Gabriela Marcília Brito Coelho*
Adriano Valério Resende**
O solo é um ambiente dinâmico e essencial para sustentar a vegetação e manter diversas atividades humanas, como agropecuária, construção civil e mineração. Além disso, abriga vários organismos que são fundamentais para a biodiversidade do planeta e é um grande reservatório de água e de carbono, sendo esse um elemento crucial para o controle do aquecimento global. Preservar e manter a sustentabilidade do solo é um dos principais desafios que a humanidade enfrenta atualmente.
O solo se forma da desagregação da rocha e de maneira muito lenta. Dependendo do tipo de rocha e dos agentes envolvidos no intemperismo (físico, químico ou biológico), a formação de poucos centímetros pode levar milhares de anos. Para se ter uma ideia, em áreas de clima super-úmido, onde chove o ano todo, a formação de 1 centímetro de solo leva mais de 100 anos.
Ele se organiza em horizontes ou camadas, cada uma com características físicas, químicas e biológicas específicas, sendo classificadas pelas letras iniciais do alfabeto, as mais comuns são: A, B, C, D ou R. Os horizontes A e B são os mais importantes para a agropecuária. O horizonte A (chamado de solo arável), em particular, é a camada mais superficial, onde ocorre a maior parte das atividades biológicas e tem grande concentração de nutrientes e de matéria orgânica (o que dá uma coloração mais escura). Sua preservação é essencial para a produção de alimentos e reprodução de pastagens para o gado.
O solo é constituído por cinco elementos principais: matéria mineral sólida, que inclui fragmentos da rocha de origem e minerais de diferentes tamanhos, determinando sua textura; matéria orgânica, composta por restos de plantas e organismos em vários estágios de decomposição; água (abundante na época chuvosa); ar e organismos vivos (formigas, minhocas, fungos, bactérias etc.).
A fertilidade do solo é sua capacidade de fornecer nutrientes para o crescimento das plantas. Os nutrientes são basicamente elementos químicos e seus compostos. Os que as plantas mais precisam são chamados de macronutrientes: carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre. Por exemplo, a adubação em grande escala geralmente é feita com um fertilizante químico na forma de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), facilmente encontrado nas lojas de agropecuária. No geral, a fertilidade dos solos no Brasil varia de baixa a média, mas temos alguns destaques: solo de terra roxa (localizado em áreas do Centro-Sul), massapê (litoral do Nordeste) e os aluviais (comuns nas margens dos rios e lagos).
Como falamos anteriormente, a base para a produção de alimentos são os solos; no entanto, as atividades agrícolas e pecuárias insustentáveis têm causado cada vez mais a sua degradação. Nesse sentido, é importante estimular as práticas que visam o manejo responsável das terras cultiváveis, evitando a erosão, promovendo o uso eficiente dos recursos naturais e a preservação da biodiversidade. Eis algumas técnicas mais usadas: adubação verde, que melhora a fertilidade do solo por meio do plantio de plantas específicas; a rotação de culturas, que alterna diferentes espécies para aumentar a produtividade e reduzir as pragas; plantio direto, que preserva a estrutura do solo e a matéria orgânica ao evitar a aragem.
Outra questão importante é que o solo mantém uma grande reserva de água e de carbono. A água subterrânea, por exemplo, é essencial para o abastecimento de várias cidades. Já a manutenção do carbono junto aos compostos do solo é importante porque é um mecanismo que regula o seu ciclo na atmosfera, o que ajuda a mitigar os efeitos do aquecimento global. Segundo dados da plataforma SEEG, dentre os cinco macro setores, as mudanças no uso da terra e floresta (incluindo as queimadas) e a agropecuária contribuem com mais de 2/3 dos gases estufa no Brasil; seguidos de energia, processos industriais e resíduos.
Por fim, manter a sustentabilidade do solo é essencial para garantir a segurança alimentar da população e a manutenção de praticamente todas as instâncias da vida no planeta. Cuidar do solo é cuidar da vida.
*Aluna do Curso Técnico de Meio Ambiente – CEFET/MG
**Professor CEFET/MG