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Natal está aí

16 de Dezembro de 2021, por João Bosco Teixeira

Nesta época de Natal, parece-me oportuna a reflexão em torno da pergunta que um Mestre da Lei fazia a Jesus: “Qual o primeiro dos mandamentos?”

Sobre tal passagem do Evangelho, li uma reflexão que fez o Padre Adroaldo Palaoro, sacerdote jesuíta. Trago para os leitores desta coluna algumas de suas palavras, extremamente sábias.  

Padre Adroaldo, depois de mencionar que o Mestre da Lei estava movido por uma angústia existencial; que sua vida era marcada por um forte legalismo, fundamentado num emaranhado de leis e normas, diz que Jesus entendia muito bem o que sentia aquele homem que se aproximava dele. Jesus sabia que o homem desejava conhecer o que seria mais importante para ele acertar sua vida, como se livrar do peso das exigências da lei. Jesus sabia tratar-se de uma pergunta pertinente, uma vez que, na Torá, encontravam-se 613 preceitos. 

Quando na religião vão se acumulando normas e preceitos, costumes e ritos, doutrinas e dogmas, é fácil viver dispersos, sem saber exatamente que é o fundamental para orientar a vida de maneira sadia.

Hoje, como antes, diz padre Adroaldo, estão sobrando leis, mas está faltando o amor. O amor não cabe nas leis, só cabe no coração. Quem ama não precisa de leis. A pergunta do mestre era relativa ao primeiro mandamento. Jesus, porém, ao responder cita dois. O primeiro, Amarás o Senhor teu Deus...e o segundo, Amarás o teu próximo como a ti mesmo.  Para Jesus, ambos os mandamentos estão no mesmo nível, devem ir sempre juntos. Jesus faz dos dois mandamentos um só. Ele não aceita que se possa chegar a Deus por um caminho individual e intimista, esquecendo o próximo. Deus e o próximo não são magnitudes separáveis. Por isso, tampouco se pode dizer que o amor a Deus é mais importante que o amor ao próximo.

A resposta de Jesus aponta para os dois eixos centrais na vida dos seus seguidores: Deus e o próximo: ambos os eixos se exigem mutuamente, a ponto de um levar ao outro. Quem está sintonizado em Deus está, necessariamente, aberto ao amor e à solidariedade e vice-versa.

O seguidor de Jesus não se caracteriza por pertencer a uma determinada religião, nem por doutrinas, nem ritos, nem normas morais, mas por viver no fluxo do amor, que tem sua fonte no coração do Pai.

Só há um mandamento: manifestar o amor, que é Deus, em nossas relações com os outros.

O amor é esvaziar-se do “ego” dentro de si mesmo, para que haja lugar para o outro... O amor é a força que nos escava, que alegra e aumenta a nossa capacidade de irmos para além de nós mesmos. O amor carrega em si a marca da eternidade. Quem ama vê o tempo se ampliar.

Neste Natal, além dos melhores votos de paz e alegrias, uma lembrança para quem se põe no caminho de Jesus: “Quem não ama seu irmão, a quem vê, a Deus que não vê, não poderá amar” (1Jo 4, 20).

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