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TEMPOS DE INCERTEZA... mas com OTIMISMO

15 de Janeiro de 2019, por João Bosco Teixeira

A mecânica quântica envolve o princípio da incerteza: é impossível medir tanto a posição como a velocidade de um dado objeto. Se alguém mensura com precisão a posição de algo, não é possível determinar sua velocidade. Se alguém mensura com precisão a velocidade de algo, não é possível determinar sua posição.

 Essa afirmativa de Stephen Hawking pode se expandir para a situação política que iniciamos no dia primeiro. Se alguém acredita, firmemente, na competência técnica do novo governo federal, não pode garantir sua capacidade política de gestão. Se alguém avalia essa capacidade com segurança, não pode garantir seu valor técnico. Uma coisa é certa: A meritocracia não pode dispensar, não pode se sobrepor ao político, em termos de bem comum. (Mauro Werkema)

 Entendo que o Brasil esteja todo numa grande expectativa. E não é para menos. A mudança no quadro político é muito grande. Quadro político em que não faltam maus políticos, para quem o bem comum conta pouco e a corrupção é uma opção para atender aos próprios interesses. O estrago, causado pelos oito últimos anos, foi grande demais para qualquer governo. Maior para um governo ao qual, queiramos ou não, falta experiência. O mundo perdeu referências que davam sustentação à variedade de governos: direita e esquerda não têm mais significado específico; liberalismo, social democracia e comunismo não se sabe por onde andam; capital e trabalho deixam de comandar; pode-se dizer que o “mercado” continua vivo: e isso é bom ou mau?

 E, apesar de tudo, sou otimista. Cultivo uma grande esperança porque nasce vida até das cinzas. Minha grande esperança está radicada em variados fatores. O presidente empossado não é aquele candidato que conhecemos. Não. Ele, se já se sentou na cadeira presidencial do Planalto, já deve ter percebido que é uma cadeira, ao mesmo tempo, aconchegante e incômoda, ardente e fria, que exige sabedoria e prudência para enfrentar os riscos que não pode deixar de correr.

 Sou otimista. No quadro ministerial composto, há pessoas muito sérias, para as quais o cargo acrescenta pouco à vida que já levam e, por isso, não precisam do emprego. Tal situação as deixa livres e atentas às iniciativas governamentais. Se essas quiserem correr fora dos trilhos possíveis, não se omitirão. A título de exemplo: penso no ministro de Ciência e Tecnologia. Se ele não puder fazer o que entende dever ser feito, se o presidente tomar atitudes inconvenientes, do ponto de vista do bem comum, por que e para que haverá ele de macular a própria vida? Ele não está em início de carreira. Pelo contrário, tem uma carreira que testemunha a seriedade com que encarou a vida.  Assim como ele, há outros. Penso até mesmo nos militares que, na sua expressiva maioria, são muito mais sérios que a grande maioria de nossos políticos.

 Sou otimista. Se “políticas públicas se fazem com gente debruçada sobre a vida”, temos boas chances de êxito. E o presidente vai ter que se comportar. Ou correrá o risco de ficar sozinho. E, sozinho, cairá.

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