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A sustentabilidade das atividades econômicas em Minas e em Resende Costa

15 de Maio de 2013, por Instituto Rio Santo Antônio

Minas Gerais foi um estado intensamente explorado pela colonização portuguesa. Das minas da região saíram ouro e diamante que foram alimentar o luxo das Coroas portuguesa e inglesa durante os séculos 18 e 19. Em muitas áreas do interior de Minas, durante o século 18 e principalmente no 19, o motor socioeconômico era certamente a fazenda, como foi o caso do nosso “Arraial das Lages”. A partir de meados do século 19, as plantações de café se tornaram a principal atividade econômica do sul de Minas. Já no século 20 a produção industrial e a mineração em grande escala, principalmente de minério de ferro, se tornaram importantes atividades econômicas. Nas décadas finais do século passado temos o início da introdução das monoculturas de cana-de-açúcar e do eucalipto. Essas atividades obviamente vieram acompanhadas de significativos impactos ambientais, que na atualidade são bastante discutidos.

A mineração desde o período colonial continua sendo uma atividade importante para a economia do Estado e infelizmente grande empresas, seja estrangeiras ou nacionais, continuam explorando os minérios do subsolo mineiro (com destaque para o minério de ferro) e levando-os in natura para o exterior. Se parte significativa desse minério fosse beneficiada em Minas, as vantagens econômicas para o Estado seriam enormes. Merece destaque o peso da atividade mineradora na economia do estado, gerando renda e empregos diretos e indiretos, sendo, portanto, extremamente importante para a população mineira.

Para gerar essa expressiva produção mineral o impacto no meio ambiente é enorme. Fala-se aqui em impactos socioambientais: físicos, bióticos e sociais. Assim, a gestão ambiental no estado tem constantemente se deparado com a questão da extração mineral e suas interferências no meio ambiente. Ressalta-se que a atividade minerária é considerada como utilidade pública, o que legalmente autoriza intervenções em Áreas de Preservação Permanente – APP, em nascentes e em Mata Atlântica. A principal região mineradora é o chamado Quadrilátero Ferrífero, compreendendo parte da região metropolitana de Belo Horizonte, onde as reservas de minério de ferro são gigantescas.

Outra atividade que merece destaque é a plantação de cana-de-açúcar, principalmente no Triângulo Mineiro. Vastas áreas de solos férteis estão ocupadas por essa monocultura. Registra-se o significativo conflito das atividades de monocultura com a agricultura de subsistência. Os impactos ambientais provenientes da atividade são visíveis: impacto visual, as queimadas, o desrespeito às áreas de proteção ambiental nas propriedades (APPs, nascentes, reservas legais), carreamento de sedimentos para os cursos d’água, uso de agroquímicos etc. A demanda de expansão territorial da atividade é enorme.

No Norte e Nordeste de Minas a monocultora do eucalipto (silvicultura) vem se tornando constante. O Vale do Jequitinhonha, por exemplo, está em grande parte tomado pela silvicultura. Também não faltam questionamentos sobre os impactos ambientais da atividade em regiões carentes de água e de recursos sociais. A demanda por áreas para expansão da atividade é enorme, prejudicando a agropecuária de subsistência ou autossubsistência e justificando o desmatamento.  Os impactos sociais são significativos. Por exemplo, enquanto se planta e colhe eucalipto com máquinas, a população do Vale tem que se deslocar para as plantações de cana e de laranja de São Paulo em certos períodos do ano. O estado deveria incentivar a real integração entre as atividades de monocultura e a economia Norte e Nordeste de Minas, de forma a mitigar a situação socioeconômica da região.

Falando um pouco da nossa região, a bacia do rio Santo Antônio, onde está localizada grande parte do município de Resende Costa, é referência na literatura em degradação ambiental devido aos processos erosivos (voçorocas) e vem nos últimos anos sofrendo significativo processo de transformação econômico-produtiva (“modernização”), principalmente com a expansão das plantações de eucalipto. Devido principalmente à topografia da região, que é ondulada e montanhosa, e ao alto preço das terras, o eucalipto, felizmente, ainda não se tornou uma monocultura. No entanto, nossa região precisa ser melhor estudada e entendida em uma perspectiva sistêmica e holística.

 

Adriano Valério Resende

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