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PAULO FREIRE

17 de Novembro de 2021, por João Bosco Teixeira

De outra feita, falei dos dois grandes Paulos. Hoje volto a falar, especificamente, do Paulo pernambucano. Faço isso não para cobrir a omissão do Ministério da Educação, mas para, como educador que sou, prestar minha homenagem ao maior de todos os brasileiros educadores.

Por que Paulo Freire foi o grande educador? O que o faz “deslizar pelo mundo, receber homenagens, ser consagrado como um professor de qualquer fronteira?”(Carlos Alberto Emediato).

Paulo Freire intuiu o cerne do processo educativo. Assinalou que o educando é sujeito e não objeto da educação. Ora, isso revoluciona tudo. O educando não é aquela tabula rasa em que o educador vai depositando conceitos e valores. Ser sujeito da educação significa que o educando coloca sua visão de mundo em interação com a visão de mundo do educador, sem a falsa superioridade de um sobre o outro. Ambos são protagonistas, movidos pela convicção de que educação é processo que leva o ser humano a ir se tornando, a ir se transformando por se ver como um ser inacabado, cuja vocação é ser sempre mais. Com esse modo de entender, o aprendizado, na sua clássica fórmula ensino/aprendizado, passa a ser um processo em que todos ensinam e todos aprendem.

Essa visão de educação está radicada em outra crença que alimentou sempre a vida do grande educador: as pessoas vivem no mundo, mas, também, vivem com o mundo. E se “viver no mundo é viver de contatos, estímulos, reflexos e reações, viver com o mundo é viver de relações, desafios, reflexões e respostas”. Isso é que leva Paulo Freire, com seu método de alfabetização, a servir-se da realidade circundante para fazer com que o alfabetizando não apenas aprenda a ler, servindo-se de palavras que encerram o sentido da vida, mas a pensar criticamente e a ser capaz de dizer o que pensa. “O método de alfabetização de Paulo Freire oferecia a grande vantagem de proporcionar, concomitantemente, alfabetização, educação e conscientização política (Dalmo Dallari). Paulo Freire quis sempre ajudar as pessoas a serem eternos leitores da vida, como sujeitos que rechaçam a dominação política e a discriminação social e buscam a democratização da sociedade, a implantação da justiça social e o respeito pela dignidade da pessoa humana.

Não vou comentar outros tópicos do pensamento educacional de Paulo Freire. Quero apenas relembrar que para ele o amor é a fonte inspiradora de toda transformação. E que é possível acreditar em tudo que tenha sido construído com amor.

Não consigo encerrar essas considerações sem responder à pergunta que paira no ar: por que o governo brasileiro tem dedicado tanto desprezo aos cem anos do nascimento de Paulo Freire? É que o desprezo para com o grande brasileiro significa o desprezo para com uma educação que liberta. E libertar é a grande finalidade da educação.

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