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Desvalorização do futebol feminino

12 de Julho de 2020, por Samira Silva

O futebol feminino no Brasil não é levado a sério, nem é valorizado. O problema talvez esteja no pensamento social. Não basta ganhar um título importante para o futebol feminino ser valorizado. Falta, na verdade, um olhar sem preconceitos no intuito de enxergar que o futebol também pode ser praticado por mulheres.

Nos Estados Unidos, por exemplo, veja o quanto o futebol feminino é valorizado. Isso é refletido desde a base, visto como as meninas, ainda jovens, são incentivadas a praticar o esporte sem serem taxadas de anormais por isso. A modalidade, inclusive, é mais popular e desenvolvida no país do que o próprio futebol masculino.

Já no Brasil, a realidade é outra. Não temos nem um pouco de incentivo e os investimentos são muito mais escassos. Além disso, não se compara a divulgação que ocorre com o futebol masculino, considerado referência do esporte mais popular do planeta e orgulho da nação pentacampeã. Ora, não merecemos também a chance de buscar um lugar de destaque?

O futebol feminino ainda recebe menos visibilidade na mídia, menos incentivos, patrocínios e apoio. Com a falta disso, torna-se difícil esperar que as meninas se interessem pelo esporte. A consequência mais direta é a escassez de novas revelações, tornando ainda mais difícil o desenvolvimento do esporte dentro do país.

É como alerta a craque Marta, eleita cinco vezes melhor jogadora do mundo: “Tem que chorar no começo para sorrir no fim. Querer mais, treinar mais, se cuidar mais. Estar pronta para jogar o quanto for. Não vai ter Marta, Cristiane, Formiga pra sempre. Chore no começo para sorrir no fim.” A principal jogadora brasileira deixa essa mensagem de motivação e disciplina à nova geração que agora assume a responsabilidade de vestir uma camisa com o peso da amarelinha.

É preciso colocar outros nomes na boca do povo, acionar jogadoras que estão chegando, fazer com que outras sobressaiam para, assim, renovar o ciclo. Precisamos também que empresas invistam mais e que grandes canais de TV aberta transmitam os jogos dos campeonatos femininos.

Para quem questiona a rentabilidade do futebol feminino, a Copa do Mundo Feminina de 2019 foi suficiente para demonstrar que pode, sim, ser um negócio lucrativo. Já no primeiro jogo da Seleção Brasileira a audiência foi muito alta, com mais de 19 milhões de telespectadores. Nos jogos seguintes, o público foi ainda maior. Portanto, o apoio das grandes mídias é fundamental para a valorização e a popularização do esporte, tanto na transmissão de jogos quanto na cobertura do cotidiano dos clubes.

São fatores cruciais a fim de que mais pessoas se interessem pelo esporte. Dessa forma, o reconhecimento virá e com ele haverá mais investimentos que possam bancar a estrutura necessária para a evolução das atletas e, consequentemente, do esporte no Brasil.

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