Não dá! Não dá mais! O mundo virou uma bolinha e não há inquisição no mundo que mude isso. Galileu Galilei que o diga “deve estar a essa hora remexendo o que sobrou dele, lá em que túmulo estiver”. Ninguém mais fala que vai viajar para São João del-Rei. Isso lá é viagem?! Que nada, definitivamente isso não é mais uma viagem! Viajar hoje é viagem pra mais de 200 quilômetros e olhe lá se não for mais. Sabe quanto custa uma passagem de avião, ida e volta, de Belo Horizonte para São Paulo? Não? Pois custa R$150,00, o mesmo preço de uma passagem de ônibus. Não tem jeito, só não viaja quem não quiser. E por um pouco mais você visita o nordeste, toma um banho de mar e come camarão VG, quiçá uma lagosta. Mais um pouquinho e você atravessa fronteiras, mares e oceanos. Aí você come bacalhau em Lisboa, toma champagne em Paris, saboreia uma paella na Espanha, desfruta uma massa suculenta na Itália e por aí vai... Além do mais, paga sua passagem e seu hotel em dez vezes sem juros, tempo suficiente para você trabalhar até ter direito às suas próximas férias e, aproveite, viajar de novo.
E sabe o que você vai encontrar aonde for? Vai encontrar alguém falando inglês. Porque a bolinha fala uma língua universal: o inglês. Não adianta querer escapar. Todo mundo fala inglês. Essa história de que a língua mais falada do mundo é o mandarim é coisa que funciona lá na China, é coisa de quantidade, só quantidade, que é o que chinês sabe fazer! E ainda que você viaje para a China, se falar inglês vai se safar.
Diz-se que há quatro coisas boas para se fazer na vida: comer e viajar. E como é que você vai aproveitar tudo que essas maravilhas podem lhe oferecer, em toda sua plenitude, se você não souber falar inglês? Lamente, “tea with me, I book your face!” não tem jeito mais não! Se vira! E você não vai querer se virar somente com hamburguer e cheeseburguer, vai? Lembre-se de que comer é, também, um dos prazeres dessa vida.
Está chegando num ponto em que se você não souber falar inglês não vai conseguir nem vender seu artesanato. Qual atendente de loja em Resende Costa ainda não teve a oportunidade de ouvir um “How much is it?”? Quantos estrangeiros dão uma passadinha em Resende Costa para ver/comprar artesanato? Sabe dar seu preço em dólares americanos? Em Euros? Ih... Pois é, as pessoas estão viajando, o mundo tá girando e, inclusive, de vez em quando, dá um stop em Resende Costa!
A primeira lição de Inglês, pelo menos há algum tempo nas escolas era assim: “It is a book”, fala o professor, mostrando um livro. Ato contínuo põe o livro sobre a mesa e diz “the book is on the table”. Ainda é assim? Talvez coubesse ao professor hoje em dia apontar uma representação do globo terrestre e dizer “It is the world”, depois pegar esse mesmo globo com as mãos e dizer “the world is in our hand”. Sim, o mundo está em nossas mãos, de acordo com nossas possibilidades, é obvio.
Mas não vale colocar a culpa na possibilidade. Se de todo não der para ir aonde você quer pessoalmente, por qualquer que seja o motivo, você ainda tem a internet. Digite lá aonde você desejaria ir e ela lhe mostrará, com certeza, imagens e sensações. Não é a mesma coisa, mas não deixa de ser uma viagem.
Concorda? Não! Então deleta. Mas “the book isn’t on the table anymore. There is a world and people waiting for you and you decide what you will do.”
The book is on the table
09 de Outubro de 2009, por Rafael Chaves