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Educação, família, ensino, MEC

16 de Fevereiro de 2022, por João Bosco Teixeira

Esteve ou está no Brasil o ex-ministro da educação Weintraub. Cheio de pompa, não fugiu de entrevista. E não deixou de dizer impropriedades. Uma delas: “Quem cuida da educação é a família. O MEC cuida do ensino”. Das duas, uma: ou ele não sabe o que é educação, ou sabe, mas quer causar polêmica.

A educação como processo de amadurecimento, de aquisição de valores e de conquista da liberdade, certamente começa na família. E como se diz, começa muito tempo antes de a criança nascer. Tal processo, no entanto, não só não se restringe ao âmbito familiar, como supera, em muito, o tempo de convivência no seio da família.

 A educação é processo pelo qual família, escola e sociedade são responsáveis. Se a escola não tivesse função educativa, de nada mais precisaria que de salas de aula com robôs a ministrar os conhecimentos aos aprendizes. E a sociedade não precisaria se organizar para garantir aos cidadãos um ambiente favorável à sua segurança e à sua mobilidade, à aquisição de qualidade de vida profissional, cultural, religiosa e, principalmente, de saúde. Tudo isso porque o processo educativo é marcadamente processo para toda a vida. Todo dia apresentam-se ocasiões que exigem das pessoas adaptação e reorganização da própria vida.

As famílias estão passando por grande prova educativa no momento da pandemia. Não são apenas as crianças da família. A Covid-19 está exigindo de todos uma série de novos comportamentos, anteriormente desconsiderados. E tudo isso é parte do processo educativo que não acontece sem a escola e sem a sociedade.

Tivemos em Weintraub um ministro da educação bem destemperado no seu linguajar e em suas atitudes. Com a afirmação de que quem cuida da educação é a família, ele se excedeu. Para ele, a criança que saiu do seio familiar, do ponto de vista da educação, não tem necessidade da escola, nem da sociedade: já está educada. Vai se comportar como nos tempos da vida familiar: como criança. Nem convém pensar em crianças que não têm família.

E se o ensino compete ao MEC, então, pelo menos no nome, tal ministério está equivocado. Teria que se chamar Ministério do Ensino. É certo que se faria uma enorme economia na estrutura do Ministério. Basta pensar na eliminação da secretaria da “Educação Básica”, cuja responsabilidade envolve a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Ora, sabe-se que na Educação Infantil e na Fundamental I mais contam os processos educativos que aqueles relativos ao ensino/aprendizado. O ex-ministro não foi feliz na declaração.

Não sei por que certas pessoas chegam tão longe na vida e blasonam determinadas posições culturais. Esforço-me por achar que elas são sérias. Não consigo. Aparecem-me como dotadas de uma insatisfeita necessidade de criar polêmica para não saírem de cena. Optam pelo desmonte de tudo quanto podem. Com isso, deslocam o foco daquilo que não conseguiram realizar.

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