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A dependência de água para gerar energia elétrica

14 de Outubro de 2021, por Instituto Rio Santo Antônio

Ana Clara Orlando Guimarães*

Adriano Valério Resende**

 

O crescimento econômico e o aumento da população intensificaram a demanda por água nas últimas décadas. Assim, realizar a gestão da oferta desse recurso de forma sustentável, em quantidade e qualidade, não tem sido uma tarefa fácil para a humanidade. Fato preocupante perante a disponibilidade desse precioso líquido no planeta: dos 2,5% do total de água doce, 68,9% desse estão nas calotas polares, nas geleiras e nas altas montanhas e 29,9% são águas subterrâneas. Da água doce superficial, 0,9% estão em diversas fontes, tais como pântanos, umidade do solo e placas de gelo flutuantes e 0,3% estão em rios e lagos. Essa última parte é que pode ser acessada diretamente e está em constante processo de renovação, que é realizado principalmente através das precipitações.

Felizmente, o Brasil tem a maior quantidade disponível de água doce do planeta, cerca de 12% do total. E um dos principais usos das águas dos rios é para gerar energia elétrica. Para se ter uma ideia da dependência da matriz hidráulica, ela representa 65% de toda energia elétrica produzida. Para entendermos melhor a questão, vamos a seguir fazer considerações sobre cada fonte produtora de energia elétrica no país.

Nas Usinas Hidrelétricas, a energia é obtida a partir da água dos rios. Armazenada em barragens, a água passa por tubulações, realizando o movimento das turbinas que são conectadas a um gerador, o qual transforma a energia potencial – da água – em energia mecânica – movimento das turbinas. No Brasil, a maior parte da energia elétrica advém dessa fonte, que, apesar de não apresentar níveis significativos de poluição e ser renovável, ocasiona profundos impactos socioambientais na construção de grandes reservatórios: desalojamento de populações, alteração na vazão dos rios, alagamentos e desmatamento da vegetação nativa, entre outros.

Em Usinas Termelétricas, a energia é gerada a partir da pressão do vapor d’água obtido pela queima de carvão mineral, gás natural ou petróleo. O fluxo de vapor é conduzido por tubulações que são conectadas às turbinas, que, por sua vez, chegam aos geradores. O uso dessas usinas causa grandes impactos ambientais, visto que são movidas pela queima de combustíveis fósseis, aumentando ainda mais o efeito estufa, proporcionando a intensificação de ilhas de calor e de chuvas ácidas, além de emitir gases que são prejudiciais à saúde.

Nos parques eólicos, o processo se dá pela construção de aerogeradores. Neles as turbinas giradas pelo vento causam rotações no conjunto de engrenagens do gerador. Representam cerca de 10% do total de energia elétrica gerada no Brasil e estão em expansão. Essa forma, apesar de não ser poluente e renovável, acarreta alguns problemas socioambientais, tais como a emissão de ruídos e a interferência nas rotas de voo de pássaros, resultando em mortes.

A Energia Nuclear possui alta capacidade de produção e é proveniente da fissão dos átomos de urânio em um reator nuclear, causando o aquecimento da água e a geração de vapor, o que movimenta uma turbina. O procedimento diz respeito a 3% da energia brasileira. Os riscos e impactos ambientais são muito altos, podendo ocorrer a liberação de resíduos radioativos que permanecem por séculos no local.

Na Energia Solar, os painéis fotovoltaicos captam a irradiação solar e converte diretamente em energia elétrica. Cerca de 2% de energia elétrica gerada no Brasil provém desse modelo. Seu uso está se ampliando em função dos avanços tecnológicos, o que vem causando a diminuição do preço.   

Biocombustível é a energia gerada a partir da queima de derivados da biomassa: cana-de-açúcar, oleaginosas, madeira e outras matérias orgânicas. As principais formas utilizadas a partir desse processo são: etanol, biodiesel e biogás. O biocombustível apresenta vantagens quando comparado ao uso de combustíveis fósseis no que diz respeito à sustentabilidade econômica, social e ambiental, mas necessita de amplas áreas agricultáveis.

Por fim, estamos dependentes das hidrelétricas e qualquer alteração no regime anual de chuvas, como a que estamos vivenciando em 2021, afeta a quantidade de água armazenada nos reservatórios, ocasionando crise na disponibilidade de energia elétrica no país.

 

*Aluna do Curso Técnico de Meio Ambiente – CEFET/MG

**Professor - CEFET/MG

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