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Teremos Carnaval em 2022?

17 de Novembro de 2021, por Edésio Lara

Eu não tenho notícia de que o Carnaval em Resende Costa deixou de ser realizado alguma vez. Desde que a festa de Momo começou a fazer parte do calendário de eventos da cidade, ela sempre aconteceu e com bastante entusiasmo e participação do povo.

Resende Costa tem uma história bonita do seu Carnaval. Tudo começou, e timidamente, na década de 1940, sob olhar desconfiado de lideranças religiosas, principalmente. Mas não teve jeito e a festa foi ganhando corpo até se estabelecer definitivamente a partir de meados dos anos 70. Antes dessa época, ele era todo dançado dentro do Teatro Municipal. Havia, sim, festa na rua, mas o bom mesmo acontecia dentro do teatro, que não aceitava menores de idade no recinto para os concorridos bailes noturnos. A música ficava por conta dos instrumentistas da Banda de Música Santa Cecília, de Resende Costa, ou de algum conjunto contratado de outro lugar. Eu mesmo, na requinta, cheguei a tocar em alguns bailes.

Como o teatro não se constituía em espaço mais adequado para bailes de Carnaval devido às suas dimensões e por não ter sido construído para esse fim, tudo passou a ser realizado na avenida. O que era, para poucos, em lugar pequeno e fechado, tornou-se para todos e fora dele. Porém, na avenida, nada de música instrumental e ao vivo, mas música mecânica reproduzida em enormes caixas de som espalhadas ao longo dela.

Os blocos carnavalescos, nos quais se destacavam o Bié e a Darci Ramos, exímios foliões, também foram substituídos por blocos imensos, como o do Cabeção, do Mal Dormido, das Domésticas, além de outros, sendo acompanhados pela bateria comandada pelo Chiano e músicos da banda. Esse “ensaio”, um esquenta, acabou se tornando mais animado que os dias oficiais do Carnaval. Os resende-costenses que residiam fora ficavam desesperados, já que não tinham como participar. Assim, o pré-carnaval, que chegou a durar quinze dias, aos poucos foi se esgotando. Cansados, muitos deixaram de brincar nos três dias que antecedem a Quaresma, tornando a cidade mais vazia. Em vez de vir para cá, muita gente optou por buscar diversão noutras cidades vizinhas.

Nos últimos três anos, percebendo que o modelo de Carnaval estava findando, houve reação por parte de um grupo que foi convidado pelo prefeito municipal para reorganizá-lo, torná-lo mais seguro, com música ao vivo e com eventos mais bem distribuídos entre bairros e não somente no centro da cidade. Propôs-se, também, uma cidade mais limpa e capaz de oferecer bons serviços a todos. Mas a pandemia chegou e encerrou esse processo. Neste ano, não houve festa e agora, faltando três meses para o de 2022, deparamo-nos com uma pergunta: teremos Carnaval? Se tivermos, como ele será conduzido? Prefeitura Municipal não faz o Carnaval, mas faz investimentos, impõe normas, estabelece regras, delimita e determina horários e espaços para sua realização. Ela responde pelos seus resultados.

Atualmente, boa parte da população já foi vacinada e a esperança é a de que esse percentual melhore muito até fevereiro próximo. A média móvel de casos e de mortes vem se reduzindo, a vida começa a voltar ao normal. No entanto, ainda há muitas pessoas sem terem sido vacinadas e, em grande número, aquelas que não tomaram a segunda dose do imunizante. As mortes diárias, agora em número de três ou quatro centenas de pessoas, parece que não assustam mais. Mas, elas não cessaram e mostram que deverão acontecer até o Carnaval, ou Semana Santa do próximo ano. E por isso mesmo, ninguém tem certeza de como conviveremos com a pandemia em 2022.

Portanto, chegou a hora de discutirmos o assunto. Informalmente há os que dizem que o Carnaval deve acontecer normalmente; outros não, pois consideram que seria um ato de irresponsabilidade total a sua realização.

Prefeitos e seus secretários, a três meses da festa, estão entre a cruz e a espada. Se houver para o Carnaval um protocolo determinado por instâncias superiores e idêntico para todos os municípios, como ainda ocorre com a pandemia do coronavírus, melhor para todos. Procedimentos diferentes poderão, com o esvaziamento de municípios que optarem pela não realização do evento, causar transtorno e superlotação noutros. Será que em fevereiro próximo, com o vírus ainda circulando, teremos carnavalescos mascarados ou pessoas com suas máscaras protetoras contra a Covid-19, como vem ocorrendo há alguns meses?

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