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A situação das pastagens em nossa região

13 de Julho de 2017, por Instituto Rio Santo Antônio

É notório que o Brasil é o maior exportador mundial de produtos agropecuários. Somos um país continental, dotado de condições físicas e biológicas favoráveis às atividades do meio rural. O agronegócio representa 21% do PIB total brasileiro, alcançando R$1,26 trilhão em 2015. A pecuária responde por 30% desse, o que demonstra sua importância para a economia nacional. O rebanho bovino brasileiro é o segundo maior do mundo, com mais 226 milhões de cabeças em 2017, só perdendo para a Índia, país onde a vaca é o animal sagrado. Mato Grosso e Minas Gerais são os Estados com maiores efetivos, 13,6% (30,74 milhões); 11,0% (24,86 milhões), respectivamente. A macrorregião do Campo das Vertentes possui aproximadamente 252 mil cabeças. Diante desses dados cabe perguntar, como estão as pastagens para sustentar todo esse efetivo animal?

O último Censo Agropecuário Brasileiro realizado pelo IBGE foi em 2006. A previsão é de que outro seja realizado ainda em 2017. O Censo traz referências importantes para entender o estado de conservação das pastagens no Brasil e em Minas, apesar de sua defasagem. A primeira informação importante é a redução, ao longo dos anos, da área média de pastagem ocupada por cada cabeça bovina no país. Considerando os quatro últimos censos, essa área caiu de 1,48 ha (1980) para 1,1 ha (2006), queda de 25,7%. No entanto, o rebanho cresceu cerca de 50% no período. Isso demonstra a intensificação da pecuária e a melhoria das pastagens e da alimentação animal. Para Minas, a ocupação média à época era de 1,12 cabeça/ha (rebanho de 20.332.335 cabeças de bovinos e área total de pastagens de 18.217.880 hectares), índice um pouco acima da média nacional.

No Estado, ainda segundo o Censo, as pastagens ocupavam 55,1% da área dos estabelecimentos agropecuários, que perfazia um total de 33,1 milhões de hectares em 551 mil propriedades. Dentre as doze macrorregiões em que é subdividido o Estado, a do Campo das Vertentes, proporcionalmente, era a quinta com maior área de pastagem, 59% das terras eram ocupadas com pastagem. Destaca-se que cerca de 35% das áreas de pastagens estavam em propriedades da agricultura familiar. O Campo das Vertentes foi a única na qual a área de pastagens nos estabelecimentos de agricultura familiar superava a dos não familiares: respectivamente 171.300 e 149.915 hectares. Outro dado é que o Campo das Vertentes era a segunda macrorregião em pastagens naturais (perdendo só para a Zona da Mata), essas ocupavam 58%.

Segundo estudo mais recente (VILELA et al. Estado da arte das pastagens em Minas Gerais. 2015), a área de pastagens nos estabelecimentos agropecuários em Minas Gerais é de 25.893.018 hectares. Na mesorregião do Campo das Vertentes, do total de 1.230.441 ha, 63,7% (792.644 ha) são pastagens, 26,8% são áreas com cobertura vegetal rala, potencialmente degradada, ou com cobertura morta e 9,5% são áreas com boa cobertura vegetal não distinguível. Sobre as classes de qualidade dessas pastagens, 49,2% foram classificadas como fortemente degradadas e 27,9% como moderadamente degradados. A classe levemente degradada englobou 19,1% da área total de pastos, enquanto as pastagens não degradadas representaram apenas 3,8%. A título de comparação, para Minas as porcentagens são, respectivamente: 45,3%, 30,3%, 20,4% e 4,0%.

O processo de recuperação ambiental dessas áreas de pastagens é demorado e oneroso. Várias entidades públicas e privadas possuem conhecimentos avançados sobre a questão, a exemplo da Embrapa e da Emater. Cita-se o projeto Balde Cheio, desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste e lançado em Minas Gerais, em 2007, pelo Sistema FAEMG. Dentre as várias ações do projeto, estão o manejo correto e a recuperação de pastagem degradadas.

Enfim, pelos dados apresentados, há um cenário crítico em relação ao estado atual das pastagens em Minas. A reversão desse quadro depende de um processo de assistência técnica e extensão rural estruturado, com disponibilização de recursos e capacitação de agentes, o que permitirá a transferência de tecnologias, de modo a adequar métodos e processos à realidade de cada produtor.

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