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Advento. Chegada.

21 de Dezembro de 2022, por João Bosco Teixeira

Quanta “chegada” realizamos na vida!

Chegada da rua. Chegada da casa de nossos pais. Chegada de viagem.

Chegada do aniversário. Chegada da formatura. Chegada do primeiro pagamento. Chegada do casamento.

Chegada dos filhos. Chegada das muitas bodas. Chegada das aposentadorias.

São “chegadas”. São tempos passados. Vividos. Irrepetíveis, pois não são repetição de nada. São lembranças, mais ou menos intensas. Até saudades.

As “chegadas” parecem se revestir de algumas notas características: alegria, satisfação e até alívio... “coisa boa é chegar em casa”.

As “chegadas”, entretanto, não parecem ter, obrigatoriamente, a conotação de um recomeço. Podem conter essa dimensão, pois pode-se chegar para se retomar; pode-se chegar para se partir mais uma vez; pode-se chegar para enveredar por outros caminhos.  E pode-se chegar até para esquecer: “Ufa, que luta, até que enfim!”

Por outro lado, é certo que o encanto das chegadas é proporcional à sua expectativa. Quanta gente concorda com o dito popular: “O melhor da festa é esperar por ela.” Não por nada, o Pequeno Príncipe já dizia: “Se vens às quatro da tarde, desde as três começarei a ser feliz”. É assim: há expectativas de chegada que aclaram noites sombrias, enfeitam ocasiões frustradas, despertam sorrisos onde lágrimas seriam naturais.

 

Advento, chegada.

 

Agora, estamos numa “chegada” especial: todo ano, por quatro semanas, a gente se põe em movimento, em clima de “chegada” para a comemoração do nascimento de Jesus. Ele não vai chegar. Já veio, ficou, morreu e “está no meio de nós” ressuscitado. Mas somos convidados a “chegar”. Somos convidados a nos preparar, a nos movermos em expectativa para a celebração da memória, da lembrança do Menino que nos relembra tantos outros meninos.  

Por que tanta preparação para alguém que não vai chegar? Por que todo ano repetir esta festa cheia de luzes, de cores, de canto?

Ora, não fazemos isso, a cada ano, para as pessoas a quem amamos? Não fazemos isso para as pessoas que dão sentido às nossas vidas? Não fazemos isso para as pessoas que completam nossas existências? Para as pessoas que nos ajudam a transformar nossas dores em alegria e saúde?

Vai chegar o Natal. Está chegando. Se não houver motivos para celebrá-lo, nem sequer vamos conseguir esperá-lo. O menino que foi Jesus já se foi. Agora “está no meio de nós”, como fonte de esperança, luz para os momentos de trevas, alegria para nossos amores, fortaleza para nossos sofrimentos. Preparar a celebração de sua memória é o caminho que fazemos nesta “chegada”.

Chegada que pode ter novas cores, que pode significar uma retomada de caminho. Já que não faz muito sentido ver Jesus como linda criancinha num presépio, dele pode nos vir a inspiração de, em seu lugar, vermos outras crianças ali deitadas, crianças que não têm quem cante para elas: parabéns pra você.

Advento. Chegada: luzes, flores, sons. Imensa solidariedade. Crianças mil.

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