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Novo ano começou

26 de Janeiro de 2023, por João Bosco Teixeira

Agora é começo de ano. Por mais que se queira dizer que o primeiro dia de um ano novo é igualzinho ao último dia do ano que terminou, a gente sempre acha mil motivos para dizer que o ano é novo, e o dia é diferente. Somos assim. Gostamos de começar, porque gostamos de esperançar. Gostamos de acreditar no novo, porque muitas vezes não suportamos o velho.

Mais que isso, entretanto, é a verdade de que estamos em eterno movimento. Movimento que nos leva a compreendermos as coisas de maneiras novas e diferentes à medida que passamos pelo ciclo da vida e à medida que juntamos e processamos novas experiências que moldam o modo como compreendemos a realidade.

Tomo emprestada a metáfora de um horizonte em expansão. O horizonte em expansão sugere como ocorre a nova compreensão que gostamos de imprimir aos novos dias. O horizonte físico é a linha onde a terra e o céu parecem se encontrar. No campo psicológico ocorre o mesmo fenômeno. Nele, o horizonte psicológico é o espaço, ou escopo visual, dentro do qual percebemos os objetos. Pois bem: à medida que o horizonte psicológico se amplia, mais objetos são incluídos no quadro, suas posições e valores mudam em sua relação mútua e eles assumem novas dimensões e sentido. À medida que nosso horizonte existencial se amplia e abre, nossa própria identidade se desenvolve, mediando mudanças em termos de percepção e juízo que podem ser até radicais.

O ano novo, ou qualquer nova realidade, é enfrentada pelas pessoas como um novo horizonte, sujeito a tanta coisa. Ao mesmo tempo, apesar das possíveis mudanças, das possíveis novidades, a pessoa permanece sendo aquela mesma pessoa capaz de se valer da nova oportunidade para analisar e justificar, aceitar e recusar os elementos e causas da mudança. Com isso, e por isso, se dá o fenômeno do desenvolvimento humano. A novidade, um ano novo, por exemplo, propícia ocasião para o crescimento, para o desenvolvimento que ocorre com igualdades e diferenças, com permanências e transformações.

A existência humana é uma existência histórica. É uma existência sempre em movimento no tempo; nada é estável no tempo; nada é imutável no tempo. Ser humano é movimentar-se, irreversivelmente, ao logo do tempo. Por isso, os novos significados, as diversas percepções que imprimimos em nossas vidas não são e não podem ser estáveis. São saudáveis, porque naturais.

É preciso, entretanto, encontrar nas novidades, nos novos significados, algo que permanece constante ao longo da história, na medida em que o sujeito humano, que está mudando, retém uma identidade básica. Portanto, o desenvolvimento, expressão de uma vida rica, precisa, pode, deve acontecer, sem minimizar a pessoa que está se desenvolvendo. A novidade na vida precisa ter o caráter de crescimento. Nunca de aniquilamento.

Novas luzes para que a monotonia não desencante a vida.

Novo ano começou.

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