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O dia que o Senhor fez

12 de Abril de 2020, por João Bosco Teixeira

“Pai, por que me abandonaste?”       

 

Meu leitor! Agora é a hora. Dessa não passa. Sem essa hora, não há como se dizer cristão.

Jesus chegou ao maior dos sofrimentos: sentiu-se abandonado pelo Pai, ao qual foi fiel até a sua total consumação.

É isso mesmo. Sem tirar nem pôr. Jesus chegou ao máximo da humilhação humana: o suplício da cruz, reservado aos grandes facínoras. Embora tenha sido um ser humano completamente consciente de si mesmo, de sua missão, de seu compromisso inarredável com as criaturas, viu-se só. Tremendamente só. Sentiu-se abandonado por aquele a quem nos ensinou a chamar de Pai.

Pois bem. Entendo que esse foi o melhor caminho, a mais digna atitude para Jesus voltar para os braços do Pai. Sofrer pelo abandono, sem que isso o aniquilasse. Sem que com isso sua súplica fosse de desespero. E Deus o ressuscitou de fato. Para alcançar a ressurreição passou pela absoluta morte, antecipada por um completo despojamento.

Jesus ressuscitou.

A religião católica tem conteúdos doutrinais de difícil assimilação. Há verdades construídas pelas criaturas ao longo da história, em ocasiões tão específicas, que nos é difícil e até mesmo impossível assimilar nos tempos tão diversos em que vivemos. A nossa história nos leva a outra compreensão da realidade e de muitos fatos. Pode-se, pois, ser cristão, e até católico, com alguma divergência relativa a doutrinas e costumes. Há, no entanto, uma verdade intocável. Uma verdade sem a qual não nos resta alternativa na condição de cristãos. Verdade que se constitui em pedra de toque de nossa adesão a Jesus: a verdade da sua Ressurreição.

Para tanta gente, fato de difícil aceitação e compreensão. Talvez porque haja aí um engano. Ressuscitar não é um retorno à vida biológica. A ressurreição não é acessível à captação sensível, ela é objeto de fé e não de conhecimento. Por isso, falar de uma visão do Ressuscitado carece de sentido. E menos ainda achar que a fé na Ressurreição é demonstrada pelas “aparições”. Não. A Ressurreição de Jesus vai além de qualquer aparência. E nela, ou simplesmente se acredita, ou não se acredita.

Mistério imenso. Sem dúvida. Sem tal mistério, porém, sem a crença nele não se alcança o inteiro significado da vida de Jesus. Pela sua Ressurreição Jesus é introduzido na plenitude divina. Plenitude que Ele alcançou, sim, em consequência de seu grito “Pai, por que me abandonaste”, plenitude que alcançou sentido à luz da total aniquilação material que a morte lhe proporcionou. Mas plenitude na morte, geradora da acolhida divina que o Pai lhe concedeu.

Se Cristo não Ressuscitou vã é a nossa fé (1Cor 15,12). Crer na Ressurreição, pois, é dizer de nossa fidelidade a Ele. Então, crer na Ressurreição é dizer se somos ou não cristãos. É dar sentido vital àquilo que tantas vezes dizemos: Ele está no meio de nós.

Ressuscitou. E ressuscitaremos também, pois este é “O DIA QUE O SENHOR FEZ”.

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