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De um ponto de vista

10 de Agosto de 2017, por João Bosco Teixeira

Depois de escrever algumas crônicas neste jornal, recebo o convite para me tornar um colaborador permanente. Confesso que me senti bem. Acompanho a maioria dos escritores que nele se manifestam. E participar desse grupo é motivo de alegria.

Acolhi bem o convite que me foi feito porque gosto de escrever. Confesso, no entanto, que me custa um pouco, dadas as exigências que tenho para comigo e para com o possível leitor.

Vou escrever, sempre com a certeza de que estarei falando “de um ponto de vista”. Poder-se-ia dizer: mas é natural que seja assim; não há outra maneira. Não, não é tão natural quando, com este intuito, me proponho a ser absolutamente honesto comigo mesmo e com os leitores. Isto é: garanto que direi sempre o que penso e não o que outros poderiam querer que eu dissesse. Outros, ou as circunstâncias.

Mais ainda. “De um ponto de vista” significa para mim a real possibilidade de outros pontos de vista sobre a matéria que está sendo apresentada. Isto é: não ignoro outras considerações, o que me leva a aceitar o diálogo, a troca de ideias, os pontos de vista, concordantes e não, coincidentes e não. Terei, no entanto, o meu ponto de vista. 

Escreverei, como é natural, pagando tributo à formação que tive. Formação em humanidades e inarredável compromisso com o processo de desenvolvimento das pessoas, particularmente, do ponto de vista da política, como busca do bem comum, da educação, como processo, e da religião, como libertação.

Tenho uma dificuldade em escrever para o Jornal das Lajes: não vivo em Resende Costa. Cidade de quem conheço apenas as boas qualidades. Desconheço suas possíveis maldades. Se, portanto, o leitor me vir alienado da vida da comunidade, não será por opção. Será consequência da vida que levo distante da cidade, embora perto de onde moro, e razoavelmente achegado a tantos de seus moradores, mais velhos e mais novos.

 A não convivência diuturna na cidade talvez me levasse a não me meter a escrever aqui. O que leio no Jornal das Lajes, entretanto, me garante que não se trata de um jornal provinciano. Ele alcança horizontes bem maiores que aquele de que se desfruta do alto desse lajeado, do alto dessa Resende Costa, que, de tempos, admiro por sua natureza e por seus numerosos e conhecidos filhos.

Enfim, “De um ponto de vista” quer estar com você, leitor, a fim de receber de você o que não puder lhe dar.

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