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Árvores nas cidades: questão de saúde pública

22 de Janeiro de 2021, por Instituto Rio Santo Antônio

Árvores embelezam a praça Cel. Sousa Maia, Largo do Rosário, no centro de Resende Costa (foto: Divulgação)

Anna Médice Cordeiro*

Adriano Valério Resende**

Ter mais árvores na área urbana contribui para a saúde pública? Essa pergunta pode parecer óbvia, mas nem por isso é bem compreendida pelos poderes público e privado, tampouco pela população das cidades. Vários estudos demonstram a importância das árvores para a qualidade de vida nos centros urbanos. No entanto, nem sempre elas têm tido a atenção merecida.

Conforme definido em diversas cartilhas sobre arborização urbana, a mesma é entendida como toda vegetação que compõe a paisagem urbana. Em termos técnicos, a arborização urbana é dividida em áreas verdes (parques, bosques, praças e jardins) e arborização de vias públicas, o que se refere às árvores plantadas linearmente nas calçadas ao longo de ruas e avenidas. Por estar mais próxima da população urbana, a arborização de vias é a que mais sofre com a falta de planejamento dos órgãos públicos e a ausência de conscientização ambiental da parte dos moradores das cidades.

Praças e jardins são comuns nas cidades interioranas de Minas, apesar de muitas delas não possuírem áreas verdes em quantidade satisfatória. A preocupação legal com a disponibilização de espaços de uso comum é recente, veio com a promulgação da Lei Federal de parcelamento do solo urbano (Lei nº 6.766/1979). Nesse sentido, muitas cidades carecem dessas estruturas. Em Resende Costa, na área central da cidade existem algumas praças e jardins, bem cuidados por sinal, mas nos bairros há carência dos mesmos. Quanto às áreas verdes, temos o Horto Florestal (de propriedade do Estado) e o Parque Municipal Capoeira Nossa Senhora da Penha, que, conforme falamos em vários artigos publicados nesta coluna no JL, estão praticamente abandonados pelo poder público.

Quanto às árvores plantadas nas vias públicas, Resende Costa sofre do mesmo problema que outras pequenas cidades: nas ruas, os passeios (calçadas) são estreitos demais para as comportarem. Apenas nas avenidas principais veem-se árvores. Mesmo assim, em quantidade menor que o necessário para proporcionarem os benefícios desejados. Algumas espécies, inclusive, não são apropriadas para estarem em vias públicas.

Diante do questionamento sobre a contribuição das árvores para a saúde pública, podemos afirmar que elas são importantes por inúmeros motivos. As árvores podem tornar o clima das cidades mais agradável; dificultam a circulação de poluição; promovem o aumento da umidade do ar; melhoram o controle das chuvas e dificultam a erosão do solo; reduzem os níveis de ruído e diminuem as ilhas de calor, dentre outros benefícios. Com isso, várias doenças respiratórias podem ser evitadas ou os efeitos graves de doenças originadas pela exposição ao sol podem ser amenizados, como a insolação e o Lúpus. E o que pode surpreender alguns é que, segundo Marcos Buckeridge, professor de Botânica da USP, uma cidade arborizada reduz o índice de doenças depressivas.

Por outro lado, a derrubada de árvores acontece por diversos fatores: quando elas dificultarem o trânsito de pessoas e de veículos, por estarem velhas e com risco de caírem e, ainda, por ameaçarem o rompimento de calçadas e de paredes de residências. Tais consequências advêm principalmente da escolha imprópria da espécie e do manejo inadequado quando a árvore está adulta.

Nem toda espécie de árvore é conveniente que seja plantada nas calçadas das cidades. Antes do plantio, é necessário observar o porte da espécie, o seu enraizamento, a perenidade de suas folhas e os frutos. Outro fator importante a ser observado é a suscetibilidade à infestação de insetos e fungos.

Cabe destacar que a sustentabilidade, de forma geral, depende das esferas econômica, social, cultural, política e ambiental. Assim, para qualquer localidade que queira se tornar sustentável, é necessário que sejam respeitadas essas dimensões. Certamente, os estímulos para promover tal harmonização estão atrelados a noções de educação ambiental, conforme estabelecido pela Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9795/1999).

Por fim, para todo ambiente urbano, na lógica da sustentabilidade, é necessário que os elementos humanos (casas, prédios e ruas) estejam harmonizados com os elementos da natureza, de forma especial com as árvores, uma vez que elas são indispensáveis para a construção de um ambiente harmônico que oferece saúde à população.

*Aluna do Curso Técnico de Meio Ambiente – CEFET/MG.

**Professor - CEFET/MG.                                                            

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