o corrupto flagrante beneficiado pela presunção de inocência.

O riso depende do idioma. Lembrei-me de uma amiga, brasileira, que incorporara de tal modo o Paraguai em sua vida, pelos anos que vivera lá, que sempre ri para mim assim:

- Jajajajaja...

A primeira vez eu estranhei, não entendi nada, bulhufas. Não sabia se o “já” era de um “já me vou, tchau” ou mesmo obra do corretor ortográfico dela, este que nos coloca em situações muitas vezes embaraçosas, pouco risíveis. Não, nenhuma dessas. Acontece que o “j” em espanhol tem som de “r” e, então, na verdade ela ria para mim um sonoro “rararara...”.

- Rsrsrsrs... – rio de mim mesmo.

Falar nisso, o riso mais sem graça que conheço no mundo é o inglês. Riem “lol”. Lol é a abreviatura de laughing out loud cuja tradução é “rindo alto” ou lots of laughs cuja tradução é “muitos risos”. Ou seja, em Inglês não interessa seu estado de humor ou o tipo de sorriso que você queria expressar, ri-se monotonamente sempre. Seria como o riso do Temer, explicando a necessidade das reformas da previdência e trabalhista para superar a crise financeira provocada pelos juros pagos aos banqueiros, mas que o povo tem que pagar.

- Ho ho ho ho... – ri também o Congresso Nacional, natalinamente, ameaçando nos dar de presente a aprovação das reformas. Pior que tem gente que ainda acredita em Papai Noel.

Ops, eu quero é comemorar.

- Hahaahha... – rio este riso ao mesmo tempo evidente e embaralhado, errado e correto, torto e direito, entretanto muito feliz que num dia qualquer alguém me mandou e que também me fez muito feliz e ao mesmo tempo evidente e embaralhado, errado e correto, (a) torto e (a) direito.

Hoje é meu aniversário. Viva eu!

- Hahaahha...

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