Nos últimos meses temos acompanhado na mídia algumas notícias envolvendo água, seja pela sua falta ou pelo excesso de chuva. Daí nos perguntamos: as interferências humanas no planeta têm realmente o poder de modificar intensamente os sistemas naturais? Como essas modificações afetam o nosso dia a dia? Vejamos a questão da água.
Em partes da Amazônia e do Sul do país as chuvas intensas têm afetado a população das cidades e a agropecuária. Manaus está sofrendo esse ano com uma cheia no rio Negro. Em anos anteriores aconteceram outras cheias, ultrapassando inclusive o nível histórico das enchentes, o que causou sérios transtornos à população. No Sul do país as chuvas torrenciais desse ano têm prejudicado tanto as populações urbanas quanto as da zona rural. Na área urbana, a invasão das casas que estão próximas aos rios provoca perdas materiais (como móveis e utensílios domésticos) significativas. Nas áreas rurais ocorreram significativas perdas em algumas culturas, como milho, soja, cebola, tomate, fumo e até mesmo nas pastagens.
A falta de água para abastecimento público em algumas cidades da região Sudeste já é uma realidade. O racionamento já está fazendo parte do dia a dia das pessoas. Talvez o sistema mais crítico seja o da região metropolitana de São Paulo (a Grande São Paulo). As barragens do chamado sistema Cantareira, formado por cinco reservatórios, é responsável pelo abastecimento de mais de nove milhões de pessoas. A situação é tão grave que a Sabesp, a empresa de saneamento básico de São Paulo, já está utilizando a água do chamado volume morto, que está retida no fundo das barragens. A qualidade dessa água é questionável. O que resta é pedir a São Pedro por chuva.
Além de São Paulo, a falta de água para abastecimento assombra as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Distrito Federal e Porto Alegre. O abastecimento do Rio de Janeiro depende diretamente das águas do rio Paraíba do Sul, cuja vazão vem diminuindo ao longo dos meses. Aliado a isso, como o rio tem várias nascentes no estado de São Paulo, há pretensões do governo paulista em bombear a água para ser utilizada no abastecimento da cidade de São Paulo. Na Grande Belo Horizonte o abastecimento público é realizado com captações em nascentes e em uma represa. Ainda não há propriamente a falta do precioso líquido, mas o sinal de alerta já está ligado.
Outra questão séria é a falta de água para geração de energia hidrelétrica. Todos os reservatórios do centro-sul do Brasil estão com os níveis de água muito abaixo do esperado. Consequentemente, várias termoelétricas foram ligadas, o que é mais caro e poluente, provocando aumento no preço da energia elétrica.
Felizmente em nossa Resende Costa a situação do abastecimento público não está caótica. A falta de água já foi um problema recorrente, ou seja, quando chegava o período da seca a água que provém do córrego do Tijuco não era (e só ele ainda não é) suficiente para atender toda a população. A qualidade da água era outro problema que chegava junto com a estiagem e que preocupava (e ainda preocupa) os técnicos da COPASA. Atualmente, temos dois locais de captação de água para o sistema de abastecimento de Resende Costa: no córrego do Tijuco e no ribeirão Pinhão. Esse último localizado nas terras da antiga Fazenda da Lage. A montagem da captação no ribeirão Pinhão, realizada nos últimos anos, aumentou a oferta de água para a cidade.
No entanto, não podemos pensar que em Resende Costa temos água à vontade, que podemos desperdiçar água. O uso racional dos recursos ambientais, e em especial da água, é um dos desafios do século XXI. Temos que pensar também na questão da degradação ambiental: desmatamento de beiras de cursos d’água e de nascentes, lançamento de esgoto sem tratamento e de lixo nos leitos dos rios, ocupação urbana em áreas de nascentes ou em mananciais. Isso parece distante de nossa realidade, mas basta pensar nas nossas antigas “fontes”, cujas águas eram utilizadas pela população há algumas décadas atrás. Pergunte a seus pais ou avós sobre isso, eles vão te contar. Você conhece algumas dessas “fontes”? A reabilitação ambiental dessas áreas é um dos desafios para os administradores, para a população de Resende Costa e especialmente para o IRIS.