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Prefeitura Municipal adquire casa e deve ajudar a ampliar espaços físicos da Escola Estadual Assis Resende

19 de Janeiro de 2022, por Edésio Lara

A foto que ilustra esse artigo é de um quadro pintado pela minha mãe em 1948, aos 20 anos de idade. Nela nota-se como era o imóvel naquela época, com suas cores em amarelo e vermelho, sua vizinhança, bem como o tipo de calçamento, que era feito de pedras arredondadas, e poste colocado no centro da praça.

A Escola Estadual Assis Resende foi fundada em 1919. Em todos os aspectos, cresceu ao longo de um século de atividades. Durante esse tempo a escola viu surgir demandas e, consequentemente, viu-se obrigada a implementar ações fundamentais para poder atendê-las. Entre elas, a mais grave: o limitado espaço físico do edifício não satisfazia mais às necessidades de seus usuários. Nas duas últimas décadas, as complicações enfrentadas pela escola para receber seus mestres, demais servidores, alunos e aqueles que a visitam se intensificaram. A escola, por esse motivo, deixou de acompanhar o notório desenvolvimento da cidade ocorrido ultimamente.

Obrigação de oferecer conforto e ambientes apropriados para atividades acadêmicas tornou-se realidade para o educandário da cidade. Salas multiuso para artes, ambientes semiabertos para educação física e recreio dos estudantes, sala para reuniões e biblioteca estão no topo da lista de pleitos considerados urgentes para o bom andamento dos trabalhos de todos no dia a dia da centenária Escola Assis Resende.

No Assis Resende eu e meus seis irmãos estudamos. Quase todos os resende-costenses também se instruíram lá. Nela, minha mãe Terezinha Macedo Lara Melo foi professora durante anos. Momentos maravilhosos da nossa infância foram vividos ali. Não por acaso, nossos olhares se voltam para a escola repletos de boas lembranças e de profundo agradecimento. Ao longo do tempo e morando ao lado dela, nos tornamos testemunhas de demandas surgidas que o edifício, construído no início do século XX, não dava mais conta de atender.

No dia 17 de maio de 2012, minha mãe, já viúva, veio a óbito. Estava com 86 anos de idade e residia, desde a década de 1970, na casa que anteriormente pertenceu aos seus pais, Joaquim Pinto Lara e Heloísa Macedo Lara. Após sua morte, decidimos que a venderíamos, mas, preferencialmente, para o governo do Estado de Minas Gerais a fim de vê-la anexada à Escola Estadual Assis Resende. Houve empenho da direção da escola, da Secretaria de Educação do Estado e de políticos para a efetivação do negócio. Com tudo acertado entre as partes e faltando dez dias para a assinatura de documentos, a negociação foi bruscamente suspensa pela parte compradora. Passados oito anos, coube à Prefeitura Municipal de Resende Costa tomar a frente e adquirir a residência, após aprovação unânime da câmara de vereadores.

Residência da família constituída pelos meus avós Joaquim Pinto Lara e Heloísa Macedo Lara e filhos, ela se destacava não somente pela sua beleza, mas também por ser um local cheio de vida onde se ouvia e tocava boa música, produzia vinhos (vinhos de laranja), doces de laranja, de leite e goiabadas colocadas em grandes caixetas. Num imenso forno aquecido a lenha, produziam-se os biscoitos, bolos e roscas, que eram servidos a todos nos cafés da manhã, no meio da tarde e no início da noite. Além disso, e como acontecia em quase todas as casas do município até meados dos anos 1960, havia a criação de porcos e galinhas e colheita de frutas das árvores que cobriam o seu imenso quintal. O local era vivo, alegre.

Da casa dos meus avós, Sô Quinzinho, maestro, compositor e instrumentista, e Dona Nhazinha, cantora e violinista, saíam músicos a cantar e tocar seus instrumentos musicais pelas ruas da cidade. As serenatas eram um dos acontecimentos mais apreciados pelo povo. Elas agradavam os artistas, aqueles que os acompanhavam nas caminhadas e os que tinham seu sono interrompido para ouvir músicas e agradecer a lembrança e as homenagens recebidas.

A parte de baixo da casa era o local de trabalho do meu avô, que desenvolvia duas atividades: a de sapateiro e a de escrivão. No fundo do cartório, havia sempre uma frase basilar: “Quem não registra não é dono”, para indicar que não basta ter escritura de um imóvel, é preciso registrá-lo. Ela ficava ao lado de um grande painel com a imagem do presidente Juscelino Kubitscheck. Agora o “prédio”, como eram chamadas as casas nas primeiras décadas do século XX, deixa de pertencer aos filhos de Geraldo Melo e Terezinha Macedo Lara Melo para tornar-se da municipalidade. E que as boas energias de antes permaneçam.

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