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Sete Pecados Capitais

18 de Fevereiro de 2021, por João Bosco Teixeira

Numa manhã de sábado de janeiro, participei de um programa de rádio, com duas horas de duração, em que se falava sobre os SETE PECADOS CAPITAIS. Além do coordenador do programa, éramos três expositores: um psicanalista, um jornalista-radialista-influenciador digital e eu. Dada a diversidade de formação dos participantes, os vários enfoques emprestados ao assunto enriqueceram a informação. Não se tratou de um debate. Tratava-se, muito mais, de gerar informação sobre a matéria e elucidar os vários conceitos.

Desde minha primeira intervenção me posicionei contrário à ideia de pecado. É que pecado, gerador de culpa, é assunto restrito a cristãos católicos. E a soberba/vaidade, a avareza, a inveja, a ira, a luxúria, a gula e a preguiça são temas, são matéria comum a qualquer pessoa. Qualquer um, no seu dia a dia, pode ter nessas manifestações de personalidade, comportamentos indevidos, atitudes condenáveis, pelo excesso. Excesso gerador de desequilíbrio na personalidade. Isso, porém, nada tem a ver com o pecado incluído na doutrina cristã. É que o pecado, por sua definição, exige o pleno conhecimento de ofensa que se faz a Deus e a total liberdade de fazê-la: eu sei o que estou fazendo e quero fazê-lo. A instrução latina dizia: sciens et volens (sabendo e querendo). Convenhamos: além de não ser fácil pecar, querer transformar em pecado características, traços de personalidade, é um despropósito.

Além do mais, quis me opor à ideia de pecado porque em nenhuma de tais manifestações de comportamento aparece a ideia, o enfoque social. E se algum pecado hoje cometemos, é o pecado de omissão diante de tantos problemas vitais. Não por nada, o grande teólogo Ratzinger, emérito da Cátedra de Pedro, disse que os pecados capitais hodiernos são: a pressa, a manipulação genética, a interferência no meio ambiente, o causar a pobreza, a muita riqueza, as drogas e a injustiça social. Quer se concorde quer não com essa lista do bispo emérito de Roma, há nela um claro viés social, como convém.

O diálogo longo com os colegas do programa foi muito proveitoso, sobretudo porque deixou clara a noção de excesso, o que, sem dúvida, deve ou pode ser evitado, sob qualquer ponto de vista.

De minha parte, solicitada uma palavra final, não pude deixar de dizer: erro hoje, não falei pecado, é a desumanização. Essa atitude, sim, é causadora de males perniciosos, ofensivos à humanidade, indignos dos que se dizem seguidores de Jesus de Nazaré.

E veio-me, espontaneamente, a lembrança de Guimarães Rosa: Existe é homem humano: Travessia.

Assim é que nos convém caminhar.

                  

NOTA - O Catecismo da Igreja Católica, editado depois do Vaticano II, na edição das Vozes, de 1993, de setecentas páginas, dedica seis páginas ao tema do pecado. E em tais páginas, três linhas para falar sobre o que são os pecados capitais, sua origem e quais são eles. Muito significativo. Faz muito sentido.

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